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Jovem cientista

Vencedora do concurso da Nasa ministrará palestra para servidores

Estudante de 18 anos almeja conseguir recursos para ir à agência espacial em setembro deste ano

Geral | 08 de Junho de 2016 as 09h 54min
Fonte: Eliana Bess - Seduc-MT

Vencedora do concurso da Nasa ministrará palestra para servidores | Foto: Assessoria Seduc-MT

“Uma aluna que precisava de uma oportunidade”. Esta foi a conclusão do secretário adjunto de Política Educacional da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc), Gilberto Fraga de Melo, ao conversar com a jovem Maria Gisllainny Bezerra da Silva, que sonha ser astronauta. Em visita à Seduc, na segunda-feira (06.06), ela foi convidada a ministrar uma palestra aos servidores da pasta e a visitar o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em Cuiabá. As datas do evento e da visita ainda serão agendadas.

A trajetória de luta da garota que, desde pequena alimenta o desejo de se tornar cosmonauta, mescla descrédito de professores, indiferença de colegas de escola e até mesmo falta de apoio dos pais. Tais situações, no entanto, não a fizeram abandonar seu objetivo. Aos 18 anos, ela almeja conseguir os recursos necessários para ir à Agência Nacional Americana (Nasa) em setembro deste ano, fato que considera um avanço na preparação para a tão sonhada viagem ao espaço, uma meta encarada como profissão.

Em 2015, graças a sensibilidade de uma professora que se intrigou, no bom sentido da palavra, em descobrir porque aquela garotinha era de poucos amigos, vivia encolhida na sala e sempre com um caderno debaixo do braço. “Até hoje ela me assusta com tanta informação. O normal é um professor ensinar em sala, mas foi o inverso, eu que aprendi com o nível de conhecimento dela. Sou professora de Matemática, mas leciono Física e ao terminar uma de minhas aulas, perguntei para Maria se gostaria de complementar. Para meu espanto, ela deu um show, desenhou o céu no quadro e abriu o leque de conhecimento que armazena. De tão interessados, os alunos até pediram para desligar os ventiladores para ouvirem melhor. Os colegas ficam em total silêncio quando ela começa a palestrar”, revela a professora Silvana Stoinski, que passou “a viver o sonho da Maria”.

Além do conteúdo, o secretário adjunto acredita que “a determinação dela é muito substancial”. Ele ressalta que o papel do professor em incentivar os alunos é fundamental para estas conquistas. “Tem muita gente ocultada por ações deliberadas por nós, professores, ou seja, por profissionais que não entendem porque aquela menina está encolhidinha. Se nós nos dispusermos a aprender dá nisso. A professora, no papel de mestre, viu o diferencial na menina e mais que isso, deu liberdade ao seu potencial”, frisa.

Gilberto Fraga também pondera que os professores estão (nós estamos, pontuou) acostumados a ver os alunos como sendo todos iguais, da mesma idade. “Não enxergamos a inteligência individual que resulta no que vemos agora, na Maria Gisllainny, que está em processo, porque não é o final. Isso porque ela sabe dimensionar as diferenças e enfrentá-las rumo às suas conquistas. O possível os normais fazem, você fez o melhor”, disse ele ao apontar para a garota.

Alguns objetivos a estudante e ‘pesquisadora espacial’ já atingiu. Um dos principais foi conhecer o astronauta brasileiro Marcos Pontes. Outro foi ter sido selecionada no concurso internacional de redação “Cassini – Cientista por um dia”, realizado pela Nasa, no qual apenas três estudantes foram selecionados. E foi nesta iniciativa que ela viu ampliarem os horizontes e, consequentemente, a possibilidade de ir à agência espacial.

 

Trajetória vitoriosa

Natural de Pernambuco, Maria foi trazida para Tangará da Serra (244 km de Cuiabá) com um ano de vida, quando seus pais vieram em busca de uma vida melhor. “Entendo perfeitamente, porque meu pai tinha que nos sustentar e minha mãe sempre achou meu sonho muito distante da nossa realidade, tanto que não alimentou essa ideia em mim”, comenta a menina, ao lembrar que recebia pouca atenção deles. “O incentivo que precisava veio da professora Silvana”, complementa.

Para Maria, escrever sempre foi uma tarefa prazerosa. Sempre anotava tudo o que descobria e passava as tardes na biblioteca. Trilhou um caminho que cada vez mais a excluía do convívio dos colegas, que a viam como uma ‘louca’. O desprezo a levou a um quadro de depressão profunda, que ela acabou vencendo pela determinação. “Sempre levava meus cadernos e mostrava meu projeto para os professores, mas só recebia não. Até entrar no Ensino Médio, em 2015. Foi aí que tudo deu um giro de 360º na minha vida e as pessoas passaram a me respeitar. Depois que me encontrei com Marcos Pontes, então, melhorou muito”, aponta.

O encontro foi durante a 12ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, organizado em Cuiabá pela Secretaria de Ciência e Tecnologia, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer (Seduc). “Eu não entendia porque os professores não incluíam astronomia nas matérias. É uma ciência fantástica, eu consigo colocá-la em tudo”, destaca Maria.

 

Integração do conhecimento

Gilberto Fraga destaca que o processo ensino-aprendizagem compreende ações conjuntas do professor e do aluno, onde estarão estimulados a assimilar, consciente e ativamente os conteúdos e aplicá-los de forma independente e criativa nas várias situações escolares e na vida prática. "O ato de ensinar e aprender não se pauta em somente o professor repassar a matéria e o aluno reproduzir mecanicamente o que absorveu". Sendo assim, ele frisa que o papel da professora Silvana foi decisivo para que as mudanças ocorressem na vida de Maria. “O reconhecimento está em justamente considerar o conhecimento”, acrescenta o secretário adjunto.

Silvana passou a organizar eventos juntamente com a estudante e a partir daí, muitas palestras foram surgindo. “Eu faço a abertura, mas a Maria é que faz a explanação”, explica, ao informar que a professora de Língua Portuguesa, Joselaine Oliveira dos Santos, também é uma parceira e incentivadora dos trabalhos. O assessor pedagógico de Tangará da Serra, Saulo Scariot, e a coordenadora pedagógica da Escola Estadual Professora Jada Torres, Dheimy Cristiana, acompanharam a visita à Seduc.

Gilberto Fraga encerrou o encontro de pouco mais de 40 minutos convencido de que a garota vai conseguir seus objetivos, primeiro de ir à Nasa, depois, num tempo um pouco maior, ser astronauta. “Parece longe, mas o universo está em você”, encorajou.