Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Boa noite, Terça Feira 23 de Abril de 2024

Menu

Desserviço público

Lei feita por deputada provoca uma avalanche de exames na rede pública

Alunos precisam apresentar exames de sague para renovar a matrícula

Polícia | 09 de Novembro de 2018 as 18h 38min
Fonte: Jamerson Miléski

De repente, sem qualquer aviso prévio, os postos de saúde de Sinop começaram a receber esta semana uma quantidade relativamente grande de pessoas pedindo para fazer exame de tipagem sanguínea. Um volume grande de jovens e crianças acompanhadas pelos pais para saber qual o seu tipo sanguíneo e o fator RH. A demanda estourou a capacidade da rede pública de saúde.

Segundo o secretário adjunto de saúde, Gerson Danzer, o exame de tipagem sanguínea e RH sempre esteve entre os menos solicitados. É um procedimento secundário, que não está relacionado ao diagnóstico de nenhuma doença e, portanto, não costuma ser um exame de urgência. Em geral, a estrutura que o município prepara para esse tipo de exame é somente para atender os doadores de sangue.

A demanda atípica pelo exame de tipagem sanguínea que lotou os postos de saúde de Sinop tem um culpado. Ou melhor, uma culpada: Luciane Bezerra. Em 2013, quando foi deputada, Luciane foi autora da lei 9905/2013. Essa lei determina que todas as escolas de Mato Grosso, públicas ou privadas, incluam o tipo do grupo sanguíneo e o fator RH nas fichas de matrícula de seus alunos. Para tal anotação, os alunos precisam apresentar exames que podem ser realizados nas unidades públicas de saúde ou em laboratórios particulares.

Com esse projeto de lei, Luciane obrigou o Estado de Mato Grosso, seja através do sistema de saúde pública ou pelo próprio bolso dos alunos, a pagar por 605 mil exames de sangue. Se todos os exames fossem feitos em laboratórios particulares – conforme a legislação sugere – movimentariam cerca de R$ 22 milhões.

Em Sinop são 26 mil alunos matriculados entre o ensino fundamental e médio. A rede municipal de ensino ainda não começou a exigir o exame para rematrícula dos alunos. Ainda assim, o contingente de jovens e crianças procurando pelo exame foi o suficiente para colapsar o serviço.

Na tarde dessa sexta-feira (9), a secretaria de saúde de Sinop soltou uma nota oficial informando que não possui condições hoje de atender a toda demanda e que buscará uma forma, junto a assessoria pedagógica, para realizar as coletas junto as instituições de ensino. “A secretaria informa ainda que estará providenciando esses exames de forma escalonada mediante o agendamento prévio, já que não são exames de urgência e nem necessitam de jejum para serem realizados”, relatou a nota.

Segundo Danzer, todos serão atendidos, mas não imediatamente. Isso porque o município precisa adquirir reagentes e quantidade suficiente para abastecer o laboratório municipal. “É algo que não prevíamos. Não fomos informados que a rede estadual geraria essa demanda. Agora precisamos iniciar o processo de compra dos reagentes para atender a todos os alunos”, explica Danzer.

 

Desserviço público

Luciane Bezerra foi eleita deputada estadual em 2010, assumindo sua vaga em janeiro de 2011. Em 2016 se elegeu prefeita de Juara. Luciane foi uma das deputadas filmadas recebendo propina nos vídeos apresentados na delegação do ex-governador Silval Barbosa. No vídeo ela estava recebendo R$ 150 mil.

Em junho desse ano Luciane teve seu mandato de prefeita cassada pela Câmara de vereadores de Juara. Ela foi denunciada por fraude na contratação de uma empresa para administrar os gastos com publicidade da prefeitura municipal. A empresa recebeu R$ 240 mil.

Desde então Luciane vive em uma espécie de exílio político. Deixou Juara e mora na capital do Estado.

O GC Notícias não conseguiu o contato da ex-deputada para falar do assunto.