Política
Corregedor abre processo para julgar ex-presidente da Câmara
Obra executada pelo ex-presidente teve uma diferença de R$ 23 mil
Política | 17 de Março de 2020 as 16h 14min
Fonte: Jamerson Miléski
O ex-presidente da Câmara de vereadores de Sinop, Ademir Bortoli (MDB), será o alvo do processo disciplinar solicitado pelo corregedor da câmara, vereador Dilmair Callegaro (PSDB). O ofício 032/2020, de autoria do corregedor, pedindo a instalação do processo, foi lido em tribuna na sessão desta segunda-feira (16). O atual presidente, Remídio Kuntz (PL), determinou a instalação da comissão processante, que irá proceder com o julgamento do ex-presidente.
A comissão de Ética e Decoro Parlamentar – que conduzirá esse processo – deve ter 3 vereador, escolhidos através de uma eleição interna. Esses vereadores terão que apurar os fatos e responsabilidades, deliberando sobre qual será a punição – que pela legislação varia de uma simples advertência até a perda do mandato.
O pedido feito por Dilmair é resultado das investigações feitas pela Câmara de Sinop na CPI da Águia Engenharia – uma empresa que nos últimos anos executou 8 obras públicas no município. O relatório final dessa investigação apontou que a construtora causou um prejuízo na ordem de R$ 571 mil aos cofres públicos.
Uma dessas obras foi a cobertura do estacionamento privativo dos vereadores. Esse “telhado” foi contratado e pago pelo então presidente da Câmara, Ademir Bortoli. Conforme o relatório, a obra foi contratada por R$ 87,9 mil. No entanto, 172,90 m² de telhamento metálico termoacústico não foram executados. A CPI apontou uma diferença de R$ 23 mil entre o valor pago por Bortoli e o que foi de fato executado pela empresa. Essa é a acusação que caberá a comissão processante formalizar.
O que diz Bortoli
De volta à função de vereador após passar pelo cargo de Secretário de Assistência Social, Bortoli se defendeu na tribuna da Câmara. Ele disse que se não tivesse feito as reformas que contratou, o prédio da Câmara teria caído. “Não queria fazer remendos. Queria resolver o problema definitivo. Tudo o que fiz foi autorizado pela equipe técnica. Só paguei o que foi autorizado pelos fiscais da obra”, declarou.
Bortoli disse que não teve o direito de se defender ou de dar explicações durante os trabalhos da CPI. “Eu queria ter sido ouvido”, pontuou.
Para o ex-presidente a denúncia de um pagamento de R$ 23 mil para uma empresa que disputou e venceu uma licitação não justifica a abertura de uma comissão processante pela corregedoria da Câmara.
Clique para ver a íntegra da versão de Ademir Bortoli.
Histórico
Essa será a segunda vez que a atual legislatura utiliza da corregedoria para abrir um processo contra um vereador eleito. Sob a batuta do vereador Luciano Chitolina (PSDB) – atual primeiro secretário da Câmara – na época corregedor, foi aberta a comissão processante contra o vereador Fernando Brandão (SDD). Brandão acabou tendo seu mandato cassado pelos demais vereadores, sob a acusação de “Mensalinho” – exigir parte dos salários dos servidores comissionados que atuavam em seu gabinete.
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