Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Quinta Feira 25 de Abril de 2024

Menu

Santa Revelação

Sinopense irá reconstruir a face de mais 3 santos

Dessa vez, ícones católicos que terão seus rostos revelados com tecnologia 3D são do Peru

Geral | 22 de Maio de 2015 as 16h 18min
Fonte: Jamerson Miléski

O designer 3D, Cícero Moraes irá empregar seu conhecimento e técnica para, mais uma vez, revelar as faces “santas” da igreja católica. Depois de reconstruir o rosto de Santo Antônio, Maria Madalena e São Sidônio, todos com crânios vindos da Europa, chegou a hora de revelar a face dos ícones católicos da América Latina.

Serão 3 santos que terão suas faces reconstruídas a partir do crânio preservado. Os ícones religiosos são nascidos e tiveram sua trajetória de vida no Peru, em meados de 1550, no início da formação do país, ainda como colônia espanhola. Os crânios dos 3 santos foram preservados em relíquias católicas reconhecidas e seladas pelo Vaticano.

E essa será a primeira vez que a equipe forense da qual Cícero faz parte irá romper as relíquias e ter contato direto com os restos mortais dos santos. Nas reconstruções anteriores a equipe realizou o trabalho a partir de escaneamento fotográfico. Agora, o doutor Paulo Miamoto irá exumar os ossos para fazer a captura das imagens.

A viagem para Lima, onde estão as relíquias católicas está marcada para agosto. Lá Miamoto fará a manipulação dos ossos, verificando inclusive a integridade de conservação das relíquias. Com os crânios fora do involucro ele fará o escaneamento fotográfico.

As imagens serão enviadas para Cícero. A partir das imagens o designer fará a projeção do crânio em 3 dimensões para então aplicar as técnicas de reconstrução, de acordo com as referências antropológicas que serão identificadas por Miamoto. “Nossa previsão é de que até setembro essas 3 imagens estejam reconstruídas”, revela Cícero.

Tudo depende do “apoio”. Assim como nos demais trabalhos, Cícero e Miamoto buscam patrocínios e colaborações de entusiastas do trabalho científico e religioso. A maioria das suas jornadas é bancada com o próprio bolso ou a colaboração de empresas. Não há recurso público de nenhuma esfera no processo. “Qualquer auxilio é bem vindo”, afirma Cícero.

 

Dois latinos e uma santa

A principal figura nesse trabalho dos 3 santos peruanos é Santa Rosa de Lima, a primeira mulher canonizada na América Latina e reconhecida como padroeira do continente. Nascida em 1586, Santa Rosa foi canonizada em 1671. Filha de uma família rica que empobreceu, Santa Rosa recebeu essa alcunha pela beleza e pelo ato de cultivar flores que eram comercializadas na feira, ajudando assim no sustento da casa. Tal atividade lhe rendeu o posto de padroeira dos floristas. A tradição católica atribui a Santa Rosa milagres em vida, como curas, conversões, propiciação das chuvas e até mesmo o impedimento da invasão de Lima pelos piratas holandeses em 1615.

O segundo santo peruano a ser revelado por Cícero é San Martinho de Porres. Filho de um nobre espanhol como uma africana alforriada, Martinho iniciou a carreira religiosa aos 15 anos de idade, enfrentando resistência devido a cor da sua pele. Ele exercia o ofício de cirurgião, dentista e barbeiro, tendo registros de atos de caridades em momentos de epidemias e relatos de cura através do toque. Foi canonizado só em 1962. “O crânio nos dará informações de quanto mestiços eram os traços desse santo e ajudará a entender um pouco da resistência que ele teve por querer seguir uma atividade até então exclusivamente europeia”, comenta Cícero.

O último crânio da lista é San Juan de Macias, nascido em 1585 e que evangelizou o Peru nos idos de 1600. Foi canonizado em 1975 pela igreja. São atribuídos a ele dois milagres em vida: a cura de um doente com um “caso fatal” de hérnia inguinal e a preservação da capela Nossa Senhora Rosário, em que Juan orava dentro, durante um forte terremoto que destruiu o entorno, com exceção do santuário onde estava.

O terceiro milagre reconhecido pela igreja foi após a sua morte, quando uma freira chamou seu nome e viu os suprimentos de trigo e arroz “verterem” de dentro dos potes. O milagre foi narrado como a multiplicação do arroz.