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Sinop

Falha no cronograma atrasa usina em um ano e gera prejuízo estimado em R$ 100 milhões

CES perdeu a janela hídrica para desvio do rio, atrasando o início das operações em 12 meses

Geral | 23 de Fevereiro de 2017 as 19h 30min
Fonte: Jamerson Miléski

As turbinas da UHE Sinop (Usina Hidrelétrica Sinop), não irão começar a gerar energia em janeiro de 2018, conforme previa o cronograma da CES (Companhia Energética Sinop). A empresa responsável pela execução do empreendimento já admite um atraso de pelo menos 12 meses na conclusão da obra e início da produção energética.

O novo cronograma foi exposto pelos diretores da CES, durante a coletiva de imprensa realizada no canteiro de obras da usina na quarta-feira (22). A companhia passou a trabalhar com a previsão para início da geração de energia em dezembro de 2018.

A mudança no cronograma foi forçada. Pela programação inicial, a CES faria o desvio do rio entre julho e setembro de 2016 – período conhecido como “janela hídrica”, em que o leito está mais baixo em função da estação de seca. O processo de desvio do rio Teles Pires consiste em abrir os canais que levam às adufas (grandes estruturas de concreto, com aberturas na parte baixa da barragem), forçando a água por gravidade e por barramento físico, a seguir um outro curso, que não seja a calha natural do rio. Com o desvio feito, a companhia tem condições de executar as obras na margem esquerda do rio, onde será erguida uma barragem de concreto.

Segundo o diretor de engenharia da CES, Gustavo Vasconcelos, o desvio do rio “seria uma operação mais segura com um menor volume de água”, considerado que 2016 teve o menor volume de chuva da década. “É possível fazer o desvio mesmo fora dessa janela hídrica, só que a operação se torna mais custosa”, explicou.

A falha no cronograma principal dessa obra estimada inicialmente em R$ 1,9 bilhão e revisada em fevereiro de 2017 para R$ 2,6 bilhões, coincide com a substituição da maior parte da diretoria da CES. Ricardo Padilha, que assumiu o posto de diretor de meio ambiente em outubro de 2016, afirma que os dois episódios não tem correlação direta. Segundo Padilha, os processos de licenciamento ambiental que envolveram a operação de desvio do Rio Teles Pires não tramitaram a tempo dentro da Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente). O diretor explica que para fazer o processo de desvio, a empreiteira precisa ter acesso aos materiais (argila, terra, cascalho), que são extraídos das jazidas existentes na própria área. “Cada um desses processos demanda de uma licença ambiental, que precisa ser expedida pela Sema. Esses licenciamentos não ficaram prontos dentro do prazo esperado, que era nesse período da janela hídrica”, ressaltou o diretor.

Padilha afirmou que a nova diretoria mudou a forma de operar junto a Sema, passando a dar mais suporte para os técnicos que fazem parte da entidade – que são os servidores que avaliam de fato os projetos. “Hoje dois expedientes da semana meus são dentro da Sema em Cuiabá”, revelou. “Nossa principal preocupação tem sido em dar o subsídio técnico necessário aos servidores para que os projetos tenham sua tramitação normal. O convencimento precisa ser técnico”, completou.

Só para se ter uma ideia, alguns processos referente a Supressão Vegetal (retirada da vegetação nas áreas que serão alagadas), tramitaram por 14 meses dentro da Sema até serem liberados.

Pelo novo cronograma da CES, o desvio do curso do Teles Pires será feito entre maio a julho de 2017. A partir desse momento inicia a construção da barragem de enrocamento e terra, que conecta o empreendimento à margem esquerda do rio. A previsão da CES é de começar o enchimento do reservatório em setembro de 2018 e a geração de energia em dezembro do mesmo ano.

Conforme o diretor de engenharia, o impacto do atraso não foi maior porque as equipes dispostas no canteiro de obras foram aproveitadas para adiantar as obras em concreto, na área de montagem e na casa de força. O diretor de meio ambiente disse que a CES ainda não fez um cálculo oficial do prejuízo causado pela falha no cronograma e na dilatação do prazo em 12 meses para o início da geração de energia. Em uma estimativa “a olho”, Padilha fala em um prejuízo na casa dos R$ 100 milhões.

Do lei leilão de concessão da UHE Sinop realizado em agosto de 2013 até fevereiro desse ano, a programação de custo do empreendimento já subiu R$ 700 milhões.

Ricardo Padilha, diretor de meio ambiente da CES