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Sinop

Estado notifica empresa pela má qualidade da comida servida no presídio

Empresa recebe R$ 4,1 milhões por ano para garantir a alimentação dos presos e servidores

Geral | 28 de Julho de 2015 as 17h 21min
Fonte: Jamerson Miléski

A empresa W.R Araújo & Cia Ltda, mais conhecida como Cozinha Brasileira, tem 5 dias úteis para justificar as falhas no fornecimento da alimentação para os presos e servidores públicos lotados na Penitenciária Ferrugem, em Sinop. A comunicação foi feita através de ofício (032/2015) pela Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos, expedida na segunda-feira (27). Segundo o coordenador de serviços de alimentação da secretaria, Riad Fares, a empresa vem descumprindo com várias cláusulas do contrato firmado com o Estado.

Esse é a segunda vez que a empresa é notificada este ano por não cumprir o contrato com o Estado. A primeira foi em março de 2015, pelo departamento de aquisições e contratos. Na notificação desta segunda-feira, a secretaria de Justiça aponta a má qualidade da alimentação servida e a não instalação do refeitório para os servidores do presídio.

A W.R Araújo & Cia é uma empresa de Tangará da Serra. Em Sinop funciona no mesmo endereço da empresa Hotel e Restaurante Londres Ltda, responsável pelo serviço de alimentação no Ferrugem até 2013.

O contrato com o Estado para o presídio de Sinop tem o valor de R$ 4,1 milhões por ano. Valor que corresponde ao fornecimento de 3 refeições por dia para 780 presos, mais os agentes carcerários que trabalham na unidade. Isso significa que a empresa recebe mais de R$ 11 mil por dia para alimentar os presos.

Em abril desse ano a TV Capital produziu uma reportagem sobre as condições dos alimentos fornecidos pela Cozinha Brasileira aos detentos e servidores. A matéria relatava a queixa dos agentes penitenciários quanto a qualidade, o número de refeições abaixo do necessário e a forma com que vinham acondicionadas. Pelo contrato, a alimentação deve ser servida em embalagens do tipo “marmitex” e não era o que estava acontecendo. No mesmo dia, presos ameaçaram fazer uma rebelião alegando que a comida que recebiam chegava “azeda” (estragada).

A partir da comunicação a empresa tem 5 dias para se manifestar e apresentar as justificativas. Independente do mérito ou não dos presos, a Cozinha Brasileira recebe para fornecer comida de qualidade. O GC Notícias tentou entrar em contato com a empresa mas não teve sucesso.

 

Comparando as comidas

Quem come melhor: os presos, os índios ou os alunos?

O Ministério da Saúde gastou em 2014 o equivalente a R$ 870 mil para alimentar os índios da CASAI (Casa de Apoio da Saúde do Índio) de Sinop. São 5 refeições diárias: café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia. A Casai abriga uma média de 80 a 100 pessoas. Com a carga máxima (500 refeições) o custo unitário é de R$ 4,76.

O custo médio de cada refeição no Ferrugem é de R$ 3,15. Os índios também tem uma refeição a mais. Durante um dia um preso gasta com comida R$ 9,47. Um índio gasta R$ 23,83.

A diferença é ainda mais gritante se os valores forem comparados com a merenda escolar. Conforme os dados do departamento de merenda escolar da secretaria de Educação de Sinop, a prefeitura gasta cerca de R$ 6,7 milhões ao ano com a alimentação fornecida nas escolas. O valor corresponde ao fornecimento de alimentação para 13 mil alunos, sendo duas refeições por dia. O custo médio da merenda escolar por aluno foi de R$ 2,57 por dia.