Grampos
Governador de MT defende secretário afastado do cargo pela Justiça e outros presos por grampos Pessoas sérias
Pedro Taques (PSDB) disse que discorda de decisão que mandou afastar secretário de Segurança Pública
Política | 21 de Setembro de 2017 as 15h 41min
Fonte: G1 MT
O governador Pedro Taques (PSDB) defendeu o ex-secretário de Segurança Pública de Mato Grosso, Rogers Jarbas, que foi afastado pela Justiça nessa quarta-feira (20) e passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica por suspeita de prejudicar as investigações sobre os grampos no governo do estado, abuso de autoridade, usurpação de função pública, denúncia caluniosa e prevaricação, e os militares que foram presos suspeitos de operar o esquema de escutas clandestinas em 2014 e 2015.
"Quero dizer que os coronéis Zaqueu (Barbosa), (Ronelson) Barros e (Alexandre) Lesco estão presos em razão desta investigação. Quero ressaltar que são pessoas sérias, pessoas decentes, que a sofrer este tipo de retaliação", declarou, em entrevista coletiva concedida na noite dessa quarta-feira, após o cumprimento da decisão do desembargador Orlando Perri do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT).
Zaqueu Barbosa é ex-comandante da Polícia Militar do estado e está preso desde maio. Já Ronelson Barros, ex-chefe da Casa Militar, e Alexandre Lesco, ex-secretário-adjunto da Casa Militar, foram presos em junho e desde o dia 18 do mês passado cumprem prisão domiciliar.
Taques disse na entrevista que respeita Rogers Jarbas, que estava no comando da Secretaria de Segurança Pública desde março do ano passado e que confia nele. "Quero expressar o total respeito ao profissional Rogers, respeito ao cidadão, pai de família, homem decente. Quero expressar a ele como profissional o meu mais absoluto respeito e confiança no trabalho que ele desempenha no governo de Mato Grosso", declarou. Jarbas teria tentado investigar por conta própria a conduta da delegada Alana Cardoso, da Polícia Civil, e do ex-secretário de Segurança Pública, promotor de Justiça Mauro Zaque, sem que houvesse nenhum processo administrativo e judicial e sem a competência devida para investigar delegados de polícia.
Segundo o governador, a decisão de Perri que determinou o afastamento de Rogers do cargo o pegou de surpresa. "Quero dizer que a decisão é absurda do ponto de vista jurídico, uma vez que o fato de que eu tenha me tornado político não me faz idiota e esquecer tudo que estudei", afirmou.
No mês passado, o desembargador Orlando Perri determinou que o secretário fosse investigado por suspeita de tentar atrapalhar e intimidar as equipes envolvidas na investigação comandada pela delegada Ana Cristina Feldner, da Polícia Civil.
Taques também defendeu o primo dele, o ex-secretário da Casa Civil, Paulo Taques, que passou uma semana preso por suspeita de envolvimento no caso das interceptações clandestinas, e criticou a decisão que mandou prendê-lo. "Onde se encontra o inquérito policial que investigou e deixou preso uma semana o secretário Paulo Taques? Já foi remetido para o Ministério Público, como titular constitucional da ação? Não", questionou.
Ele disse, no entanto, que a determinação seria cumprida, mas que iria recorrer dela. "Decisão se cumpre, mas não aceito perseguições aos meus secretários, não aceito recados e os recursos serão impetrados no momento e no foro devido", pontuou.
Rogers Jarbas passou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica na tarde de quarta-feira. Ele está impedido de manter contato com servidores e pessoas ligadas ao governo do estado, bem como com outros investigados por suposto envolvimento nas interceptações clandestinas feitas pela Polícia Militar, tanto por telefone quanto por WhatsApp ou quaisquer outros meios de comunicação. O celular dele também deve ser apreendido.
Ele também não deverá frequentar qualquer órgão público, principalmente os ligados à Sesp e à Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) e delegacias de polícia, e nem sair do país.
A Justiça também determinou busca e apreensão na Secretaria de Segurança Pública. O mandado foi cumprido por agentes da Gerência de Combate ao Crime Organizado nessa quarta-feira. Foram apreendidos documentos e computadores da Sesp.
Ainda não foi anunciado o nome do substituto de Jarbas no cargo.
De acordo com a decisão de Perri, as investigações apontam que Rogers Jarbas teria se valido do cargo e de sua influência enquanto integrante do primeiro escalão do governo do estado para interferir no processo que apura o crime de interceptações ilegais, tentando obter documentos sigilosos, ou constrangendo autoridades e militares e intimidando pessoas ligadas aos fatos.
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