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Sinop

Malásia envia doutores para aprender design forense em Sinop

Objetivo é utilizar a técnica de reconstrução facial para reconhecer pessoas mortas no tsunami

Geral | 22 de Agosto de 2019 as 14h 24min
Fonte: Jamerson Miléski

Foto: GC Notícias

O Ministério da Saúde da Malásia – país localizado no sudeste asiático – busca em Sinop o conhecimento necessário para revelar quem são os mais de 300 crânios não identificados ao longo de 30 anos. O órgão enviou para o município dois de seus doutores: um médico e um especialista em Tecnologia da Informação.

Eles atravessaram o globo terrestre, voando por mais de 18 mil quilômetros, para fazer um curso de reconstrução facial com o designer 3D, Cícero Moraes. Dr. Mohamad Aznool e o dr. Asrul Fahmi chegaram na quarta-feira (21) em Sinop e passarão 5 dias no município em um curso intensivo.

Segundo Aznool, um dos problemas enfrentados pelo Ministério da Saúde da Malásia é o reconhecimento de cadáveres encontrados ao longo do território. São mais de 300 crânios encontrados ao longo dos últimos 30 anos sem qualquer informação de quem eram essas pessoas. Na outra ponta do problema estão familiares de pessoas que desapareceram e nunca encerraram a busca.

Parte desses corpos recolhidos, conta Aznool, são vítimas dos dois últimos tsunamis que atingiram o país – em 2014 e em 2018. A Malásia é um país insular, com duas porções de terra separadas por um oceano. Além disso, o país tem fronteira seca com a Indonésia e a Tailândia. “Há crânios encontrados ao longo dos últimos 30 anos que possivelmente são pessoas que tentaram fazer a migração clandestina, ou para Malásia, ou para fora dela. Essas pessoas acabaram morrendo e não há qualquer informação que ajude a encontrar seus familiares”, explicou o doutor.

Tanto as vítimas dos tsunamis, quanto os imigrantes ilegais, esses cadáveres não costumam portar documentos de identidade. Daí a dificuldade. Na expectativa de facilitar o reconhecimento de quem eram essas pessoas em vida – e a posterior identificação dos corpos – o Ministério da Saúde vai fazer a reconstrução facial forense a partir desses crânios. É ai que entra o sinopense Cícero Moraes.

Quando começaram a buscar especialistas no assunto, os doutores da Malásia se depararam com o designer brasileiro. Sua reputação, de fazer reconstrução facial de santos católicos mortos há séculos, mas também dos programas de medicina e investigação forense que desenvolveu, atraiu a atenção dos alunos. “Foram alguns meses conversando até que eles decidiram fazer o curso”, revela Cícero.

O curso é basicamente a utilização dos protocolos que Cícero desenvolveu para fazer a reconstrução facial a partir do Blender – um software de computador livre. “Como o programa é gratuito, essa equipe da Malásia achou vantajoso gastar com o curso e formação dos profissionais”, pontuou Cícero.

Com o conhecimento repassado pelo designer de Sinop, os profissionais do Ministério da Saúde da Malásia vão poder dar um rosto aos mais de 300 crânios resgatados pelo departamento de antropologia. Dessa forma, terão uma “foto” dessas pessoas para ser divulgada. Assim, com carne e osso “digital”, o reconhecimento desses corpos será mais fácil.