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Agora é que são elas

Notícias dos Poderes | 09 de Julho de 2018 as 11h 32min

A semana começa em Sinop com a notícia de que 9 vereadores eleitos podem perder o mandato. A ameaça reformularia a composição do legislativo municipal, cortando a bancada de sustentação da prefeita Rosana Martinelli (PR) na raiz, trazendo instabilidade para o primeiro governo municipal comandado por uma mulher. A fundamentação? Desrespeito à legislação criada para garantir justamente a participação feminina na política.

A denúncia feita pelo Ministério Público Eleitoral diz que as coligações do PMDB e PR, na eleição de 2016, fraudaram candidaturas somente para preencher a cota de mulheres na chapa. A legislação eleitoral obriga que 30% das candidaturas proporcionais sejam do sexo feminino. Os dois partidos, que elegeram 9 vereadores – incluindo as duas únicas mulheres da atual legislatura – teriam usado candidatas “fake” para cumprir a cota.

Legalidade não se discute. A análise em questão é o efeito prático. A legislatura passada não teve nenhuma mulher eleita. Neiva da Alvorada foi quem chegou mais perto, assumindo apenas como suplente. Antes disso, na legislatura 2009-2012, tinha apenas Leozenir Severo, que não alcançou êxito eleitoral depois disso. Nessa atual formação temos duas mulheres, com histórias políticas diferentes. Professara Branca conseguiu chegar ao legislativo municipal depois de concorrer duas eleições sem sucesso, o que lhe conferiu um cargo comissionado na secretaria de Educação, que colaborou com seu capital político. Maria José foi uma surpresa, emergida da secretaria de saúde. Servidora concursada, Maria conseguiu obter votos a partir do contato positivo que cativou na sua atividade. À sua forma, cada uma delas conseguiu seu espaço político, que agora é ameaçado justamente porque seus dirigentes políticos não conseguiram encontrar mais mulheres verdadeiramente interessadas em fazer política – ou pelo menos com a expressão eleitoral que o MPE exige.

Para quem acompanha os bastidores da política, esse é um fenômeno recorrente. Todos os pleitos, dirigentes partidários buscam com sofreguidão preencher a cota mínima de mulheres. Sinop é menos problemática nesse sentido que outras cidades, mas a preocupação continua.

Nessa segunda-feira (9) pela manhã, em entrevista concedida para 93 FM, o deputado federal e candidato ao Senado, Nilson Leitão (PSDB), fez questão de frisar o tema. Ele falou justamente da dificuldade de ter quadros femininos para compor as chapas e lembrou, oportunamente, que nesse ano, além da cota de 30%, as candidatas terão obrigatoriamente, 30% da verba do Fundo Eleitoral. Um dispositivo a mais para tentar semear no público feminino, condições similares às que a hegemonia masculina encontra na política.

Que venham elas.