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Transtornos mentais não são “frescura”, alerta psicóloga

Em Sinop, quem necessita de apoio pode procurar a unidade CAPS

Geral | 21 de Janeiro de 2019 as 16h 23min
Fonte: Assessoria

Depressão, auto-extermínio, síndrome do pânico, ansiedade, transtornos alimentares, esquizofrenia e transtorno afetivo bipolar. Nomes que designam alguns dos diversos transtornos mentais e doenças que, nos tempos atuais, afetam mais e mais pessoas, independentemente da classe social. Só no Brasil, a estimativa é que 23 milhões de pessoas passem por algum destes problemas, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).

O tema exige atenção, alerta a psicóloga Amanda Machado Maciel, também coordenadora do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Sinop. Embora a área da saúde mental tenha registrado avanço, sendo familiarizada à opinião pública, percepções que rotulam a doença e o transtorno mental como sinônimo de “frescura” não são raras de serem ouvidas. Um grave equívoco de interpretação que pode prejudicar a tomada de decisão e, inclusive, a vida de quem sofre dos problemas.

“Hoje as pessoas sofrem pressões no trabalho, em casa e em todo seu cotidiano. Com isso, gera-se um stress que pode avançar e se tornar até uma ansiedade generalizada”, explica a psicóloga. Conforme a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAN), são inúmeros os transtornos mentais e cada qual se apresenta de maneira distinta. Geralmente, diz a entidade, combinam “pensamentos, percepções, emoções e comportamento anormais”, que também podem afetar as relações com outras pessoas.

Dona Alzira Luciana de Oliveira conhece de perto esta realidade. Há dois anos ela foi diagnosticada com depressão bipolar em um grau agravado. Ela conta que o problema afetou sua rotina, desempenho nos afazeres diários e até mesmo no convívio social. Vítima do quadro, ela preferiu o isolamento à socialização.

“Eu me via em um obscuro, chorava muito, tinha medo de sair na rua, tinha medo de gente, cheguei a ver personagens imaginários que me chamavam. Naquela fase eu pensava apenas em suicídio, até cheguei a fazer três tentativas”, conta.

A vida de dona Alzira mudou depois que ela foi em busca de acompanhamento profissional. “Então eu fui até um postinho de saúde procurar ajuda médica e de lá fui encaminhada para o CAPS Sinop. Só então descobri a gravidade da minha situação”, conta.

No Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Sinop ela encontrou o apoio necessário e suporte. De lá para cá, passou a participar de rodas de conversas, grupos de terapias artísticas semanalmente e é assistida de perto pela equipe médica da unidade.

O CAPS é uma instituição pública e prevista dentro da Política Nacional de Saúde Mental, do Governo Federal. Sua coordenação, em âmbito Brasil, é do Ministério da Saúde e, nos municípios, estão vinculados às secretarias de Saúde. Sua missão é assistir pessoas com necessidade de tratamento e cuidado em diferentes eixos da saúde mental. O Centro é formado por profissionais multidisciplinares, a exemplo de psicólogos, psiquiatras, enfermeiros, entre outros.

Engana-se, adverte a coordenadora do CAPS Sinop, Amanda Maciel, que os Centros são “lugares de loucos” e até mesmo que os transtornos emocionais não precisam de tratamento médico, apenas de força de vontade e fé.

“Transtornos mentais não são frescura e todos estão sujeitos a precisarem da ajuda de um profissional em algum momento da vida, seja para reorganizar os pensamentos, retomar os caminhos que parecem perdidos e, assim, conseguir gerir a própria vida. Então é isso que o CAPS faz. Ele é um bom amigo que te estende à mão em momentos difíceis”, destaca.

Em Sinop, os munícipes que estão sujeitos aos diferentes transtornos, em situação de conflito mental, dependentes químicos e alcoólatras podem ser atendidos pelo Centro. Todos os pacientes têm à disposição uma equipe médica de dois psicólogos, dois psiquiatras, um psicopedagogo, um enfermeiro e três técnicos de enfermagem. Eles atendem desde uma simples consulta, até um tratamento mais avançado.

De acordo com a coordenadora, o ideal é que o cidadão seja encaminhado por um médico de uma unidade de saúde do município que, na maioria das vezes, é a Unidade Básica de Saúde (UBS’s), que está atuando em 23 pontos estratégicos do município. Ao serem avaliados por médicos e verificada a necessidade de acompanhamento psicológico ou psiquiátrico é feito o direcionamento ao CAPS. Em casos agravados a pessoa pode ir diretamente até o CAPS, que fica na Rua dos Mognos, no Condomínio de Chácaras Village, n° 400, entre segunda a sexta-feira, das 7h às 11h e das 13h às 17h.

Termômetro

Dados levantados pela equipe técnica do Centro de Atenção Psicossocial revelam a dimensão e proporção do trabalho executado na unidade. Somente em 2018, a média de atendimentos mensais chegou a 500 pessoas entre novos e antigos pacientes. Pelo menos 1.569 pacientes inseriram-se ao grupo que os especialistas chamam de “danos reduzidos”, ou seja, que engloba o contingente que passou pela série de acompanhamentos e cuidados na área de saúde mental, minimizando ou amenizando os reflexos da doença ou transtorno.

Para acompanhar a grande demanda durante todo 2018, o CAPS intensificou os trabalhos por meio das realizações de ações e projetos e, com isso, aproximou pacientes, familiares e a equipe de profissionais do Centro. Somente no último ano, a unidade ofertou diversas ações sociais, entre elas, a campanha Setembro Amarelo, que contou com o apoio das Unidades Básicas de Saúde (UBS), visando identificar quadros de ansiedade e depressão entre os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS).

À lista de outras ações também estiveram a 1° Caminhada da Saúde Mental, Festa Junina, passeio no circo e cinema. Entre os diversos grupos, o de hidroterapia ganhou destaque, por usar a água a favor do tratamento da mente e do corpo. A Oficina Culinária também influenciou no desenvolvimento dos pacientes, sendo uma fonte de renda própria para os assistidos. Na maioria das vezes, eles são dependentes de familiares ou de aposentadorias.

No balanço de atividades constam trabalhos desenvolvidos com outras instituições, como o Corpo de Bombeiros e as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do município. A meta de matriciamento (ação compartilhada) nas UBS´s também foi alcançada.

Para a coordenadora do CAPS, Amanda Machado Maciel, essa é uma forma de estreitar a comunicação e auxiliar os profissionais dessas unidades sobre a maneira de atenderem usuários da saúde mental. Para comemorar o sucesso de 2018, o CAPS promoveu uma confraternização, esta patrocinada por empresas privadas, sem nenhum custo para os pacientes.

“Tudo foi feito junto com a equipe. Eles ajudaram muito na realização de cada projeto. E já temos novos planos para este ano como, por exemplo, aumentar os grupos do CAPS, incluir outros novos, como para dependentes químicos, e um grupo de educação física, pois nossos pacientes sofrem com efeito dos medicamentos, passando a ter o sobrepeso em função do sedentarismo”, fala Amanda.

A unidade também deve contar com palestras por nutricionistas e, com isso, ajudar os pacientes a terem uma alimentação saudável.

Novos grupos passarão a serem estimulados a partir do mês de fevereiro.