No alvo
Polícia Federal de Sinop emitiu 478 autorizações para compra de arma de fogo
Estatísticas mostram que 120 armas de fogo registradas foram “perdidas” em 2018
Geral | 31 de Janeiro de 2019 as 11h 18min
Fonte: Jamerson Miléski
No dia 15 de janeiros o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PSL), assinou o decreto que muda as regras para aquisição e posse de armas de fogo. A medida flexibiliza o acesso do cidadão comum à arma de fogo, um dos principais pilares de campanha do presidente.
O GC Notícias tratou de buscar as estatísticas locais sobre a aquisição e registro de armas de fogo antes da mudança das regras. Os dados foram fornecidos pela Delegacia da Polícia Federal em Sinop, órgão que fiscaliza e autoriza a compra e permissões de uso.
Em 2018, a PF de Sinop emitiu 478 autorizações para compra de arma de fogo, um pouco a menos que no ano anterior. Em 2017, a delegacia expediu 508 autorizações de compra. Todas as permissões de compra de 2018 foram para pessoas físicas. Em 2017, houve uma única autorização para pessoa jurídica.
A delegacia também fez a renovação de 806 registros de armas de fogo para pessoa física – 29 a mais que em 2017. Já os registros em nome de pessoas jurídicas (empresas), totalizaram 13 em 2017 e duas em 2018.
Segundo informações da Polícia Federal de Sinop, cerca de 12% dos pedidos de aquisição de armas no comércio foram indeferidos de maneira definitiva no âmbito administrativo. “Não podemos garantir, no entanto, que todas as autorizações de aquisições emitidas tenham resultado na efetivação da compra e posterior emissão do registro”, informou o departamento de comunicação da Polícia Federal.
Os dados oficiais mostram que 31 pessoas fizeram a transferência em 2018, passando o registro da sua arma para outra pessoa.
Quanto ao porte de arma – em que o cidadão está autorizado a portar arma em qualquer local – foram 22 processos aprovados pela Polícia Federal em 2018, contra apenas 12 em 2017.
Os números mostram que apesar do movimento armamentista, ainda existem sinopenses que preferem se desfazer da sua arma. A PF de Sinop registrou no ano passado a entrega espontânea de 15 armas. O procedimento é enquadrado na “Campanha do Desarmamento”, uma ação que começou no ano de 2004, estimulando a entrega voluntária de armas de fogo, com direito de indenização ao usuário. Em 2017 a delegacia recebeu 23 armas através da campanha do desarmamento.
A Polícia Federal não soube informar o total de armas de fogo “legais” existentes em Sinop na mão de cidadãos comuns, que não pertencem as forças de segurança pública. O GC Notícias entrou em contato com a superintendência do órgão, em Brasília, através do DARM (Divisão Nacional de Armas de Fogo), que declarou que as estatísticas por município não estão disponíveis.
Dado preocupante
Ao longo de 2018, a PF de Sinop registrou a perda de 120 armas de fogo legalmente registradas. Nesse registro estão as ocorrências de armas que foram roubadas, furtadas ou extraviadas. O número mostra que a cada 3 dias, uma arma legal é “perdida” em Sinop.
Armas x homicídios
As informações mais atualizadas sobre o número de mortes provocadas por armas de fogo em Sinop são do ano de 2016, presentes no Atlas da Violência 2018 – o mesmo documento utilizado pelo presidente Jair Bolsonaro, como parâmetro no novo decreto.
Conforme o Altas da Violência, Sinop tem uma taxa de 39,9 homicídios para cada 100 mil habitantes. Os 10 municípios mais violentos do país tem taxas superiores a 100 homicídios para cada grupo de 100 mil habitantes.
Em comparação com outras cidades do estado, Sinop é menos violenta que Cuiabá (40,8 homicídios por 100 mil habitantes), Rondonópolis (50,7) e Várzea Grande (52). No entanto, Sinop é mais violenta que o Rio de Janeiro, que tem uma taxa de 34,9 homicídios para cada 100 mil habitantes.
O Atlas da Violência não discrimina o número de mortes por arma de fogo por município. No entanto, há dados referentes aos Estados. Mato Grosso registrou em no ano de 2016, exatos 1.180 homicídios. Destes, 752 foram cometidos com arma de fogo – uma média de 2 vidas tiradas na bala por dia. O número é 51% maior que em 2006, quando a Campanha do Desarmamento atingiu seu ápice.
De forma geral, 63,7% dos homicídios registrados em Mato Grosso no ano de 2016 foram com o uso de arma de fogo.
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