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Sinop

Com uma plateia de servidores, deputados se posicionam sobre RGA

Silvano e Baiano Filho divergem sobre RGA, Dilmar não comparece no debate

Política | 21 de Junho de 2016 as 11h 54min
Fonte: Jamerson Miléski

Atendendo uma convocação dos vereadores, os deputados estaduais que tem Sinop como sua principal base eleitoral fizeram uso da tribuna da Câmara na sessão desta segunda-feira (20). Silvano Amaral (PMDB) e Baiano Filho (PSDB) externaram suas posições sobre o RGA (Reajuste Geral Anual) e a greve que paralisa o Estado para um plenário cheio de servidores públicos de 11 categorias diferentes. Dilmar Dal’Bosco (DEM), também foi convidado mas não compareceu, justificando a ausência com um conflito de agenda.

Antes dos parlamentares discursarem, 3 servidores do Estado fizeram uso da tribuna para pontuar as reivindicações. O funcionalismo público sustenta que o RGA é lei, que a greve é o instrumento para que o governo do Estado cumpra a lei e que os servidores não abrirão mão do reajuste de 11,28% no ano de 2016 – podendo parcelar o ganho, desde que seja retroativo à maio, data base salarial.

Teses que também foram sustentadas por Silvano Amaral. Para o deputado, nunca houve no Estado uma greve tão bem constituída, uma vez que o pleito é um direito líquido e certo. “Meu objetivo é ajudar o governo. Não vou fazer discurso para agradar ninguém e jamais vou querer que o governo dê errado. É obrigação do executivo pagar o RGA. Se não consegue cumprir com a obrigação, cabe ao governo fazer, pelo menos, uma proposta plausível”, declarou Silvano.

O deputado pontuou que o impacto do RGA nos cofres é de R$ 680 milhões no ano, enquanto no ano anterior, o efeito na folha ultrapassou os R$ 1,2 bilhão. “É uma diferença que dá para administrar”, ressaltou. Silvano listou a inércia de órgãos como o Intermat e a Sema, que ao produzirem pouco travam o Estado e ainda deixam de arrecadar recursos aos cofres públicos. “Sendo prático, o que a Assembleia pode fazer é cobrar o diálogo entre o governo e os servidores. A proposta precisa partir do governador. Os deputados estão travando a pauta e esvaziando as sessões, que é o que cabe ao legislativo. Não temos autonomia para impor que o Estado pague o RGA”, concluiu Silvano.

Baiano Filho seguiu uma postura menos incisiva, referendando a importância dos servidores ao mesmo passo que mostrava compreender as razões do governo. Em cima do muro, Baiano defendeu o diálogo entre servidores e o governo para encontrar uma solução cabível para o Estado e que satisfaça o funcionalismo. “O governo mandou toda sua equipe econômica para a Assembleia para explicar o que tem feito com relação ao RGA. Agora, na última semana, mudou a equipe. É o momento de achar uma resposta”, discursou Baiano. O deputado listou as dívidas do Estado com a União que estão em processo de renegociação – R$ 800 milhões por ano – que poderiam gerar o saldo necessário para honrar com o RGA. “Talvez a gente não faça tudo que vocês estão esperando, mas faremos o que estiver ao nosso alcance. Não vou ser oposição ao governo só para ser oposição. Vou ter uma posição de equilíbrio e defender o diálogo”, pontuou Baiano.

Dilmar Dal’Bosco não esteve presente na sessão e seu nome foi vaiado pelos servidores quando a ausência do deputado foi comunicada. Na manhã desta terça-feira (21), o deputado falou com o GC Notícias e comentou sua posição sobre o RGA. Para Dilmar, o momento exige uma grande reflexão sobre a máquina pública e as carreiras do funcionalismo público. Conforme o deputado, em 2005, a receita do Estado correspondia a R$ 2,3 mil por ano para cada habitante de Mato Grosso. Em 2015, o total arrecadado equivaleu a R$ 4 mil por habitante/ano. “Em 10 anos nossa população cresceu 30% e nossa arrecadação 170%. Mato Grosso arrecada cada vez mais e ainda assim não consegue atender as demandas do Estado. Hoje, menos de 4% do valor global arrecadado sobra para fazer investimento. Ao passo que temos uma despesa de R$ 9 bilhões por ano com folha de pagamento. É um Estado que precisa de investimento em muitas áreas e que ainda precisa administrar dívidas em dólar, contraídas para custear a Copa do Mundo. É um Estado que prometeu aumento para os professores até 2023 sem ter certeza de como será a sua economia. Talvez seja o momento de ampliar essa discussão do RGA”, ressaltou Dilmar.

O deputado enfatizou a importância dos servidores para a prestação dos serviços públicos, afirmando que “deputado é passageiro, funcionário público é estável”, e que cabe ao governo honrar com os 11,28%. “Todo governador gostaria de dar aumento aos servidores. A realidade é que hoje isso não é possível”, comentou. Dilmar citou ainda que nos últimos anos várias categorias receberam aumentos salariais consideráveis. “Eu e o vice-governador estamos em uma conversa constante com o setor do agronegócio e os frigoríficos, ação que deve resultar no aumento da arrecadação do Estado. Estamos correndo atrás de aumentar a receita para atender a greve dos servidores. É importante. Mas também é importante fazer um enxugamento da máquina para conseguir avançar em outras demandas do Estado, como saúde e segurança”, ressaltou o deputado. “Dar o aumento hoje, da forma que pedem os servidores, é extrapolar a lei de responsabilidade fiscal”, completou.

Conforme atestou o Tribunal de Contas do Estado, caso conceda o reajuste de 11,28% aos servidores do Poder Executivo, o gasto com pessoal ultrapassaria 54% da Receita Corrente Líquida (RCL). A Lei de Responsabilidade Fiscal determina gasto de, no máximo, 49% com pessoal.

Sobre a votação da mensagem encaminhada pelo governo à Assembleia, os 3 deputados tem posicionamentos diferentes. No projeto, o governo do Estado estabelece que pagará os 6% divididos em três parcelas de 2% em setembro, janeiro e abril, com data base retroativa à maio – saldo que seria quitado em maio, junho e julho de 2017. Além disso, o governo propõe quitar em maio e setembro os 5,28% que faltarão para completar os 11,28% acumulado referente à inflação de 2015.

Silvano afirmou que votará contrário à proposta encaminhada pelo Governo. Baiano relutou em afirmar sua posição, mas acompanhará a bancada do governo, aprovando a mensagem. Dilmar disse que pretende apresentar, ainda nesta terça-feira, uma emenda ao projeto. “Estamos estudando uma forma de ‘gatilho’ que garanta o pagamento dos 11,28% em sua integralidade aos servidores”, ressaltou. Os 3 deputados concordam que, dificilmente, a proposta do governo Pedro Taques (PSDB), será reprovada.