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Sinop

Hospital Regional opera com metade da capacidade provocando superlotação na UPA

Unidade está com 25 pacientes internados e 16 que deveriam estar em um leito hospitalar

Geral | 09 de Março de 2018 as 12h 09min
Fonte: Jamerson Miléski

Pelo menos 16 pessoas internadas na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Sinop aguardam por uma vaga para serem transferidas para o Hospital Regional. A unidade, criada para atender urgências de média complexidade, foi convertida em um hospital de emergência. Na tarde desta quinta-feira (8), 25 pacientes estavam internados na UPA – um número duas vezes maior do que o recomendado.

A superlotação é um efeito colateral da redução da capacidade de atendimento do Hospital Regional de Sinop. Essa é a avaliação do secretário adjunto de saúde do município, Gerson Danzer, e do prefeito em exercício, Gilson de Oliveira. Na tarde de ontem eles estiveram vistoriando a unidade, acompanhados de vereadores e imprensa. A visita foi um pedido dos médicos que operam na unidade, frente ao volume crescente de pacientes. Na recepção lotada da UPA, o prefeito parou para explicar a situação à população, pedindo paciência e compreensão. “Na UPA temos 140 profissionais. São 7 médicos atendendo continuamente, em sistema de plantões, para dar vazão aos atendimentos. Se fosse o fluxo normal, seriam o suficiente para atender a demanda. Mas o Hospital Regional está trabalhando com menos da metade da sua capacidade, o que tem estrangulado os atendimentos na UPA. O município está fazendo a sua parte, mas não depende só de nós. Se o Hospital Regional não der fluidez, mais pessoas poderão morrer por falta de atendimento”, declarou o prefeito.

A situação tem causado desespero na equipe médica. O GC Notícias conversou com os profissionais que relataram o como a demanda da saúde pública tem sido totalmente direcionada para a UPA. Segundo eles, a Unidade deveria internar pacientes por, no máximo, 24 horas. Seria o período de observação. Em casos positivos, o paciente receberia alta. Caso o quadro se agrave ou o paciente precise de mais tempo na observação, o correto seria transferir para um leito hospitalar. O que não tem ocorrido.

Pelo menos 16 pessoas aguardam internadas na UPA por vagas no Hospital Regional. São pacientes que precisam de cuidados aprimorados, que não podem ser ofertados na UPA. Na tarde de ontem, uma menina, de 3 anos de idade, com complicações pulmonares, teve que ser transferida para Cuiabá. O município custeou uma UTI-Móvel para fazer o transporte até a capital – despesa que deveria ter sido absorvida pelo Estado.

De acordo com o secretário adjunto de saúde, a estrutura do Hospital Regional de Sinop conta com 120 leitos. No entanto, apenas 55 pacientes estão internados. Isso ocorre porque o Estado, gestor do Hospital, firmou um contrato emergencial com o Instituto Gerir (OSS contratada), prevendo metade da capacidade operacional.

Outra situação narrada pelos médicos da UPA são os casos de pacientes que deveriam ser atendidos no Hospital Regional e que estão chegando até a unidade. Os relatos são de que pacientes em estado grave estão sendo levados pelo Corpo de Bombeiros até a UPA – quando na verdade o correto seria a internação imediata no Hospital. São fraturas expostas, insuficiências respiratórias e renais, traumas de crânio e outros que exigem cirurgia. A UPA não possui centro cirúrgico. Esses pacientes chegam, são atendidos na UPA de forma precária, ficando em uma internação “improvisada” até que uma vaga no Hospital Regional seja aberta. “Todo o sistema está com problema. Nós médicos estamos tentando fazer mais do que podemos, mas hoje, em Sinop, qualquer paciente que sofrer um acidente acaba vindo para a UPA. A estrutura e os profissionais estão sobrecarregados”, declarou o médico André Jorge de Oliveira.

Na manhã desta sexta-feira (9), o prefeito acompanhado de outras lideranças foi até o Hospital Regional, onde conversou com a equipe da Organização Social que administra a unidade hospitalar. A limitação nos atendimentos, conforme o prefeito, é uma imposição do Estado, estabelecida em contrato. Ou seja, apenas 55 leitos estão operando porque o contrato com o Estado assim determinou. “Agora vamos tentar, mais uma vez, mobilizar a gestão estadual para que faça sua parte, que amplie os atendimentos no Hospital Regional e ajude Sinop a superar essa situação de caos”, comentou Gilson.

 

Comparando

A UPA de Sinop custa aos cofres públicos cerca de R$ 2 milhões por mês. A unidade é administrada de forma terceirizada, através da Adesco, uma Oscip. A estrutura recebe em média 400 pacientes por dia, perfazendo cerca de 12 mil atendimentos por mês. Funciona 24 horas e tem sido a principal porta de entrada da saúde pública do município em casos de emergência ou fora do horário de funcionamento dos postos de saúde. A UPA existe para funcionar como um grande “pronto socorro”, recebendo pacientes, prestando atendimentos de média complexidade e encaminhando os casos mais graves para um Hospital. Por isso, sua estrutura conta com 4 leitos masculinos, 4 femininos e 4 pediátricos. Esses leitos são para observação, em que o paciente ficará por, no máximo, 24 horas. Na prática, essa ala hoje tem 25 pacientes (o dobro da capacidade instalada), com casos de pessoas internadas há mais de uma semana.

Enquanto a UPA de Sinop vira um Hospital, o Hospital Regional tem virado um pronto socorro. A unidade custa aos cofres públicos pouco mais de R$ 3 milhões por mês. Dinheiro que sai do Estado, que assim como Sinop também terceiriza a gestão. O prédio foi construído para abrigar 120 leitos, no entanto, apenas 55 estão em operação. O contrato prevê 3 mil atendimentos de urgência e emergência – um terço do total de atendimentos realizados pela UPA.

O contrato estabelecido com o Instituto Gerir pela SES/MT determina um volume de 2.648 pacientes por mês, sendo 1.028 referentes as UTI’s Adultos, Infantis e Neo-natais, 510 da clínica médica, 510 de cirurgia geral, 255 na pediatria e 255 na clínica cirúrgica das áreas de ortopedia e traumatologia.

O Hospital também tem como meta 1.300 atendimentos ambulatoriais (consultas “corriqueiras”). A conta inclui ainda 3 mil atendimentos de urgência e emergência e mais 270 procedimentos complementares, como exames que precisam ser feitos fora da unidade.

Para entender o que cobre esses R$ 3 milhões por mês que o Estado destina para o Hospital, a melhor forma é dividir por blocos. Os atendimentos de clínica hospitalar (UTI’s e outras internações) são o principal gasto: R$ 2 milhões. Para os atendimentos ambulatoriais o Estado repassa R$ 99,7 mil – cerca de R$ 76,00 por paciente. Os atendimentos de urgência e emergência – uma das principais demandas do Hospital – custam R$ 584,1 mil. Nesse grupo, o Estado também destina R$ 109,2 mil para exames e procedimentos e R$ 208 mil para aqueles exames complementares que precisam ser feitos fora da unidade.

A saúde feita pelo Estado é proporcionalmente mais cara, abaixo da capacidade instalada e não tem chegado perto de atender a demanda.