UHE Sinop
Usina de Sinop abre a cancela do canteiro de obras
Empresa responsável pela construção do empreendimento apresenta andamento das obras in loco
Geral | 25 de Março de 2015 as 17h 45min
Fonte: Jamerson Miléski
Um ano após a emissão da Licença de Instalação, que autorizou o início das obras da Usina Hidrelétrica de Sinop, a empresa responsável pela execução abriu os portões do canteiro de obras do empreendimento. A apresentação foi realizada na manhã desta quarta-feira (25), em uma coletiva de imprensa, no local onde está sendo erguida a barragem.
Esta foi a primeira vez que o canteiro de obras foi aberto à imprensa local. Na presença de seus diretores, a CES (Companhia Energética de Sinop), que administra a execução, apresentou o andamento das obras e dos programas.
Localizada no Rio Teles Pires, nos territórios das cidades de Cláudia e Itaúba, a UHE Sinop fica a 70km do perímetro urbano de Sinop. As obras de engenharia foram terceirizadas para Construtora Triunfo, e é desta empresa que vem as informações mais “concretas” sobre o empreendimento.
Segundo o diretor de obras da Triunfo, Guilherme Georg, nesse momento estão sendo feitas as escavações na cabeceira da margem direita, onde inicia a barragem. Todas as estruturas de apoio, como britadeiras e concreteiras, estão instaladas e em pleno funcionamento. Alojamentos de funcionários, restaurantes, centros de saúde, escritórios e demais estruturas do complexo também estão concluídas. “Nesse momento mais de 874 pessoas trabalham diretamente na obra. A maior parte dessa mão de obra foi absorvida na região. No pico das obras, que deve ser em 2016, serão 3.150 funcionários”, explica o diretor de obras.
Com a equipe atual, a Triunfo tem uma despesa mensal de folha de pagamento entre R$ 3 a R$ 4 milhões, oscilando conforme as despesas e contratações. Conforme o diretor, como os operários são residentes, pelo menos durante o empreendimento, boa parte desse dinheiro acaba sendo injetado na economia local. Com esses valores, a média salarial de cada funcionário é de R$ 4 mil.
Cerca de 300 equipamentos pesados compõem o canteiro de obras da usina. São caminhões caçamba com capacidade de carga de 40 toneladas, abastecidos por retroescavadeiras de grande porte, capazes de içar até 6 toneladas por vez. “Cerca de 95% dos equipamentos são de propriedade da Triunfo. O restante são locados na região”, revela.
O que se vê no canteiro de obras da usina de Sinop é um gigante formigueiro, em que caminhões com quase 4 metros de altura tem a dimensão proporcional de um inseto. Maquinários, homens e explosivos utilizados para abrir a elevação do relevo na cabeceira da margem direita, rebaixando o solo até o nível do rio. Trabalho que está em estágio avançado.
A barragem, que fará a contensão de 3 bilhões de metros cúbicos de água, terá 41,5 metros de altura. Nessa estrutura, será instalada a casa de força, com duas turbinas Kepler, com capacidade para gerar 400 MW de potência (239,8 MW firme). Ao lado da casa de força, haverá um vertedouro, com capacidade de vazão na ordem de 6,7 mil metros cúbicos por segundo. O vertedouro dispensará apenas o excedente de água da barragem, que terá como função principal equalizar a vazão do Rio Teles Pires ao longo dos 4 outros empreendimentos energéticos instalados na sequência.
A água utilizada para gerar energia despencará de uma altura de 24,5 metros até atingir as turbinas. No lado oposto ao reservatório, o rio terá uma profundidade máxima de 8 metros, o que garante a possibilidade de navegação (como uma futura hidrovia). “O solo é predominantemente rochoso. A obra é desafiadora, pelo tamanho e curto espaço de tempo. Mas já existem obras executadas no mesmo complexo, ou seja, já é algo conhecido pela engenharia”, ressaltou Guilherme.
A previsão é de que em julho de 2016 inicie o procedimento de desvio do rio. O reservatório começará a encher em setembro de 2017. A geração de energia está marcada para o dia 1º de janeiro de 2018. A usina irá inundar uma área de 33,7 mil hectares, já contando a calha do rio. A maior parte, 59% da área inundada, fica no município de Sinop – por isso o nome da usina.
Indenizações
Segundo Cirlene Furini, coordenadora do departamento sócio-ambiental da UHE Sinop, o “Caderno de Preços”, deve ser oficialmente apresentado até o final do mês. “Ele já passou pela aprovação prévia da diretoria e alguns ajustes serão feitos”, revelou a coordenadora.
O Caderno de Preços traz os valores de referência de imóveis, áreas de terra, edificações e benfeitorias na região de influência da usina. É a partir dele que serão propostas as indenizações aos atingidos. “O caderno de preços traz os preços. Mais importante que ele serão os laudos de avaliação de cada propriedade, que trarão o valor final, caso por caso”, explicou. O Caderno de Preços é um documento público.
Segundo a CES, 1.040 propriedades serão indenizadas: 210 no assentamento da Gleba Mercedes, 60 no assentamento 12 de outubro (Cláudia), 400 referentes às chácaras em beira de rio e os demais produtores rurais. Segundo Edson Nunes, gerente do departamento de Meio Ambiente, ainda não foram definidos os critérios de indenização, determinando valores referentes a posse e ao domínio. “Sabemos dos problemas fundiários dessa região. Aqueles que tiverem lide judicial [discussão de propriedade na justiça], serão indenizados com o depósito em juízo. Mas todos os atingidos serão indenizados, de uma forma ou de outra”, ressaltou.
O empreendimento tem até setembro de 2017 para concluir os processos de indenização. Sem a conclusão desse procedimento, estará impedida de iniciar o enchimento do reservatório.
Caixa Preta
A CES abriu algumas informações sobre o seu empreendimento, mas outras deixou claro que não irá revelar. O valor total para implantação da UHE Sinop será de R$ 1,8 bilhão – mas não será revelado quanto disso será destinado às indenizações, aos programas ambientais ou as obras de engenharia propriamente ditas. “Não vamos desmembrar o orçamento nem informar as cifras mensais de desembolso para execução da obra. É uma decisão da empresa, que é privada e assim como muitas outras resguarda o seu sigilo sobre as informações financeiras”, declarou o diretor financeiro e administrativo da CES, Mauro Santos, respondendo aos questionamentos do GC Notícias.
Com isso não há a informação de quanto o empreendimento “gasta” por mês, nem no total, muito menos quanto fica na economia da região. Mauro afirma que tudo que é possível consumir da região está sendo comprado.
Também não há a informação de quanto a detentora da concessão pública vai destinar para indenizações e programas – nem o valor de fato que custa a construção de uma usina desse porte (obras de engenharia).
Confira as fotos e vídeos feitos pelo GC Notícias.
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