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Ex-governador preso diz que Mato Grosso vive “regime de exceção”

Em interceptação telefônica, Silval criticou delatores e a forma como a justiça vem operando

Política | 21 de Setembro de 2015 as 09h 03min
Fonte: Redação com Olhar Direto

O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) – vinculado ao Ministério Público - monitorou todas as ligações telefônicas do ex-governador Silval Barbosa (PMDB) no desenrolar da operação Ouro de Tolo, que culminou na prisão de Roseli Barbosa, em 20 de agosto. Os áudios mostram a inconformidade de Silval perante a prisão da mulher. Em vários momentos ele critica a delação do empresário Paulo Cesar Lemes, que colaborou com a investigação e chega a dizer que Mato Grosso vive um “regime de exceção”. Em outro momento diz indignado que não sabe onde o país vai parar.

A partir do momento da prisão, Silval recebeu várias ligações de apoio e trocou vários telefonemas com seus advogados e assessores para tratar de estratégias da defesa, posicionamento perante a imprensa e fez questão de ligar para o filho, o cantor sertanejo Ricardo Barbosa, para informá-lo da prisão, com o intuito de evitar que o rapaz soubesse do destino da mãe por outra fonte.

Em várias ligações, Silval se queixou da delação premiada do empresário Paulo Cesar Lemes, que fundamentou a prisão preventiva decretada pela juíza Selma Rosane Arruda. A um interlocutor que mora em São Paulo, Silval criticou a ação do Ministério Público Estadual.

“Quando eu falo pra você que Mato Grosso está num regime de exceção ninguém acredita. É uma ação lá, o cara já tinha feito depoimento, nem nunca teve com ela nada, ai o Ministério Público chama ele, ameaçou tomar tudo dele, pediu para ele fazer uma delação, ele inventou um monte de mentira pra prender ela”, pontua Silval.

A outro interlocutor, que ligou para prestar solidariedade, o ex-governador fala que “delação é uma loteria premiada que esses malandro usa” (sic). Ao receber mais um telefonema de apoio, Silval volta a dizer que a delação é “sacanagem” e completa afirmando que “não sabe onde esse país vai parar”.

Essa mesma investigação do Gaeco pegou ligações de Silval com um telefone do Tribunal de Justiça, que seria do desembargador Marcos Machado, em que supostamente o ex-governador teria tentado usar de tráfico de influência para beneficiar a esposa. Também identificou ligações de Silval com o gabinete da Vice-Presidência da República, onde Silval também teria tentado agir para garantir a liberdade da esposa.

“Desses relacionamentos e fácil entrada de Silval com alguns figurões da política brasileira, que aproximamos de conversas comprometedoras no dia 25/08/2015, após a negativa do habeas corpus impetrado pela defesa de Roseli Barbosa junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Na oportunidade, Silval manteve contato com a Vice-Presidência da República, e em tese, buscou junto ao vice-presidente Michel Temes, a sua intermediação em prol do seu interesse em obter a liberdade de sua esposa”, afirma o relatório das interceptações, que se tornou público quando foi juntado aos autos na última terça-feira (15).

De acordo com o documento, as conversas de Silval com a chefe de gabinete de Miachel temer demonstram com clareza que Silval contatou a Vice-Presidência com o intuito de beneficiar Roseli no julgamento. “Senão fosse isso, por qual motivo Nara Vieira questionaria Silval se poderia falar esse assunto via telefone? E, por que Silval preferiu contatar de um telefone fixo para ligar ao fixo do gabinete de Michel Temer? E ainda, por que Nara Vieira contataria Silval quase às 23h (horário local, de Brasília) para questionar o nome completo de Roseli? Ao realizar tais questionamentos, não há dúvida que o propósito de Silval ao contatar o vice-presidente da República, não é outro senão a liberdade de sua esposa”, informa o Gaeco.