CPI dos Alugueis
Primeiros laudos mostram grande diferença nos valores dos alugueis
Em dois imóveis avaliados, valor pago pela prefeitura é duas vezes maior que o preço de mercado
Política | 12 de Abril de 2016 as 11h 54min
Fonte: Jamerson Miléski
Os primeiros laudos de avaliação encomendados pela CPI dos Alugueis, instaurada pela Câmara de vereadores de Sinop, mostra uma grande diferença no valor dos alugueis pagos pela prefeitura e o preço de mercado. A supervalorização dos contratos não é unânime ou uniforme, no entanto, há casos em que os preços estão majorados em até 140%.
A comissão recebeu os 6 primeiros laudos de avaliação na quinta-feira (7). Eles foram produzidos por 3 empresas contratadas mediante licitação: uma de Sinop, uma de Lucas do Rio Verde e a terceira de Cuiabá. Essas empresas avaliarão os 54 imóveis locados pela prefeitura, levando em consideração o valor de mercado.
O GC Notícias teve acesso as 6 primeiras avaliações dos seguintes imóveis: sede do IFMT (Instituto Federal de Mato Grosso), sede da Secretaria de Obras, Farmácia Regional Menino Jesus, Centro de Reabilitação Dom Aquino, sede do CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e Centro de Formação da Secretaria de Educação.
Cada uma das empresas utilizou metodologias diferentes para chegar ao valor final. A mais completa utilizou como base de referência o levantamento de preços em 96 imóveis e uma fórmula de cálculo que contabiliza em suas variáveis o fator localização, o tipo e padrão da edificação, bem como o seu uso. Os valores das 3 avaliações, apesar dos métodos diferentes, não possuem grandes variações entre si.
Com os laudos em mãos, a CPI dá início a convocação das oitivas. Os imóveis cujo preço de avaliação é muito menor que o valor pago pela prefeitura serão checados. A comissão irá intimar os locadores e contrapor as avaliações apresentadas no momento da locação. O resultado da investigação será agrupado em um relatório final, com todos os apontamentos, que deve ser encaminhado ao Ministério Público.
Como funciona a locação de imóveis?
Toda vez que a prefeitura decide alugar um imóvel, ela identifica a estrutura que esteja de acordo com suas necessidades: espaço, localização, característica do imóvel, disponibilidade. Com o prédio definido, a prefeitura entra em contato com o proprietário que, caso tenha interesse em alugar para o município, precisa atender uma série de exigências. Além das documentais, o locador deve apresentar 3 avaliações assinadas por corretores profissionais registrados ou empresas do segmento imobiliário. A média dessas 3 avaliações será o preço pago pela prefeitura. Ou seja, quem dita o valor do aluguel é o proprietário do imóvel. Quem comprova que o preço justo também é o proprietário. A prefeitura apenas decide se irá pagar ou procurar por outro imóvel.
Aluguel caro, mas nem tanto
Dos 6 primeiros laudos de avaliação apresentados, 3 apresentam valores “aceitáveis” na visão dos vereadores que integram a comissão. O imóvel locado para instalação da secretaria de Obras, bastante contestado por ser um grande prédio às margens da BR-163, está compatível. A prefeitura paga R$ 27 mil por mês de aluguel. A média dos 3 laudos foi de R$ 25 mil (variação de 8%). O preço teto (máximo possível), apontado por um dos laudos, foi de R$ 29,5 mil. Logo, não terá maior atenção da CPI.
O mesmo acontece com o Centro de Reabilitação Dom Aquino, um imóvel de 930 metros quadrados no centro de Sinop. O município paga R$ 26 mil por mês. A média da avaliação foi R$ 25 mil – diferença de 4,4%. O preço teto aceito pelos avaliadores é de R$ 26,7 mil.
Entre as diferenças “aceitáveis” está o aluguel do antigo Amazônia Clube, locado pela prefeitura para instalação do IFMT (Instituto Federal de Mato Grosso). O município paga R$ 33,6 mil – um dos alugueis mais caros do município. A média dos 3 laudos é de R$ 26,3 mil, ou seja, uma majoração de 27%. É exatamente o percentual do Imposto de Renda que o proprietário de imóveis locados para o poder público deve recolher. O preço teto apontado pelos laudos para este imóvel foi de R$ 31,5 mil. O valor pago pela prefeitura ainda está acima, mas não o suficiente para suscitar dúvidas nos membros da CPI.
Alugueis “roubados”
Em dois imóveis a diferença entre o preço pago pela prefeitura e o avaliado pelas empresas contratadas pela CPI é gritante. A maior discrepância é no prédio contratado para instalação do CAPS, no bairro Village. Pelo imóvel de 450 metros quadrados a prefeitura paga R$ 12 mil por mês – R$ 26,6 o metro quadrado, preço igual ao do Centro de Reabilitação Dom Aquino. Nos laudos contratados pela CPI, a avaliação média foi de R$ 5 mil. Ou seja, o preço pago pela prefeitura é 140% maior.
O contrato de locação foi assinado pelo ex-secretário de Saúde, Francisco Specian Junior, que atualmente ocupa seu cargo de vereador. Segundo ele, o aluguel foi precedido por laudos de avaliação de empresas sérias de Sinop, que possuem rigor em determinar o preço do mercado imobiliário local.
No processo de locação do prédio do CAPS, assinam as avaliações as empresas: Imobiliária Gralha Azul, Invest Incorporadora e Imobiliária Celeste. As 3 avaliações destas empresas apontam uma média de R$ 12 mil – que é o valor do contrato firmado pelo município. “Temos nesse momento um conflito entre a avaliação que as empresas contratadas pela CPI fazem deste imóvel e as empresas que operam no mercado imobiliário de Sinop”, pontuou Francisco.
Essas mesmas 3 empresas fizeram a avaliação no ano de 2015, para a renovação do contrato. A nova média foi de R$ 14,6 mil.
Outro imóvel que apresentou majoração de valores em relação às avaliações da CPI também está na conta de Francisco. Trata-se do prédio locado para funcionamento da Farmácia Regional e Centro de Saúde do Bairro Menino Jesus, imóvel que foi objeto motivador da CPI. O município paga R$ 22 mil por mês pelo imóvel. Os laudos de avaliação entregues, por enquanto, são imprecisos.
Isso porque o contrato foi firmado para um imóvel de 468 metros quadrados. As empresas avaliaram essa metragem. No entanto, a secretaria de Saúde utiliza os dois prédios, dobrando a metragem: 936 metros quadrados.
Apenas uma das 3 empresas reformulou a avaliação, considerando a contratação “virtual” dos dois imóveis geminados. O valor apontado como sendo de mercado foi de R$ 10,8 mil. O valor pago pela prefeitura é 103% maior.
Para Francisco, a avaliação não considerou as características do imóvel. Segundo ele, o proprietário fez uma série de adequações, ajustando o imóvel às exigências do Ministério da Saúde e da Anvisa para o funcionamento de uma unidade de saúde. “Se você utilizar como base de comparação um barracão no Bairro Menino Jesus, é evidente que o valor será menor”, justificou. Assim como no caso do CAPS, Francisco citou as 3 avalições feitas antes da assinatura do contrato de locação. Assinadas por corretores (pessoas físicas), as avaliações tem uma média de R$ 27,7 mil – acima do que é pago pela prefeitura.
O último imóvel entre os avaliados é o Centro de Formação da Secretaria de Educação. Localizado no Jardim Primaveras, esse imóvel de mil metros quadrados custa para o município R$ 19,6 mil por mês. Para as 3 empresas que avaliaram o prédio, o aluguel justo é de R$ 13,2 mil. Ou seja, a prefeitura paga 32% acima do valor da avaliação.
A diferença fica menor se considerar o preço teto das avaliações deste imóvel: R$ 16,6 mil. Nesse caso a diferença cai para 16%, dentro da margem que a CPI tem ponderado como “aceitável”.
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