Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Sábado 20 de Abril de 2024

Menu

Luz do Amanhã

Polícia começa o recrutamento de menores dentro das escolas

Projeto da Polícia Militar visa ampara menores de idade em situação de vulnerabilidade

Geral | 19 de Agosto de 2015 as 11h 54min
Fonte: Jamerson Miléski

| Assessoria

Dois policiais, dois membros do Conselho Tutelar e dois colaboradores de entidades de classe estão indo até às escolas de Sinop para “recrutar” crianças e jovens em situação de vulnerabilidade social e leva-los para dentro da Polícia Militar. Este é o começo do projeto Luz do Amanhã, uma iniciativa da secretaria estadual de Segurança Pública que visa prevenir o ingresso de adolescentes no mundo do crime.

O grupo faz parte da comissão responsável pela implantação do projeto em Sinop. Nas escolas eles apresentam o projeto para pais, professores e alunos de 12 a 17 anos, distribuindo fichas de inscrição. Nesse primeiro momento o programa será facultativo, mas a intenção futura da PM é poder “pinçar” para dentro do Luz do Amanhã aqueles adolescentes com forte condições de se tornarem menores infratores.

Após recolher todas as fichas de inscrição, o grupo fará uma seleção, primando pelo grau de vulnerabilidade de cada adolescente. São 120 vagas, sendo 60 no período matutino e 60 no vespertino.

A ideia é começar os trabalhos já no mês de setembro. O projeto vai colocar os menores de idade dentro da rotina militar dos batalhões, repassando o senso de disciplina, respeito e ordem. A iniciativa inclui práticas esportivas, atividades artísticas, culturais e de trabalhos manuais, como o cultivo de plantas e hortaliças. O adolescente frequenta o projeto no período oposto ao que estuda. A duração é de um ano.

 

O problema

Sinop é o principal “exportador” de delinquentes juvenis do Estado. Dos 129 adolescentes detidos no centro de ressocialização de menores infratores, em Cuiabá, 72 foram apreendidos na cidade de Sinop. Isso significa que o maior município do Norte do Estado ocupa 55% das vagas da “prisão para menores” em Cuiabá.

O centro de internação feito na cidade, inaugurado no primeiro semestre de 2013, também está lotado. São 12 vagas, mas não é incomum encontrar mais menores detidos, como no motim registrado em 2014, quando 18 infratores estavam na prisão provisória. Além de lotar o centro de internação local e também o da capital, ainda existem todos os dias casos de menores de idade presos e em seguida liberados por ordem judicial.

Para o comandante do batalhão da Polícia Militar de Sinop, major Gildázio Alves da Silva, as estatísticas locais tem feito a secretaria estadual de Segurança Pública levantar um questionamento: “O que vocês estão fazendo com o adolescente de Sinop?”. “Quando a cidade registra o maior número de menores infratores do estado é normal que a secretaria de segurança e a própria população levantem esse questionamento. Independente do que esteja sendo feito, está claro que não é o suficiente. Esse menor está entrando para o mundo do crime”, explica Gildázio.

Sinop possui 4 CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). São essas estruturas que deveriam diagnosticar as crianças e adolescentes que estão em situação de vulnerabilidade. Ou seja, aquelas cuja condição social ou familiar fará com que a sua “referência de vida” não seja o pai, a mãe ou os avós e sim o bandido conhecido do bairro. “Os Cras fazem um trabalho importante, mas não estão conseguindo salvar a todos. Existem alguns menores que as pessoas que fazem o trabalho no Cras não conseguem lidar. É com estes que a polícia vai mexer”, revela o comandante. “Estamos falando de casos em que os pais já não sabem como lidar com os filhos. Os assistentes sociais também não conseguem. A polícia militar vai tentar salva-lo da vida de crimes, acompanhando seu dia a dia e servindo de referência. Ou a PM adota ou o bandido vai adota-lo”, argumentou Gildazio.

A proposta integra o Plano Decenal de Segurança Pública. A intenção é que Sinop seja uma espécie de laboratório para o resto do Estado, apresentando uma nova política para lidar com o problema do delinquente juvenil.