Falta boi
Em 6 meses, 7 frigoríficos fecharam em Mato Grosso
Cerca de 52% da capacidade de abate instalada no estado está em operação
Economia | 23 de Julho de 2015 as 11h 29min
Fonte: Jamerson Miléski
Mesmo com o maior rebanho bovino do país, Mato Grosso não tem gado suficiente para manter suas plantas frigoríficas em pleno funcionamento. Nos primeiros 6 meses de 2015, 7 unidades paralisaram suas atividades. Quem se manteve em operação reduziu o ritmo da produção.
É o que aponta o levantamento realizado pelo IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária). Segundo o instituto, a retração iniciou ainda em 2014, sendo apenas acentuada em 2015. O órgão informa que nos últimos 18 meses, 9 frigoríficos foram desativados no Estado. Isso significa que 64,3% da capacidade frigorífica do Mato Grosso está em operação. Mesmo as plantas em atividade reduziram sua capacidade de abate, operando com uma média de 51,9% da sua estrutura. “Isso ocorreu devido à redução do volume de abate, já que o total do primeiro semestre deste ano foi 16,15% menor que o do mesmo período de 2014. Esta redução foi resultante da baixa disponibilidade de animais prontos para o abate, tanto é que o estoque de machos acima de 24 meses foi o menor dos últimos 5 anos”, relatou o Imea.
Com a baixa oferta de animais, o preço da arroba dispara para as indústrias que tem dificuldade de repassar os mesmos custos para o varejo, que vem de sequenciais altas. Na ponta final está o consumidor, em um pré-anunciado ano de crise, que ao fazer as contas deixa o bife e opta pelo frango.
A falta de animais para abate ainda pode ser relacionada à crise de preços vivida pelos pecuaristas há 3 anos. A baixa na arroba do boi e o aumento dos custos fez com que muitos produtores descartassem as fêmeas do seu plantes, vendendo para o abate. O movimento interrompeu o ciclo da cria, recria e engorda, que precisa de um período de 2 anos entre o nascimento e o abate.
Em Sinop, a falta de matéria prima levou a paralisação do maior frigorífico estabelecido no município. Em junho, cerca de 700 funcionários foram dispensados ou colocados em férias coletivas. A planta industrial operava com uma capacidade de 500 bovinos abatidos por dia. Além de abastecer o mercado local e nacional, o frigorífico exportava sua produção, sendo habilitado nos mercados da África do Sul, Albânia, Argélia, Chile, Cingapura, Croácia, Egito, Emirados Árabes, Hong Kong, Irã, Maurício, Noruega, Peru, Rússia, Suíça, Venezuela, União Europeia, Bulgária, Macedônia, Nova Caledônia, Vietnã, Paraguai e Cuba. O frigorífico pertence a um grupo que conta com outras 3 plantas industriais, sendo duas no norte de Mato Grosso.
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