Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Quinta Feira 25 de Abril de 2024

Menu

‘‘Muito barulho e pouca efetividade’’

Notícias dos Poderes | 19 de Junho de 2020 as 09h 24min

Essa foi uma das frases da última postagem do Bombeiro tenente-coronel da reserva, Hector Péricles. Franco candidato à vereador de Sinop, Hector tem utilizado das suas redes sociais para, de alguma forma, tentar se manter ativo no cenário político enquanto aguarda os desfechos da sua aposentadoria pelo Estado.

Nessa postagem em específico ele tenta mostrar sua habilidade como fiscalizador – algo primordial para quem almeja uma cadeira na Câmara. Para tal, exibe um ofício do deputado federal Juarez Costa, endereçado a prefeitura de Sinop, que trata dos repasses assinalados pelo deputado para o município. Para deixar a postagem mais chamativa, o tenente-coronel da reserva carimbou o documento de vermelho com um grifado “Fake News”.

Então, lendo o texto, se percebe a “habilidade” de fiscalizador desse aspirante ao legislativo municipal. Dos R$ 9,7 milhões que Juarez destinou, o bombeiro da reserva admite que R$ 3 milhões, para uma nova UPA (Unidade de Pronto Atendimento), estão nos cofres da prefeitura. Também frisa que R$ 5,7 milhões não foram repassados para prefeitura porque, na verdade, referem-se a um convênio que será firmado com o Estado para duplicação da MT-140.

Desafiando a lógica, ele afirma: “Só a verba destinada à saúde chegou”. Ainda no seu texto, disse que não foi conferir se os recursos para o Hospital da Visão (R$ 500 mil) e para Rede Feminina de Combate ao Câncer, Refeccs (R$ 250 mil), de fato chegaram.

O “Fake News” do coronel se resume a uma visita a Apams, que conforme o documento deveria receber R$ 250 mil em emendas do deputado. Usando todo o apelo emocional da instituição, Hector disse que dinheiro prometido não chegou e que desde janeiro a entidade não recebeu nenhum repasse.

Baita fiscalizador! De um bolo de R$ 9,7 milhões olhou para R$ 250 mil – 2,5% do total – e gritou: Fake News! Nem ao menos tratou saber qual foi o obstáculo que impediu a entidade de acessar o recurso.

Se um dia Hector for vereador, e quiser desempenhar a função a contento, terá que ser mais racional e menos guiado por emoções, amizades ou febres políticas. Precisará, por obrigação do cargo, ser um fiscal do dinheiro público. É função do vereador garantir que dinheiro público seja bem gasto e não apenas onde será gasto.

Por exemplo: todo mundo concorda em destinar recursos para o Corpo de Bombeiros. Afinal, é uma instituição importante. Mas e se as pessoas descobrissem que mais da metade (40 no total) dos oficiais das mais altas patentes dos Bombeiros, como coronéis, estão em uma sub-repartição burocrática? E o custo disso, só em salários e benefícios, é de R$ 1,1 milhão por mês?

Fiscalizar o dinheiro público não é apenas ver em que gastar, mas sim como gastar. E para isso, não pode ter preguiça de trabalhar.