Mato Grosso
Vítimas de grampos em MT devem ser ouvidas em processo contra militares
Coronel e cabo da PM estão presos há nove meses.
Geral | 08 de Fevereiro de 2018 as 15h 43min
Fonte: G1 MT
O juiz Murilo Mesquita, substituto da 11ª Vara Militar de Cuiabá, inicia nesta sexta-feira (9), no Fórum da Capital, as audiências de instrução do Inquérito Policial Militar (IPM), que investiga o esquema de interceptações clandestinas em Mato Grosso.
Também deverão ser analisados na sexta-feira, os pedidos de revogação da prisão preventiva do ex-comandante geral da Polícia Militar, coronel Zaqueu Barbosa, e do cabo Gerson Correa Junior, que estão presos desde maio do ano passado.
Eles são apontados respectivamente como líder e operador do esquema. São os dois únicos acusados que ainda estão presos.
Na primeira audiência, estão previstas para serem ouvidas as vítimas do esquema e as testemunhas arroladas pela acusação. Posteriormente, devem ser ouvidas as testemunhas de defesa.
Além do cabo Gerson e do coronel Zaqueu, são réus o ex-secretário da Casa Militar, coronel Evandro Lesco, e o ex-adjunto da Casa Civil, coronel Ronelson Barros, e o tenente-coronel Januário Batista.
Eles respondem pelos crimes de ação militar ilícita, falsificação de documento, falsidade ideológica e prevaricação, previstos na Legislação Militar.
As audiências serão fechadas porque o processo tramita em segredo de justiça.
Caso os pedidos de soltura de Zaqueu e Gerson sejam acatados, eles poderão deixar a prisão depois de quase nove meses atrás das grades. O coronel Zaqueu Barbosa está preso no Bope e cabo Gerson, no Centro de Custódia da Capital, desde maio de 2017.
Na ação militar, além do magistrado, um conselho formado por militares da reserva também julga os réus. Os membros desse conselho foram definidos por sorteio feito pela Justiça, em janeiro.
Central clandestina
A central clandestina funcionou entre 2014 e 2015 e foi denunciada pelo promotor de justiça Mauro Zaque à Procuradoria-Geral da República. O escândalo dos grampos veio à tona em maio, em uma reportagem do Fantástico.
Foram interceptados telefones de políticos da oposição ao atual governo de Mato Grosso, advogados, médicos e jornalistas.
O crime foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque, após ele deixar o staff do governo do estado.
O esquema era operado por policiais militares por meio de um fictício Núcleo de Inteligência, numa suposta investigação sobre a participação de policiais em tráfico de drogas. Porém, a polícia pediu à Justiça a autorização para quebrar o sigilo telefônico de pessoas que não tinham nada a ver com essa apuração.
Os pedidos eram assinados pelo cabo Gerson, que na época era cedido ao Grupo de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Em maio, quando foi preso, o cabo já estava lotado na Casa Militar, e tinha entre as atribuições a tarefa de fazer a segurança do governador do estado.
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