Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Sexta Feira 29 de Março de 2024

Menu

Artigo

Qual é o poleiro de Guerra?

26 de Maio de 2019 as 13h 08min
Fonte: Jamerson Miléski

 

Há pelo menos duas eleições o nome de Felipe Guerra surge entre aqueles que pensam a política de Sinop. Advogado criminalista e professor de Direito respeitado, ex-presidente da OAB de Sinop e filho daquele que talvez seja o juiz que há mais tempo atua no município, Guerra tem um arcabouço intelectual e social que o qualifica como um dos cidadãos acima da curva média. Muitas pessoas que participam da política local sem rótulos e paixões partidárias, há tempos anseiam, visceralmente, ver o jovem ingressar nessa classe tão carente de boas biografias.

Se como catedrático e operador do Direito sobra inteligência e consistência para Felipe, não é possível dizer o mesmo quanto a suas decisões políticas. Independente das adversidades que por ventura tenham acontecido, a postura política de Guerra transborda indecisão e falta de firmeza. Em um político essas duas características são especialmente complicadas, porque não é possível saber qual é a cor do seu “cerne”.

Em um passado distante, a primeira inclinação política de Felipe foi o PT. Chegou a atuar como advogado do diretório municipal até 2015. Em 2016, no auge da polarização entre Dilma x Aécio, se converteu ao PSDB. A notícia foi comemorada, uma vez que Juarez Costa estava em vias de encerrar o seu segundo mandato e a cidade suplicava por novas lideranças – que jamais surgiriam dentro do PT, partido que em Sinop não “conversa” com a corrente ideológica da maioria.

Felipe chega ao tucanato com o status de pré-candidato a prefeito – o que era bastante natural. Guerra tinha peso e o PSDB ninguém além de Nilson Leitão, na época deputado federal e árvore frondosa que faz sombra em todo o partido.

A filiação gerou uma ansiedade de ver um nome novo, em um grupo que estava fora do poder há 8 anos, disputando a eleição para prefeito de Sinop contra a antiga vice de Juarez, Rosana Martinelli. Mas, como diz Bolsonaro, Felipe deu uma “fraquejada”.

Na reta final tirou o seu nome da disputa. O PSDB persistiu com o que tinha, o ex-vereador Fernando Assunção que virou vice do sempre candidato Roberto Dorner. Entre a vice de Juarez, o homem de chapéu e o duro Dalton Martini, Sinop escolheu Rosana.

A candidatura de Felipe em 2016 poderia ter mudado isso. Mesmo se perdesse, chegaria no próximo ano com capital político e um grupo. Ao invés disso, o advogado se retirou, ficando resignado a ser apenas um militante do PSDB.

Na eleição do ano passado, 2018, outra vez Felipe decidiu não ser candidato. Enquanto a onda Bolsonaro crescia em Mato Grosso e em Sinop, o advogado ficou quieto. Quando falou, pediu voto para o candidato a senador, Nilson Leitão. Pode ter sido um ato de fidelidade a sigla, mas também de uma burrice política sem tamanho. Tivesse ele abraçado o “Mito” durante a campanha, antes da eleição mostrar que quase 70% da população local apoiava o presidente, hoje Guerra seria um nome quase incontestável.

Faltou firmeza, sobrou indecisão. A campanha terminou, Mato Grosso elegeu Bolsonaro e quase todo mundo que usou o 17 e Felipe ficou vendo o bonde passar. Agora, com um certo atraso, ele decidiu entrar na onda: não na crista, mas na arrebentação.

Ele se filiou ao PSL, só em maio desse ano. De pronto, começou a convocar a população para ir às ruas hoje, domingo, no tal protesto em favor do presidente Jair Bolsonaro - cujas pautas remetem a ataques ao Congresso Nacional e até ao Supremo Tribunal Federal. A mobilização, que corre o país, é uma resposta da militância do presidente aos protestos realizados em defesa da Educação, contra o contingenciamento de verbas.

Por falta de “timing”, azar, inexperiência política ou covardia, Guerra não entrou no Bonde do Mito na hora certa e, agora, se atirou contra o comboio talvez no pior momento da febre Bolsonaro. Justamente quando a imagem do presidente começa a se desgastar é que Guerra entra no grupo. E com uma pauta dessas. Parece um looping.

Eu achava que Guerra não tinha “cheiro” do PSDB de Nilson Leitão. É como se ele tivesse calçando um sapato diferente do seu número. É uma impressão pessoal. Agora, eu também acho que Felipe não tem cheiro de Bolsonaro. Pode parecer inteligente aproveitar a popularidade do presidente para pavimentar a sua candidatura a prefeito – e muita gente no Estado está fazendo isso – mas se não houver familiaridade entre a pessoa e o discurso, a composição tende a parecer um Frankstein.

Particularmente eu adoraria ver Guerra disputando a eleição do próximo ano, almejando a prefeitura. Gostaria mais ainda se isso representasse a emersão de um novo grupo que não seja os tucanos de Leitão ou os descendentes de Juarez. Algo que trouxesse inovação para o cenário e nos desse outras opções para além dos velhos e desgastados candidatos.

Não sei se Guerra vai conseguir fazer isso nesse novo poleiro. Essa “beca” verde e amarela com detalhes de “arminha” não parece seu estilo.

 

 

Jamerson Miléski

O Observador