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Sinop

Relatório aponta 18 mortes de crianças na UTI do Hospital Regional

Médico infectologista descartou a suspeita de uma superbactéria

Geral | 20 de Junho de 2016 as 16h 28min
Fonte: Jamerson Miléski

De 1º de janeiro até a primeira semana de junho, 18 crianças vieram a óbito na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), do Hospital Regional de Sinop – aproximadamente uma morte por semana em 2016. A informação está no relatório expedido pela Fundação de Saúde Comunitária de Sinop (Fundação Santo Antônio), entidade responsável pela gestão do Hospital.

Os óbitos infantis foram apurados por uma comissão interna composta por 3 médicos: Leandro Rodrigues, Diretor Técnico do Hospital; André Cruz, Responsável Técnico UTI Pediátrica; e Ricardo Franco, Infectologista Responsável Técnico da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH/HRS). A comissão avaliou as mortes de crianças entre 1º de janeiro e 8 de junho de 2016.

O relatório divide os óbitos em dois períodos, de acordo com a gestão da UTI Pediátrica. Conforme o documento, entre janeiro e o dia 14 de maio, foram registradas 16 mortes de crianças no Hospital. Nesse período a UTI Infantil e Pediátrica do Regional era terceirizada para a Pró-Clin, empresa especializada nesse tipo de serviço. O contrato firmado durante a intervenção na gestão do Hospital, em junho de 2015, foi rompido pela Fundação Santo Antônio. No período em que as UTI’s tiveram gestão direta da Fundação, entre 15 de maio e 8 de junho foram registrados 2 óbitos infantis.

Das 16 mortes ocorridas durante a gestão terceirizada da UTI, 7 foram de pacientes oriundos de outros municípios que chegaram na unidade com passagem por outros serviços de menor complexidade.

Os dois óbitos ocorridos durante a gestão da Fundação são melhor detalhado pelo relatório da comissão. Conforme o documento, a primeira morte foi de uma criança do município de Nova Mutum, que apresentou ausência de batimento cardíaco durante o trabalho de parto e deslocamento prematuro de placenta, evoluiu para parto cesárea de urgência e nascimento em parada cardíaca, sendo reanimado durante 15 minutos. O bebê sofreu duas novas paradas cardíacas com reanimação antes de chegar ao Hospital Regional de Sinop. O quadro evoluiu com insuficiência renal e necessidade de diálise peritoneal, com novas paradas cardiorrespiratórias de instabilidade hemodinâmica, chegando ao óbito em 20 de maio com diagnóstico de Asfixia Grave.

O segundo óbito foi de uma criança de 12 anos de idade encaminhado do município de Brasnorte, transportado com UTI aérea e diagnóstico “aberto”. Havia suspeita de dengue hemorrágica, Infecção pulmonar por H1N1 ou Hantavirose. A paciente apresentava instabilidade hemodinâmica já no transporte, chegou a UTI em estado gravíssimo já com suspeita de morte encefálica, no dia 24 de maio, às 16h20. Em 37 minutos veio a óbito por insuficiência respiratória, septicemia e pneumonia.

Segundo a comissão, o relatório foi encaminhado ao Ministério Público do Estado e ao Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso e à Auditoria Geral do Sistema Único de Saúde - SUS.

Desde o fim do contrato com a Pró-Clin, a UTI Neonatal e Pediátrica do Hospital Regional de Sinop, em 15 de maio, tem como médico responsável André Vieira da Cruz, intensivista pediátrico, com título de especialista na área.

 

Negativo para superbactéria

O Médico Infectologista, Ricardo Franco Pereira, do Serviço de Controle de Infecções do Hospital Regional, descartou qualquer suspeita de uma superbactéria na UTI do Regional. O alerta foi emitido por diversas mães que procuraram atendimento no Hospital e acabaram vendo seus filhos morrerem no leito de UTI, sem entender o motivo. A TV Capital entrevistou 4 mães que narraram suas angústias, externando a preocupação com a qualidade da UTI Infantil do Regional.

No relatório o médico infectologista assegura que não existe e não existiu nenhuma superbactéria. “De acordo com Parecer Técnico do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Regional de Sinop - SCIH/HRS, assinado pelo Médico Infectologista Dr. Ricardo Franco Pereira, emitido em 09/06/2016, consta que nunca foi positivado nenhum caso de germes multirresistentes (superbactéria) na UTI Neonatal e Pediátrica do Hospital Regional de Sinop”, relata o documento.

Com os exames negativos para germes multirresistentes fica oficialmente descartada a suspeita das mães.

 

Crianças morrendo: 39 em 4 meses

Os primeiros meses de 2016 apontam uma estatística assustadora: em Sinop, a cada 3 dias uma criança morre dentro dos hospitais. É o que aponta o SIM (Sistema de Informação de Mortalidade), órgão vinculado ao Ministério da Saúde que registra e investiga os óbitos.

Os números do SIM extrapolam as mortes registradas pela Comissão no Hospital Regional de Sinop e mostram que o problema é mais amplo. Nos 4 primeiros meses de 2016, o sistema registrou 14 mortes de crianças residentes em Sinop e 25 crianças de outras cidades que foram atendidas nas estruturas de Saúde do município. São 39 óbitos em 4 meses.

Dessas, apenas 3 são de crianças que residiam em Sinop e faleceram em hospitais de outras cidades (Cascavel, Cuiabá e Guarapuava). Conforme o SIM, 13 crianças morreram no Hospital Regional, 19 no Hospital Santo Antônio, 2 no Hospital Dois Pinheiros e 2 na UPA (Unidade de Pronto Atendimento).

Comparando os registros de 2016 com o mesmo período do ano passado, houve um aumento de 35% nos óbitos infantis na cidade de Sinop.