Feminicídio
Jovem que voltou do coma nunca teve morte cerebral
A confirmação foi dada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES)
Geral | 19 de Fevereiro de 2020 as 14h 43min
Fonte: Geovanna Klaus
A jovem Karina Souto, de 29 anos, vítima de feminicídio não teve morte cerebral. A confirmação foi dada nesta quarta-feira (19) pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Em nota a secretaria afirmou que o motivo dela ter acordado do coma, após uma possível declaração de morte encefálica não é verdadeira. Isso devido a um protocolo internacional que foi seguido.
“Todos os pacientes em Mato Grosso que são diagnosticados com morte encefálica passam por uma análise criteriosa da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), por meio da Central Estadual de Transplantes, o que afasta qualquer possibilidade de que um paciente possa retornar à vida”, diz trecho da nota da Secretaria.
A verificação de morte encefálica em Mato Grosso segue o estabelecido na Lei nº 9.434 de 1997, que determina que o diagnóstico de morte encefálica é de notificação compulsória, deve ser acompanhado e, sobretudo, validado pelo Estado.
A Central Estadual realiza esse serviço independentemente da doação de órgãos – isto é, após a notificação, a verificação do diagnóstico é feito em todo e qualquer caso.
Os critérios para esse diagnóstico são definidos pela Resolução do Conselho Federal de Medicina nº 2.173, de 2017. De acordo com a coordenadora da Central Estadual de Transplantes de Mato Grosso, Fabiana Molina, somente após cumprida e documentada todas essas etapas é que está confirmado o diagnóstico de morte encefálica.
“A Secretaria de Estado de Saúde atua no sentido de reforçar a seriedade na condução, nos registros e no controle do diagnóstico de morte encefálica, o que garante que todos tenham um diagnóstico de forma inequívoca, conforme estabelecido em Lei”, explica.
Veja os critérios para a confirmação do diagnóstico é obrigatório a realização mínima dos seguintes procedimentos:
- Dois exames clínicos que confirmem coma não perceptivo e ausência de função do tronco encefálico. Esses exames clínicos, cada um deles feito por um médico diferente, devem demonstrar de forma inequívoca a existência das seguintes condições: coma não perceptivo, ausência de reatividade supraespinhal manifestada pela ausência dos reflexos fotomotor, córneo-palpebral, oculocefálico, vestíbulo-calórico e de tosse;
- Teste de apneia que confirme ausência de movimentos respiratórios após estimulação máxima dos centros respiratórios. O teste deverá ser realizado uma única vez por um dos médicos responsáveis pelo exame clínico e deverá comprovar ausência de movimentos respiratórios na presença de hipercapnia (PaCO2 superior a 55mmHg);
- Exame complementar que comprove ausência de atividade encefálica. Este exame deve comprovar de forma inequívoca uma das condições: ausência de perfusão sanguínea encefálica, ausência de atividade metabólica encefálica ou ausência de atividade elétrica encefálica. A obtenção de confirmação documental dessas condições deverá ser feita por meio da realização de um dos seguintes exames: Angiografia Cerebral; Eletroencefalograma; Doppler Transcraniano e Cintilografia.
Versão do pai:
De acordo com o pai da vítima, a morte cerebral da jovem foi informada por um profissional do Hospital Municipal. No dia seguinte, uma enfermeira havia recebido a ordem médica para desligar os aparelhos, porém ele acordou segundos antes.
"Ela [enfermeira] ficou um tempo de pé, meditando, porque ela era nova, tinha uma vida pela frente, sabia da preocupação, e cantou um hino na mente", relatou o pai da vítima, José Rocha Cardoso, 56 anos.
Morte da jovem
A tentativa de feminicídio seguida de suicídio ocorreu no sábado (1º), no bairro Santa Mônica, em Nova Xavantina- MT. Segundo testemunhas, por volta de 12h45, um grupo de amigos conversava nos fundos de uma residência, quando Baltazar Augusto chegou e iniciou uma discussão com a ex-namorada.
Baltazar não aceitava o fim da relação de aproximadamente quatro anos e queria retomar o namoro. Ela não aceitou o pedido e devolveu um colar a Baltazar. Quando foi guardar o objeto no carro, o homem pegou uma arma e deu três tiros na vítima. Na sequência, deu um tiro na própria cabeça e morreu no local.
Karina foi socorrida encaminhada para Barra do Garças em estado grave. No dia seguinte, teria a morte cerebral constatada e dois dias depois, reagiu. Uma enfermeira havia recebido a ordem médica para desligar os aparelhos, mas a jovem acordou segundos antes.
A vítima morreu na tarde desta terça-feira (18), após permanecer internada por 17 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Municipal de Barra do Garças.(Com informações Olhar Direto).
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