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Inovação

Comitiva de Sorriso vai ao Canadá conhecer incubadoras de tecnologia

Missão internacional busca informações e parcerias para instalação do Parque Tecnológico de Sorriso

Geral | 06 de Junho de 2016 as 09h 34min
Fonte: Jamerson Miléski

Maquete do projeto do Parque Tecnológico de Sorriso |

Um grupo de lideranças de Sorriso viaja, no próximo sábado (11), para o Canadá. A missão internacional terá duração de 8 dias e o objetivo é conhecer o funcionamento de Parques Tecnológicos e incubadoras de ciência no eixo agroalimentar instalados no país. A experiência do Canadá com esse tipo empreendimento contribuirá com o projeto do Parque Tecnológico Agroalimentar da cidade de Sorriso, em fase de instalação.

A comitiva é encabeçada pelo secretário de agricultura de Sorriso e diretor da Fundação criada para gerir o Parque Tecnológico, Afrânio Migliari. O grupo que viaja ao Canadá é composto por 5 pessoas. Além de Afrânio, estarão na comitiva o presidente do Sindicato Rural de Sorriso, Laércio Lenz, o vice-presidente da Aprosoja, Elso Pozzobom, o diretor do IFMT (Instituto Federal de Mato Grosso) em Sorriso, Carlos Câmara, e o vereador Hilton Polesello, que também faz parte do conselho consultivo da Fundação. O grupo sairá do Brasil no dia 11 de junho, com destino à cidade de Quebec, no Canadá. Serão 8 dias em solo canadense visitando centros de desenvolvimento de tecnologia, parques tecnológicos e fundações que costumam utilizar esses espaços para incubar pesquisas científicas voltadas ao mercado alimentar.

No dia 13 de junho a comitiva tem seu primeiro compromisso. Eles estarão reunidos com o Ministério de Relações Internacionais do governo de Quebec. Nesse encontro também estarão os representantes do Ministério da Agricultura, Alimentação e Pesca, e do Ministério da Economia e Inovação Científica. O objetivo é conhecer as políticas de relações internacionais do Quebec e estabelecer contatos institucionais que poderão dar suporte aos termos de cooperação firmados entre as províncias.

Ainda no dia 13 a comitiva visita o Parque Tecnológico do Quebec Metropolitano. Considerado uma estrutura modelo no Canadá e no mundo, o parque abriga 100 empresas e centros de pesquisa. São aproximadamente 5,2 mil cientistas e pesquisadores desenvolvendo tecnologias em um mesmo espaço. É uma versão “mega” do que Sorriso vem planejando. O Parque Metropolitano de Quebec foi implantado no ano de 1988 em uma iniciativa muito similar ao projeto de Sorriso, motivado pelo poder municipal local, universidades e empresas. Nessa visita os membros da Fundação poderão ver como funciona um parque tecnológico de ponta, os modelos de gestão e padrões estabelecidos, além de conhecer uma incubadora de tecnologia agroindustrial. A AG BioCentre fica dentro do parque metropolitano do Quebec e atua como um espaço para que cientistas possam desenvolver pesquisas voltadas a manipulação de produtos agroindustriais – mais uma vez, a pretensão de Sorriso.

No dia 14 a equipe vai para Saint-Anne-de-la-Pocatière, uma espécie de distrito na província de Quebec. Eles irão conhecer o CDBQ (Centro de Desenvolvimento Bioalimentar do Quebec). Trata-se de uma unidade de desenvolvimento de tecnologia com incubadoras de empresas no ramo de Bio-food, campos experimentais com teste de culturas e um complexo de aprimoramento para produção de bebidas fermentadas, como o vinho. O parque foi implantado por lideranças comunitárias, que investiram 10 milhões de dólares para sua viabilização. Ele foi fundado em 1995 e no momento um dos principais campos de pesquisa e desenvolvimento é a produção de suínos. Em fevereiro de 2016, o CDBQ comemorou o lançamento no mercado do YULIFE, uma bebida energética cuja matriz tecnológica foi desenvolvida dentro do centro. O Yulife é a primeira bebida energética do mundo livre de cafeína, açúcar e conservantes. É basicamente um “Red Bull” saudável. A bebida foi formulada através de pesquisas com o fruto da Hippophae, planta conhecida como “Espinheiro Marítimo”, uma espécie que tolera a presença de sal no solo e na água, se desenvolvendo bem em climas de muito sol. O fruto da Hippophae é pequeno, abundante, rico em vitamina C mas com um sabor que o torna pouco palatável ao consumidor. A pesquisa encontrou uma forma do público geral consumir esse produto. Qualquer semelhança com a soja não é mera coincidência.

No dia 15 de junho a comitiva vai para Saint-Hyacinthe, cidade do Quebec, para conhecer a “Technopole” do município. Nesse local há um parque que faz parte da rede mundial de Biotecnologia. De toda a missão internacional, essa é que Afrânio tem mais expectativas. Segundo o secretário existem possibilidades reais sair desse encontro com um termo de cooperação entre O parque tecnológico de Sorriso e a Technopole de Saint-Hyacinthe. “O nosso guia e consultor, contratado para fazer o assessoramento do Parque, mantém contato com vários centros de pesquisa do mundo, promovendo um intercâmbio tecnológico. Com essa Technopole ele já viabilizou diversos termos de cooperação”, afirma Afrânio.

Além de realizar pesquisas e encubar tecnologias, a Technopole opera como uma grande espaço de negócios. Um dos exemplos é a empresa Mareiwa inc, uma empresa especializada na torrefação de café Premium, instalada dentro do centro. A Mareiwa compra grãos de café verdes pré-selecionados da Colômbia e aplica um processo de maturação e torra especial em sua unidade. O produto final é vendido em embalagens de 250 e 454 gramas: alto valor agregado.

O cronograma da comitiva conta com mais 4 visitas técnicas além dessas citadas. Conforme Afrânio, essas experiências irão orientar a implantação do Parque Tecnológico de Sorriso e possivelmente abrir conexões para intercâmbio de ciência, tecnologia e negócios. “O que estamos fazendo é colocar Sorriso com um pé lá fora, no mundo”, explica o secretário.

Outras missões similares a essa devem ser marcadas. O vizinho da América latina, Chile, e os europeus Espanha e França devem ser os próximos países a receberem as visitas dos sorrisense.

 

O projeto de Sorriso

O Parque Tecnológico de Sorriso nasce como uma iniciativa visionária do poder público, devidamente encampado pela iniciativa privada e universidades. A proposta é implantar um espaço destinado ao desenvolvimento de pesquisas e a criação de tecnologias voltadas para transformação dos principais produtos agrícolas da região. Não se trata de querer transformar soja em óleo ou milho em amido. O Parque Tecnológico será o “ninho” que irá incubar novas tecnologias do setor agroalimentar. De forma resumida: transformar sacas de soja em cápsulas.

A movimentação para instalação do Parque iniciou em 2014 quando a prefeitura municipal adquiriu uma área de 100 hectares, próxima ao aeroporto municipal, ao preço de R$ 10 milhões. Sobre o imóvel foi desenhado o conceito do Parque Tecnológico, que reunirá universidades, um centro de pesquisas, uma incubadora de tecnologia e um espaço para uma grande feira de negócios.

A alma do projeto está no Centro Tecnológico. Segundo Migliari, o núcleo do Parque terá uma infraestrutura propícia para encubar o desenvolvimento de tecnologias. Além da parte administrativa, esse espaço contará com auditórios, salas de reuniões e laboratórios. Salas, como uma espécie de ‘box’, serão colocados a disposição de empresas de pesquisa para que façam seus ensaios dentro do Parque Tecnológico. “O Centro de Tecnologia será o espaço para pesquisas dirigidas, com um propósito finalista. Ou seja, são pesquisas que vão resultar em uma nova tecnologia e sair dessa incubadora como um negócio que irá se instalar no município”, explicou o secretário.

Embora tenha surgido pelo impulso do poder público, o Parque Tecnológico terá gestão de iniciativa privada. Para isso foi criada a Fundação Sorriso, uma instituição de propósito específico, com CNPJ próprio, formada por entidades de classe e poder público, que irá conduzir a implantação do Parque.

Para orientar “por onde começa um parque”, a Fundação contratou uma empresa de consultoria especializada nesse tipo de empreendimento, responsável pela implantação do Parque Tecnológico da cidade de Cascavel, no Oeste do Paraná, estrutura que opera há mais de 10 anos. A visita aos centros de pesquisa no Canadá já é fruto dessa assessoria.

O Parque Tecnológico será voltado para pesquisa das principais commodities produzidas em Sorriso: soja, milho, feijão, algodão, peixes, suínos e aves. A lecitina de soja, a proteína sintetizada de peixes, as cápsulas feitas de cartilagem de frango e os emulsificadores a base de milho. É esse tipo de tecnologia que Sorriso espera desenvolver em seu Parque. Mas para isso é preciso fazer ciência.

Migliari afirma que existe uma procura internacional para o desenvolvimento de tecnologias no Brasil, utilizando as regiões produtivas como campo para as pesquisas. Essas empresas encontrarão em Sorriso o espaço para se instalar.

Toda a infraestrutura do Parque ainda precisa ser construída. A estimativa de gastos alcança a casa dos R$ 30 milhões. Um projeto elaborado pela administração municipal foi protocolado junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia em novembro de 2015, na tentativa de captar recursos para implantação.