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Artigo

Dengue. O perigo que ronda

30 de Janeiro de 2020 as 13h 58min

Há dois dias que sua vida está um  tormento. Até aquele dia tudo estava normal, Ela seguia sua rotina diária, trabalhando  e intercalando com os afazeres de casa. Até que na manhã daquela sexta feira, uma febre lhe tomou conta. As dores de cabeça e no corpo eram  insuportáveis.  Tinha a sensação de que  um trator havia-lhe passado sobre o corpo. Tocar nos olhos era um suplício. Os sabores das comidas haviam  se perdido e a água estava com um gosto estranho, sem  sabor.  Faziam uns cinco dias que a vizinha havia sido diagnosticada com  dengue. Começou apresentando os mesmos sintomas que o dela. O medo lhe rondava pois lembrou-se da sua sobrinha que havia sido internada por dengue hemorrágica.

Se as ações de saúde fossem semelhantes  às realizadas por Oswaldo Cruz no  começo do século XX, talvez o desfecho no combate ao mosquito Aedes aegypti e ao vírus da Dengue seriam maiormente eficazes. O ano de 1904 quando o então médico sanitarista assume a diretoria do Departamento Nacional  de Saúde Pública, uma verdadeira revolução sanitária aconteceu no país. Claro que o desfecho,  era a Febre Amarela na época mas, o vilão transmissor era o mesmo.  Oswaldo Cruz, baseado  em suas convicções e assessorado por uma equipe obedientemente comprometida,  venceu a tudo  e a todos e em 1909, deixava o Rio de janeiro livre do Aedes. A Dengue foi considerada erradicada do país até ano  de 1957 porém alguns casos apareciam esporadicamente e, em 1982 reinicia uma Epidemia e Roraima. Em 1986, foi a vez do Rio de Janeiro novamente unidos a Alagoas e Ceará. Em 2006, o desastre se tornou nacional com  a “modernização” dos mosquitos sendo vetores de outras doenças e mantendo sua antiga transmissão da Dengue.

A dengue se não complicada, apresenta os sinais clássicos de febre, dor de cabeça, articulares, musculares, abdominal e  manchas vermelhas pelo corpo. Sem sinais de complicações, o  tratamento se faz com abundantes líquidos e analgésicos para dor.  As complicações no geral são de sangramentos por mucosas, dor abdominal intensa, vômitos persistentes e vertigem. A evolução para o choque apresenta aspectos obscuros como hipotensão repentina, pressão arterial convergente ( como 90 por 80) extremidades frias e pulso rápido.  As pessoas nesta fase, consideradas grupo D, em uma classificação começando pelo A, precisam de suporte em terapia intensiva.

Os hábitos culturais fazem toda uma diferença e, não possível controlar a dengue em lugares onde não existam Saneamento Básico, entendimento sobre não acumular água parada e, isolamento dos doentes para não serem alvo de transmissão dos mosquitos.  Talvez seria necessário outro Oswaldo Cruz um século depois. Como isso não é possível, ela seguirá padecendo em suas dores, febre e sua rejeição pelo sistema que vive. Pois o controle é praticamente difícil.  O que leva mais pessoas ao adoecimento e possíveis mortes.

Se Oswaldo Cruz fosse santo , eu diria: Rogai por nós.

Júlio Casé

Artigo

*Julio César Marques de Aquino (Júlio Casé) é médico de Família e Comunidade pela SMS- Sinop/MT. Professor de medicina de pela UFMT campus Sinop. Autor do livro “Receitas para a vida” pela editora Oiticica. Medico residente de Psiquiatria HMCL - SMS - São Paulo. Titular da cadeira número 35 da Academia Sinopense de Ciências e Letras cujo o patrono é o médico e escritor Moacyr Scliar. Contato: email: juliocasemed@gmail.com