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Sinop

“Os médicos tiraram a oportunidade de salvar minha irmã”

Em desabafo na tribuna, vereador responsabiliza médicos pela morte da sua irmã

Geral | 13 de Março de 2018 as 16h 20min
Fonte: Jamerson Miléski

“O único problema que minha irmã teve foi cair na mão de que não tem um pingo de humanidade”. Essa foi uma das muitas falas carregadas que o vereador de Sinop, Adenilson Rocha (PSDB), fez durante a sessão da Câmara de vereadores dessa segunda-feira (12). O discurso pesado, em tom de desabafo, responsabilizou os médicos pelo óbito da sua irmã, Ivonete Firmino Rocha, de 40 anos. Ela morreu no dia 2 de março, horas depois de dar entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), em decorrência da evolução de uma embolia pulmonar.

O lamento de Adenilson em tribuna não foi como vereador, foi como ser humano. O vereador disse que a inércia do Estado e do município frente aos problemas da saúde pública é algo conhecido, mas que foi a frieza do atendimento médico que o revoltou. “Esses médicos tiraram a oportunidade da gente salvar a vida da minha irmã. Eles não tiveram a decência de falar: tire ela daqui que aqui ela não será salva. Não foi a estrutura, não foi o governador. Foi o médico”, criticou.

Ivonete havia sofrido um acidente de moto cerca de 60 dias antes da sua morte. Foi atendida no Hospital Regional, com uma fratura de tíbia (osso da canela). Fraturas dos membros inferiores são um quadro de risco para embolia pulmonar, uma vez que podem gerar coágulos ou o fluxo de fragmentos de gordura no sistema circulatório. Segundo Adenilson, um simples um anticoagulante poderia ter salvo sua irmã – mas em momento nenhum o medicamento foi prescrito.

A família conta que Ivonete teve uma recuperação complicada da cirurgia. Na quinta-feira, um dia antes da sua morte, ela procurou atendimento na UPA. O médico que a atendeu pediu alguns exames e a liberou. A paciente ainda foi atendida por um segundo médico, que reforçou o diagnóstico de uma possível embolia. Apesar do quadro, ela não foi internada. Na manhã do dia seguinte, Ivonete começou a passar mal, deu entrada na UPA, morrendo horas depois. “Como você coloca um médico cubano, formado na Venezuela para atender na urgência e emergência da UPA? O segundo médico estava de plantão há 36 horas. Sem condição. Tem médico que não sabe prescrever um medicamento certo. Alegam que não tem estrutura, mas o salário cai na conta deles todo mês. São monstros, sem um pingo de humanidade”, criticou Adenilson em tribuna. “Eu sei que existem profissionais sérios, mas 90% está na rede pública para ganhar dinheiro”, completou.

O vereador disse que buscará todas as formas existentes para responsabilizar os profissionais que, na sua avaliação, foram negligentes. Adenilson disse que já entrou com uma representação no Conselho Regional de Medicina e que entrará com uma ação judicial. A secretaria municipal de saúde instaurou uma sindicância para apurar o caso. “Se depender de mim esses médicos não vão clinicar nunca mais. Não quero que me tratem com pena ou com dó, mas como alguém que vai buscar condenar esses monstros. Eles merecem estar atrás das grades”, frisou.

Essa não é a primeira vez que a família Rocha perde um dos seus dentro de um hospital. No ano 2000, outra irmã de Adenilson faleceu em uma mesa de cirurgia. Segundo ele, o médico não se atentou que ela era diabética e não podia tomar determinado tipo de anestesia. “Até quando minha mãe vai ter que sentir a dor da perda de um filho por negligência?”, desabafou.

Embolia pulmonar, também conhecida como tromboembolismo pulmonar (TEP), é o bloqueio da artéria pulmonar ou de um de seus ramos. Geralmente, ocorre quando um trombo venoso (sangue coagulado de uma veia) se desloca de seu local de formação e viaja, ou emboliza, para o fornecimento sanguíneo arterial de um dos pulmões. Os sintomas podem incluir falta de ar, dor torácica na inspiração e tosse com sangue.