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Sinop

Lobby joga IFMT para área há 8 km do centro de Sinop

Câmara precisa autorizar a doação do terreno para a nova sede do Instituto

Geral | 12 de Junho de 2018 as 18h 22min
Fonte: Jamerson Miléski

O IFMT de Sinop (Instituto Federal de Mato Grosso), que hoje fica no centro da cidade, em breve poderá ter a sua sede definitiva na borda do perímetro urbano, há 8 quilômetros da sua atual localização. A escolha do local onde será construída a escola técnica pública foi feita pelos diretores do IFMT, acatada pela prefeitura de Sinop e, agora, cabe à Câmara de vereadores referendar a decisão.

Os dois projetos de lei 027 e 028/2018, para a doação de dois terrenos para o IFMT, foram encaminhados para Câmara no dia 5 de junho. Eles devem ser apresentados nas reuniões das comissões competentes na próxima quinta-feira (14), para então entrarem na pauta de votação. Esses projetos destinam para o IFMT duas áreas limítrofes, uma com 45,3 mil metros quadrados e outra com 9,9 mil metros quadrados, totalizando 55 mil metros quadrados.

O imóvel que a prefeitura pretende doar para o Instituto fica no Residencial Iguatemí, um loteamento que ainda não foi aberto, que ainda precisa ser aprovado pelo município, localizado próximo ao cruzamento da Estrada Selene com Estrada Cláudia. O terreno fica há 8km de distância da catedral, tendo como ponto de referência mais próximo os fundos do Residencial Daury Riva.

A doação parte de um lobby feito pela empresa MCK Empreendimentos Imobiliários. A empresa, proprietária da área onde será implementado o Residencial Iguatemi, procurou a direção do IFMT, ainda no final de 2017, oferecendo um terreno para a instalação da sede própria do instituto. É o que revela a diretora do campus avançado do IFMT de Sinop, Gilma Chitarra. “Desde agosto de 2015, quando iniciamos as atividades do IFMT em Sinop, procuramos um terreno para viabilizar a construção da sede própria. Depois de 3 anos e algumas promessas, essa empresa nos fez uma oferta”, comenta Chitarra.

A área que o município pretende doar para o IFMT não sairá do patrimônio da MCK. O que o projeto de lei propõe é que a empresa antecipará esse imóvel a título de compensação para as áreas institucionais dos seus futuros empreendimentos imobiliários. Por lei, todo novo loteamento precisa transmitir para o poder público 6% da sua área total. São as chamadas “áreas institucionais”, onde o município instalará os aparelhos públicos, como escolas, praças, creches e postos de saúde. Com esse projeto, a área que a MCK destinará para o IFMT servirá de “crédito” em áreas institucionais.

Antes do IFMT aceitar a área da MCK, outras foram oferecidas pelo município. De acordo com Paulo Abreu, diretor do Prodeurbes, a prefeitura ofereceu outras 4 opções para o instituto. A maior delas, com 5 hectares, no Residencial Paris, vizinho do Aquarela das Artes, onde está sendo erguida a nova sede da Unemat e da Fasipe. Além desta, a gestão ofereceu também uma área de 3 hectares na Avenida Bruno Martini (de propriedade de Gilmar Pavesi), próximo a Fasipe, uma no projeto de loteamento Asa Norte (Dalton Martini) e uma última na estrada Alzira com Estrada Jacinta, onde será aberto um novo loteamento por uma empresa de Sorriso.

A diretora do IFMT disse que o tamanho da área pesou na escolha. No entanto, entre o terreno no Residencial Paris, de 5 hectares, e o imóvel da MCK, com 5,5 hectares, o que decidiu foi o “muro”. “A empresa se comprometeu, em contrato, a construir o muro em torno do terreno do IFMT. Só isso já reduz bastante o custo de construção”, revelou Chitarra.

A prefeita Rosana Martinelli (PR), e o Prodeurbes apenas se ativeram a escolha dos diretores do IFMT, aceitando o lobby feito pela MCK.

 

Questão de espaço

Segundo Chitarra, o terreno é o ponto de partida para dar início ao processo de construção da sede própria do IFMT. Ainda não existe orçamento para essa finalidade. A função do projeto é, justamente, mobilizar recursos.

Uma das possibilidades, conforme a diretora, é utilizar o mesmo projeto das sedes implantadas em Sorriso, Alta Floresta e Primavera do Leste. A vantagem é que estes projetos já estão pagos. A outra possibilidade é elaborar um projeto próprio. “Nesse caso, a intenção é fazer um projeto voltado a sustentabilidade, com energia fotovoltaica e coleta de água da chuva”, explica.

Em Sorriso, o IFMT recebeu uma área de 4,7 hectares. O projeto completo previa uma área total construída de 4,3 mil metros quadrados. Na área pretendida pelo Instituto em Sinop seria possível “copiar” esse projeto de Sorriso ou elaborar um novo. “Sem a construção em dois pavimentos, como é em Sorriso, poderíamos reduzir custos”, acredita Chitarra.

A diretora estima que sejam necessários R$ 13 milhões e 4 anos de obras para concluir a sede do IFMT de Sinop. A sede própria daria condições do Instituto Técnico expandir a sua atuação. Atualmente o IFMT Sinop tem 425 alunos, de diferentes localidades, e 20 professores. O ingresso dos estudantes na instituição acontece através de processo seletivo, uma espécie de vestibular, em que os melhores colocados tem acesso às vagas. O ponto forte do IFMT é o ensino médio em tempo integral, com formação técnica.

Diferente das escolas públicas, o IFMT não conta com o serviço de transporte escolar. Caso a Câmara autorize a doação do terreno e o IFMT faça a sua sede, alunos que moram no grande São Cristóvão e sonham em ingressar no instituto, terão que percorrer 16 quilômetros de suas casas até a escola.

 

Contrapontos

O vereador Adenilson Rocha (PSDB), foi com a equipe do GC Notícias na manhã desta terça-feira (12), até a área que a prefeitura pretende doar para o IFMT. O convite também foi estendido ao vereador Hedvaldo Costa (PR). Após a visita à área, Adenilson procurou a diretora do IFMT para discutir sobre o projeto que tramita na Câmara.

Adenilson se mostrou preocupado com a escolha feita pelo Instituto. O vereador vê a região do Vila Mariana, Grande São Cristóvão e Sebastião de Matos ficando cada vez mais desassistida dos aparelhos públicos. Para ele, as principais estruturas estão se fixando no eixo Norte da Avenida André Maggi, citando como exemplo a UPA 24h. Adenilson disse que não é contrário a doação de uma área para o IFMT, mas acredita que, pela importância do instituto, esse imóvel deveria ser melhor localizado. “Acredito que no futuro, quando for construir o prédio, o IFMT terá problemas de infraestrutura nesse local, como internet, telefone e talvez rede elétrica. É distante e isolado”, comentou o vereador.

O vereador Ícaro Severo (PSDB), disse que pretende avaliar o projeto e emitir um parecer técnico. O vereador já adotou essa postura em outros projetos anteriores de doações de áreas públicas institucionais de forma antecipada, como por exemplo para o futuro fórum de Sinop. Naquele projeto, o entendimento do vereador foi contrário a votação, acreditando que a simples destinação da área, sem um processo licitatório ou de disputa entre todos os loteadores interessados, beneficiou um empreendimento. “O que eu percebi até o momento é que pela matricula, no cartório, ainda não há a autorização para implantação do loteamento onde fica essa área”, pontuou Ícaro.

O GC Notícias não questionou outros vereadores sobre o projeto.