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Operação Esdras

Policial muda farda para instalar câmera e gravar juiz

Geral | 28 de Setembro de 2017 as 15h 53min
Fonte: Redação

O corregedor-geral da Polícia Militar de Mato Grosso, coronel Carlos Eduardo Pinheiro da Silva, teria ordenado a troca do fardamento utilizado pelos policiais que atuam no órgão para não levantar suspeitas sobre um plano que tinha o objetivo de espionar o desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), Orlando Perri, relator da ação que apura a atuação de uma organização criminosa que realizava interceptações telefônicas ilegais no Estado. A informação consta no pedido que gerou a "Operação Esdras" feito pela delegada da Polícia Judiciária Civil (PJC), Ana Cristina Feldner, e autorizada pelo desembargador nesta quarta-feira (27).

Por conta da suspeita, foi expedido um mandado de condução coercitiva contra o coronel Carlos Eduardo Pinheiro da Silva.

A Corregedoria da PM utiliza dois fardamentos: um de instrução, empregado nas operações em campo, e outro de expediente e passeio, menos “rígido”, e que ao invés de coturno utiliza sapatos sociais, por exemplo. Porém, apenas o primeiro poderia ser adaptado para instalação de dispositivos que pudessem “gravar” Orlando Perri.

Com isto, o corregedor teria determinado que o setor passasse a usar o de instrução para facilitar a instalação do aparelho de gravação. “As circunstâncias indicam ainda que a periculosidade do grupo criminoso, aparentemente se espraia sobre a cúpula da gloriosa Polícia Militar do Estado de Mato Grosso. Estou a me referir à estranhíssima situação de o atual corregedor-geral da Polícia Militar, coronel Carlos Eduardo Pinheiro da Silva, um dia após a instalação do apetrecho espião na gandola do tenente coronel Soares, haver alterado a farda dos policiais com funções no órgão. Por que, de uma hora para outra, sem qualquer explicação, se o mudou para o de operações?”, questionou Orlando Perri.

O desembargador se refere a instalação de dispositivos na farda do tenente-coronel da PM José Henrique Costa Soares, cooptado pela suposta organização criminosa para tentar prejudicar Perri sob a ameaça da denúncia de que ele supostamente seria usuário de drogas. O grupo tinha a intenção de questionar a imparcialidade do magistrado e afastá-lo da relatoria da ação que investiga as interceptações telefônicas ilegais.

A possibilidade de implantação dos dispositivos foi analisada pelo sargento João Ricardo Soler. “A situação parece ter resposta no depoimento de Soares, que, revelando a exigência do grupo em obter imagens e áudios que pudessem comprometer ou colocar em dúvidas a imparcialidade deste relator, dele exigiu duas fardas, que seriam analisadas pelo sargento Soler, sobre qual melhor se acomodaria o aparelho espião. Por lazeira, o dispositivo somente pode ser instalado na farda de operações em razão da costura da outra e dos breves serem metálicos”, comenta.

Perri explica ainda que a utilização de uma farda incorreta pelos policiais caracterizaria a prática de “transgressão militar” e crime de desobediência – fato que motivou a mudança de regras nas vestimentas para não levantar suspeitas entre outros servidores do órgão ou mesmo dos próprios civis. “Na vida em caserna, o uso de fardamento diferente do determinado pelo comandante pode resultar na prática de transgressão militar, ou mesmo, do crime de desobediência, previsto no art. 301 do Código Penal Militar”, sintetiza.

A "Operação Esdras" cumpriu 15 mandados de busca e apreensão. Foram oito presos e um com condução coercitiva, que foi justamente o coronel Pinheiro.