Turismo ecológico
MT tem potencial para desenvolver turismo de observação de aves
Geral | 22 de Abril de 2016 as 11h 48min
Fonte: Luciana Cury - Gcom-MT
Com quase duas mil espécies de pássaros catalogadas, o Brasil é o segundo país do mundo em diversidade de aves, ficando atrás somente da Colômbia. Essa posição coloca o País como um importante roteiro no turismo de observação de aves, ou birdwatching como é conhecido. Pouco divulgada no Brasil, a prática de viajar para observar aves é bastante comum em países da América do Norte e tem cada vez mais atraído novos adeptos. Com uma área de 900 mil km², sendo 60% dela preservada, Mato Grosso é apontado por especialistas como um Estado propício para a atividade.
Durante a Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIT Pantanal), em andamento desde quarta-feira (20.04), no Centro de Eventos do Pantanal, em Cuiabá, os praticantes de observação de aves em seu habitat natural defenderam a criação de um roteiro para essa atividade no estado, abrangendo o Pantanal, Chapada dos Guimarães e a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) do Rio Cristalino, em Alta Floresta.
Nesse último destino, a atividade já é desenvolvida há mais de 10 anos e conhecida internacionalmente. A região conta com quase 600 espécies catalogadas, boa parte delas restrita à zona geográfica dos Rios Tapajós, Madeira e Xingu. “Lançamos aqui na Feira o livro Aves de Cristalino, do fotógrafo Edson Endrigo, que reúne 15 anos de imagens de riqueza visual, científica e comportamental das aves existentes na região do Cristalino Lodge, primeiro hotel de selva do sul da Amazônia, um dos melhores destinos para o birdwatching no Brasil, reconhecido inclusive mundialmente por receber o título internacional na categoria Preservação Ambiental”, explica a proprietária do hotel, Vitória da Riva Carvalho, um das participantes do tema ‘Oportunidades de Mato Grosso no valioso mundo das aves’, em debate durante a FIT.
A região do Pantanal mato-grossense possui 585 espécies de aves catalogadas e isso, segundo o ornitólogo Dalci Oliveira, um dos participantes do da roda de debates na FIT, atrai um número grande de turistas interessados na observação dessas espécies. “Observar as aves tem sido, cada vez mais, um grande atrativo para turistas do mundo inteiro e o Pantanal já é atualmente um roteiro para essa prática, porém ainda não recebeu a devida atenção para que o fortalecimento econômico da atividade de fato ocorra. Isso ocorrendo, o turismo no Estado dará um salto significativo e economicamente todos sairão ganhando”, comenta o professor da Universidade Federal de Mato Grosso, Dalci Oliveira.
Esse mesmo pensamento é defendido pela conselheira externa do Sebrae (RS), Roséli Nascimento. Presente na FIP, ela palestrou sobre a rentabilidade no turismo de observação de aves no Parque Nacional da Lagoa do Peixe, na cidade de Tavares (RS). O Parque tem 273 espécies de aves catalogadas, bem menos do que há no Pantanal, mas recebe anualmente centenas de cientistas, pesquisadores, estudantes e observadores de aves, que juntos, contribuem significativamente para a economia da região. “Se realizado corretamente, trata-se um turismo de baixo impacto no meio ambiente e que desperta consciência ecológica nas pessoas, e ao mesmo tempo gera emprego e renda”, comenta Roséli Nascimento.
Não se sabe quantos praticantes de 'birdwatching' existem no Brasil. Há apenas estimativas. De acordo Ministério do Turismo, 27% dos cinco milhões de estrangeiros que visitaram o Brasil em 2010 tinham como objetivo praticar atividades relacionadas à observação da natureza.
Com especialidade em observação de aves, o guia de turismo Giuliano Bernardon começou guiando estrangeiros. Destinos do Pantanal, da Amazônia (Manaus e Alta Floresta) e da Mata Atlântica estão entre os mais visitados, segundo o empresário e um dos palestrantes sobre o assunto na Feira Internacional do Pantanal. “Observar aves é relaxante e ao mesmo tempo estimulante. Desde criança me interessei em observar aves e hoje ganho a vida levando pessoas para ver de perto - e retratar – as mais diversas aves”, comenta.
Além da rodada de palestras sobre a observação de aves como rota turística e fomentadora de negócios, a FIT expôs a clínica fotográfica ‘Aves de Mato Grosso’, com a coordenação de Silvio Esgalha e nesta sexta-feira (22) realizou no Parque Mãe Bonifácia a observação de pássaros, com a ajuda de Giuliano Bernardon.
A Feira Internacional de Turismo do Pantanal (FIP) seguirá até o próximo domingo (24), das 18h às 22h. Durante os cinco dias de feira, a estimativa é de que mais de 100 mil pessoas passem pelo Centro de Eventos do Pantanal.
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