Homem picado por cobra em Sinop é transferido às pressas para Sorriso

Família alerta sobre o aumento de víboras na região do Cortado

Mais um caso de acidente com animal peçonhento foi registrado em Sinop nesse final de semana. Diego Toleto, de 32 anos, andava em uma picada, em uma propriedade rural, no último domingo (28), quando foi picado por uma cobra. Segundo o seu pai, Carlos Toledo, eles andavam em uma trilha larga quando uma víbora, que estava sobre um tronco caído, deu um bote longo, atingindo a mão do seu filho.

A cobra foi identificada como sendo da espécie surucucu, também conhecida na região como Pico de Jaca. Diego foi encaminhado às pressas pela família para o Hospital Santo Antônio, mas a unidade não contava com estoques de soro antiofídico. O paciente foi então conduzido para o Hospital Regional de Sinop, que é a referência para esse tipo de acidentes. Mas também não havia o soro necessário para o tratamento em estoque.

De acordo com a direção do Hospital Regional de Sinop, Diego precisava receber o soro antilaquético, eficaz contra o veneno de cobras da família das surucucus. No entanto, não havia esse tipo de soro especificamente na unidade. Por isso, Diego foi transferido para o Hospital Regional de Sorriso.

Segundo o pai da vítima, em Sorriso ele recebeu o tratamento necessário e não corre risco de morte. O acidente com a víbora foi na região do Cortado, próximo ao Rio Teles Pires, local frequentado por campistas, banhistas e pelo pessoal que faz trilha de moto. Inclusive, o acidente foi em uma dessas trilhas usadas pelos ralizeiros. “Essa é a quarta vez nas últimas semanas que encontramos esse tipo de cobra na região”, alerta Carlos. Segundo ele, o encontro com cobras e outros animais peçonhentos tem sido mais intenso nos últimos dias na região do Cortado.

Alerta feito, o GC Notícias entrou em contato com o Pólo Regional de Saúde, em Sinop, responsável pela distribuição do Soro Antiofídico nas unidades. De acordo com Francisca Teixeira, diretora do Polo Regional, há em estoque hoje, terça-feira (28), 18 ampolas de soro antibotrópico, ministrado no caso de picada de jararaca e 54 ampolas de soro anticrotálico usado no caso de picadas de serpentes da família das cascavéis. Também há no estoque 5 ampolas de soro antielapídido, para acidentes com cobra Coral.

No Brasil, de acordo com os dados do Ministério da Saúde, cerca de 20 mil pessoas foram picadas por cobra em 2017. O país possui 256 espécies de cobras catalogadas, sendo que 70 são peçonhentas (capazes de inocular veneno). Apenas 3 laboratórios produzem o soro antiofídico:  o Instituto Butantã, o Instituto Ezequiel Dias e o Instituto Vital Brazil. Toda a produção é comprada pelo Governo Federal e distribuída para os Hospitais em todo Brasil. Ainda assim, é comum ocorrer falta de soro nos estoques.

Em 2017, Marilene Freitas Cervantes, de 62 anos, morreu após ser picada por uma cobra em um sítio em Sinop. Não havia soro antiofídico no município e ela foi transferida para Sorriso. Depois de 4 dias internada na UTI, veio a óbito.