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Especial

Conheça o rosto verdadeiro do homem que gritou independência

Reconstrução em 3D foi realizada pelo designer sinopense, Cícero Moraes

Geral | 07 de Setembro de 2018 as 08h 00min
Fonte: Redação

Hoje, 7 de setembro, fazem 196 anos que o Brasil declarou sua independência de Portugal. O homem que proferiu o grito é uma figura da história nacional, um filho da coroa que não quis voltar para pátria europeia. O rosto da independência, transcrito por gerações através de pinturas, estátuas e afrescos, agora pode ser contemplado não pelas concepções artísticas, mas pela forma que a ciência diz que foi.

O rosto real de Dom Pedro Primeiro é resultado da reconstrução forense realizada a partir do crânio preservado do imperador. Quem operou o procedimento foi o designer 3D de Sinop, Cícero Moraes – especialista nesse tipo de tarefa. A imagem gerada foi impressa em 3 dimensões, gerando um busto que foi tonalizado pela artista plástica, também de Sinop, Mari Bueno.

A peça foi entregue nessa quarta-feira (5), ao Museu Histórico Nacional (MHN), onde está em exposição. “É uma imagem do fim da vida de D. Pedro I, enquanto a maior parte das imagens que a gente conhece dele são anteriores, mais jovem”, explica o historiador e diretor do museu, Paulo Knauss. “Nestes tipos de imagens também existe sempre a concessão poética do pintor, escultor, e D. Pedro I não escapou desta diversidade de interpretações. O que temos aqui então é uma imagem menos imponente, que tenta representar D. Pedro I sem a solenidade tradicional, numa visão mais objetiva e menos dramática dele, do ponto de vista da antropologia forense, uma novidade de nosso tempo que sai do campo de medicina para o dos estudos históricos. Não é que ela seja melhor ou pior do que as outras, e sim mais uma versão possível dentro da plêiade de imagens que configuram esta extraordinária personagem, talvez uma das mais representadas de nossa História”, completa.

A imagem foi reconstruída por Cícero a partir das fotos do crânio de Dom Pedro. As imagens foram colhidas pelo fotógrafo Maurício de Paiva quando da exumação de seu corpo para pesquisa liderada pela historiadora e arqueóloga Valdirene do Carmo Ambiel, da Universidade de São Paulo (USP), em 2012.

Cícero Moraes garante que não enfeitou o imperador. “Foi um processo estritamente científico, seguindo protocolos rigorosos”, afirmou.

O busto é uma doação do advogado e hagiólogo José Luís Lira, patrocinador do projeto que adquiriu os direitos da foto do crânio de Maurício de Paiva. Professor da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), no Ceará, Lira é conhecido pelos seus estudos sobre a biografia de santos católicos e já tinha trabalhado com Moraes na reconstituição facial de alguns deles, como Santa Maria Madalena, Santa Paulina, São Valentim e São Sidônio de Aix.

Segundo Lira, mesmo sendo uma personagem histórica cuja imagem é de domínio público, ele também buscou obter autorização da família imperial para fazer a reconstituição, o que acabou se mostrando uma fonte de informações importantes para garantir sua fidelidade. “E isso acabou sendo importante pelas informações que eles deram que ajudaram na reconstituição”, destacou.

Cícero e Lira com Príncipe D. Bertrand

Exemplo disso, diz Lira, é o nariz levemente torto do busto impresso, resultado de acidente que resultou em sua quebra perto do fim da vida de D. Pedro I. “Perguntei delicadamente a D. Bertrand (de Orléans e Bragança, atual Príncipe Imperial do Brasil) sobre o nariz de D. Pedro, que tinha visto relatos de ser torto, e ele disse que era sim, resultado de uma queda que levou, de cavalo ou charrete”, lembra. “Segundo ele, é uma história que todo mundo sabe dentro da família, mas que os livros de História não registram e quase ninguém sabe fora dela”, completou.

Várias imagens foram produzidas do rosto real de Dom Pedro a partir da reconstrução. Elas podem ser facilmente encontradas na internet.