Ciência
Sinopense recria rosto de múmia egípcia achada no Brasil
Múmia Iret-Neferet está no acervo de um museu no interior do Rio Grande do Sul
Geral | 14 de Agosto de 2019 as 15h 22min
Fonte: Redação com Galileu
A múmia egípcia Iret-Neferet teve a imagem do seu rosto em vida reconstruída graças ao trabalho de Cícero Moraes, designer que reside no município de Sinop. Ele é conhecido mundialmente por seu trabalho recriando faces em 3D a partir de restos mortais — incluindo em seu portfólio uma série de santos católicos, como Santo Antônio.
Iret-Neferet é uma das duas únicas múmias egípcias restantes no Brasil – depois do incêndio do Museu Nacional. Ela foi identificada e datada no início de 2019 como resultado dos esforços de uma equipe de pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). O cadáver chegou ao Brasil na década de 1950 e está no acervo de um pequeno museu de Cerro Largo, cidade gaúcha com população estimada em 14 mil habitantes.
Hoje só se tem conhecimento de mais um exemplar de múmia egípcia no Brasil: Tothmea, guardada pelo Museu Egípcio Rosa Cruz de Curitiba (PR), que também teve sua face revela por Cícero.
Uma análise feita pelo método de radiocarbono conhecido como Carbono 14 revelou que a mulher tinha entre 42 e 43 anos. Além disso, foi possível identificar o período de vida dela como em algum momento entre 768 a.C e 476 a.C, ou seja, entre 2.495 e 2.787 anos atrás.
Considerando essas e outras informações, como sexo, ancestralidade e faixa etária de Iret-Neferet, Moraes pôde começar o trabalho de reconstrução do rosto da mulher. O especialista definiu marcadores para indicar a espessura de tecido mole do rosto, passando então para a reconstituição dos músculos e, finalmente, realizou a projeção do nariz, olhos e orelhas.
Todo o trabalho foi feito com base na literatura técnica da área forense: “Assim que as projeções são feitas, é iniciado o processo de escultura digital. Para finalizar, o rosto é então pigmentado, os cabelos inseridos e a indumentária modelada utilizando como referência os dados fornecidos pelo arqueólogo”, explicou Moraes, em comunicado.
O trabalho de designer que Cícero faz vai além de um “desenho”. Os ossos são utilizados como referencial para a construção das demais camadas de tecido mole, consumidos pelo tempo. As informações antropológicas norteiam a modelagem desses tecidos, bem como a idade do indivíduo e sua ancestralidade. O resultado final é uma aproximação quase exata da face que a múmia – ou qualquer crânio reconstruído – tinha em vida.
O feito ganhou destaque na Revista Galileu, de temática científica e circulação nacional.
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