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Operação Sorrelfa

Depois de passar a tarde com o Gaeco, Juarez concede entrevista e é recebido com aplausos

Prefeito de Sinop classificou a ação como politiqueira com objetivo de deturpar o processo eleitoral

Política | 15 de Setembro de 2016 as 21h 11min
Fonte: Jamerson Miléski

Juarez Costa, na saída da prefeitura, carregado nos ombros após a entrevista coletiva | Jamerson Miléski

Carregado nos ombros, sobre uma salva de palmas e coros de apoio. Foi assim que o prefeito de Sinop, Juarez Costa (PMDB), encerrou o dia mais tenso dos seus 2.813 como gestor do município. Pela primeira vez em sua trajetória política, Juarez foi alvo de uma operação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), órgão do Ministério Público do Estado.

A operação, batizada de Sorrelfa, foi deflagrada por volta das 12h30, cumprindo 7 mandados de busca e apreensão em Sinop e 3 em Santa Catarina, na cidade de Balneário Camboriú. Em Sinop, agentes do Gaeco efetuaram buscas no gabinete da prefeitura municipal, na secretaria de Assistência Social, em algumas empresas e na residência do prefeito, localizado no Jardim Maringá.

Juarez estava em casa quando o Gaeco bateu em sua porta. Cerca de 10 minutos antes dos agentes chegarem, dois drones sobrevoavam a residência fazendo imagens. Foi o que contou o prefeito durante a entrevista coletiva concedida às 19h dessa quinta-feira (15). “Estávamos acabando de almoçar quando ouvimos o barulho dos drones voando em volta de nossa casa, filmando e invadindo nossa privacidade. Drones que estão a serviço dos candidatos [campanha eleitoral]. Cerca de 10 minutos depois chegaram os agentes do Gaeco”, contou Juarez.

O prefeito ressaltou a educação dos agentes do Gaeco ao conduzir o mandado de busca e apreensão. Os oficiais saíram as 18h10 da residência do prefeito carregando cerca de 7 volumes, entre caixas pequenas de papelão, malotes e sacos. Segundo o advogado de Juarez, Rafael Baldasso, o Gaeco levou apenas papeis, documentos genéricos, sem nada específico. Conforme as informações, entre os documentos apreendidos estão contratos das emissoras de rádio e concessões que Juarez possui nas cidades de Mirassol, São José do Rio Claro, Juscimeira e Cláudia. O Gaeco também juntou cópia dos documentos de veículos no nome de Juarez Costa e do contrato de compra de um apartamento na cidade de Balneário Camboriú, no edifício Alexandria. “Tudo o que tenho está no meu nome e o que não está ainda, estará em abril do ano que vem que é quando eu faço minha declaração [Imposto de Renda]. Eu tenho um apartamento em Balneário Camboriú sim, que comprei com o meu dinheiro. Alguém sabe quanto eu ganho? Eu sou dono de uma rádio em Mirassol desde 2007, antes de ser prefeito. Tenho concessões de rádio em outras cidades e vou montar outras emissoras quando deixar a prefeitura. Tudo registrado e no meu nome. Se estivesse errado, estava escondido. Eu tenho um faturamento de R$ 1,5 milhão por ano [com as outras atividades além da prefeitura]. Será que eu não posso ter um apartamento que paguei com o meu dinheiro?”, desabafou Juarez, dizendo que desde 1986 passa as férias no litoral catarinense.

A entrevista coletiva teve tom de monólogo. Juarez recebeu os jornalistas e pediu para que os profissionais que estavam a trabalho dos candidatos (campanha eleitoral), deixassem o gabinete. Sentado ao lado da esposa Ivone, dos filhos Mariana e Matheus e do advogado, prefeito falou por cerca de 15 minutos e não abriu espaço para perguntas. Juarez listou – como de praxe – suas ações como gestor público e os avanços trazidos para Sinop durante seu mandato. A fala foi o ponto de partida para comparar a sua postura política com a de seus adversários. Durante toda a entrevista, Juarez deixou claro que, na sua opinião, a operação do Gaeco teve cunho politiqueiro. “No dia 15 de setembro, quando faz um ano da prisão de Silval [Barbosa, ex-governador], no mesmo dia que soltam uma pesquisa de resultado duvidoso, encomendada pela oposição, fazem uma operação e antes do Gaeco chegar minha casa já estava cercada por cabos eleitorais com drones. Passaram a tarde em frente ao meu portão esperando que eu saísse algemado. Fizeram um teatro para manchar a imagem de uma família que vive e dá seu suor por Sinop. É insuportável que isso aconteça em época de campanha eleitoral”, declarou Juarez.

 

Armação de Pedro Taques

Juarez atribuiu a ação do Gaeco à influência desonesta do governador Pedro Taques (PSDB), junto ao Ministério Público, para bagunçar o processo eleitoral em Sinop. “Estão falando desde o mês passado que iam me prender. Tem um deputado federal por Sinop que está contando com isso para vencer o processo eleitoral. Pedro Taques está enganado se acha que me intimida. Eu não me escondo atrás de uma administração passada para justificar que não fez nada. Eu peguei uma prefeitura quebrada e trabalhei, sem usar meu antecessor para justificar a incompetência de fazer”, criticou.

O prefeito foi enfático ao dizer que a perseguição, utilizando as estruturas de polícia do Estado, não vão faze-lo desistir de trabalhar, tanto na função de prefeito, até o final da sua gestão, como na posição de cabo eleitoral da candidata Rosana Martinelli (PR).

Ao final da coletiva, Juarez deixou o gabinete e saiu caminhando pelo portão que dá acesso à garagem da prefeitura. Lá encontrou um grupo de amigos e correligionários políticos que aguardavam o gestor para dar o seu apoio. Juarez foi colocado nos ombros, aplaudido e encorajado pelos presentes. “Acharam que iam encontrar uma arma na minha casa, para me prender [como fizeram com Silval], caíram do cavalo. A minha arma é deus”, declarou Juarez para seus apoiadores, que puxaram uma oração coletiva. Veja o vídeo.

 

A operação

“Operação Sorrelfa” investiga crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. O inquérito tramita em segredo de justiça. A assessoria do Ministério Público não informou qual é o objeto da investigação ou o teor da denúncia. Segundo o advogado do prefeito, é necessário que o relator do processo autorize a transmissão das informações. Uma petição já foi apresentada pelo advogado para ter acesso ao processo, mas até as 21h o judiciário não havia despachado.

Participaram da operação 35 agentes e 4 Oficiais da Policia Militar, 9 policiais civis, 2 delegados e 9 Promotores de Justiça do Estado que contam também com o apoio do GAECO de Santa Catarina.

A ação foi batizada de “Operação Sorrelfa”, palavra que no dicionário significa: “dissimulação silenciosa para enganar ou iludir; sonsice, socapa”.