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Sinop

Hospital Regional fecha UTI’s para novos pacientes

Com dificuldades financeiras, Hospital começa a esvaziar os leitos de UTI

Geral | 08 de Maio de 2017 as 18h 20min
Fonte: Jamerson Miléski

A Fundação de Saúde Comunitária de Sinop, gestora do Hospital Regional do município, iniciou o processo de paralisação das atividades dos leitos de UTI. A medida está sendo tomada de forma gradual. Há uma semana a direção parou de admitir novos pacientes na unidade de tratamento intensivo, mantendo apenas aqueles que já estavam internados. Quando todos receberem alta, a unidade será paralisada.

Segundo o diretor técnico do Hospital, Leandro Rodrigues da Silva, não há mais condições técnicas de manter a operação dos leitos. Devido ao atraso no repasse de recursos para a Fundação, o Hospital não tem mais condições de adquirir os materiais e medicamentos para o funcionamento da UTI. O Hospital opera com 10 leitos de UTI adulto e mais 10 leitos de UTI pediátrica. Em julho de 2015, quando o contrato com a empresa que administra as UTI’s do Regional foi firmado, o custo por leito/dia era de R$ 1,7 mil.

O custo alto de operação e a ausência de repasses do Estado gerou um colapso financeiro na Fundação Santo Antônio. Segundo o diretor administrativo, Wellington Randal, a Fundação vem assumindo as dívidas para não paralisar os serviços de Saúde ao longo dos últimos meses. “Nesse momento não conseguimos mais absorver esse prejuízo”, afirmou Randal.

O diretor alega que o Estado deve cerca de R$ 22 milhões à instituição. Randal disse ainda que os atrasos são crônicos e o pagamento pelos serviços prestados é parcial. Desde fevereiro de 2016 a Fundação recebe apenas uma parte do valor que deveria.

A restrição no funcionamento do Hospital não atingiu apenas os leitos de UTI. Na última quinta-feira (4), a direção do Regional encaminhou um oficio para os gestores da UPA (Unidade de Pronto Atendimento). O documento diz que a partir dessa data o Hospital não receberá mais pacientes encaminhados pela UPA. Casos mais graves, que exijam cirurgia ou internação de pacientes terão que ser encaminhados para outras unidades. O motivo foi falta de recursos. Um documento similar já havia sido emitido pela direção do Hospital em março desse ano.

O impacto da redução nas operações do Hospital Regional de Sinop sobre a saúde pública do município é imediato. Segundo Marcelo Klemente, secretário interino de saúde de Sinop, todos os casos graves estão sendo conduzidos para outros hospitais públicos, que são poucos, distantes e com dificuldade de conseguir vagas. Como “medida tampão” a UPA está utilizando 2 respiradores e 2 monitores multiparâmetros, performando dois leitos de UTI improvisados. Nesse momento é o único dispositivo da saúde pública de Sinop para os casos mais graves. Nesta segunda-feira, a prefeitura emitiu uma nota informando a população do problema e avisando que a UPA terá problema de superlotação.

 

O que diz o Estado

O GC Notícias encaminhou um e-mail para secretaria estadual de Saúde relatando a situação. De acordo com o governo do Estado, o valor que a Fundação alega estar pendente nos processos é de R$ 13 milhões , referentes a diferenças entre a prestação de serviços e o valores pagos entre fevereiro a agosto de 2016. “A documentação enviada à Secretaria Estadual de Saúde, necessária para a prestação de contas, está sendo analisada e auditada. Como a prestação de contas está incompleta, o próprio diretor da fundação pediu que o prazo fosse prorrogado por mais 90 dias”, afirma a secretaria.

No dia 31 de janeiro o diretor da Fundação, Wellington Randal, encaminhou o oficio 008/2017, onde solicitou mais 90 dias para concluir a prestação de contas do Hospital entre fevereiro a dezembro de 2016. Esse prazo expirou no final de abril. A secretaria está começando a avaliar esse processo agora. Logo, o valor que a Fundação alega ter à receber ainda não foi “conferido”.

Ainda na nota o Governo do Estado afirma que os recursos referentes às competências a partir de setembro de 2016 foram transferidos para a fundação que tem a responsabilidade de fazer os pagamentos. “Neste ano de 2017, todos os processos enviados à SES de janeiro a março de 2017 foram quitados. Os processos do mês de abril que já chegaram à SES estão sendo auditados para que os pagamentos sejam feitos”, informou a assessoria da Secretaria Estadual de Saúde.

Os levantamentos feitos pelo Governo do Estado mostram que de janeiro a dezembro de 2016 o valor transferido para a fundação foi de R$ 44.463.843,05. Em 2017, de janeiro a abril já foram transferidos R$ 13.872.879,05, perfazendo um total de R$ 58.336.722,10 – média de R$ 3,8 milhões por mês. Para o Estado, o valor que resta a pagar referente a 2016 é de R$ 666,6 mil e neste ano de 2017 estão ainda pendentes R$ 1,4 milhão correspondentes ao mês de abril.

Sobre a paralisação das UTI’s, a secretaria diz que para atender os pacientes em estado grave foram disponibilizados leitos de UTI no hospital Municipal São Lucas de Lucas do Rio Verde e também no hospital regional de Sorriso.

O Estado não soube informar qual é a atual demanda média de pacientes no Hospital Regional de Sinop. 

Ofício encaminhado pela Fundação pedindo mais 90 dias para entregar a prestação de contas