Olá! Utilizamos cookies para oferecer melhor experiência, melhorar o desempenho, analisar como você interage em nosso site e personalizar conteúdo. Ao utilizar este site, você concorda com o uso de cookies.

Bom dia, Quinta Feira 25 de Abril de 2024

Menu

Sinop

TJ considera loteamento industrial inconstitucional

Para desembargadora, terrenos doados para instalação de empresas não tinha interesse público

Política | 05 de Janeiro de 2016 as 11h 03min
Fonte: Jamerson Miléski

A lei 1.193/2009, que criou o LIC Norte (Loteamento Industrial e Comercial Norte), em Sinop, foi considerada inconstitucional pelo pleno do Tribunal de Justiça. A decisão, unânime, atendeu pedido do MPE (Ministério Público Estadual) que alegou violação aos princípios da administração pública e, em especial, a lei 8.666/93 que trata das licitações pelo poder público.

A relatora da Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade), desembargadora Nilza Maria Possas de Carvalho, ressaltou que a lei não preenche nenhum interesse público. “Se a lei não busca o benefício da coletividade que seria, no caso, a geração de empregos no município, um grande investimento, um grande empreendedor com recolhimento de tributos e tudo mais, mas somente permite a mudança gratuita de empresários que já estão no local para terrenos públicos, infringe-se, sem sombra de dúvidas, o princípio do interesse público, da legalidade e da impessoalidade, no meu ponto de vista”, disse a desembargadora.

Por isso, os efeitos da lei municipal não deveria vigorar diante da flagrante ilegalidade e afronta aos dispositivos legais. “Com essas considerações, ratifico o parecer escrito no que concerne a conhecer a arguição, mas no mérito o retifico e manifesto pela procedência do pedido, ou melhor, pelo reconhecimento da inconstitucionalidade da lei municipal questionada”.

O LIC Norte possui 196 lotes em uma área total de 913,6 mil metros quadrados. A ocupação começou em agosto de 2011 e deveria estar conclusa até o mês de março de 2012, o que não aconteceu. Ainda hoje existem lotes vazios ou em processo de instalação. A destinação dos imóveis foi feita mediante cadastro da Secretaria de Indústria e Comércio do município. Os empresários interessados em um lote apresentavam seus projetos na secretaria, informando o tipo de edificação pretendida, a finalidade, o volume a ser investido e o número de empregos gerados. Cabia exclusivamente a secretaria “peneirar” os projetos e definir os contemplados, levando em consideração os critérios de geração de emprego e renda.

 

Como ficam as empresas?

A decisão do TJ torna a lei que instituiu o LIC Norte ilegal. Os efeitos práticos disso ainda não estão claros. Não é possível dizer de que forma o gestor público (prefeito) e as empresas serão responsabilizados.

Segundo a procuradora jurídica da prefeitura de Sinop, Adriana Nervo, o município irá protocolar no TJ um pedido para modular os efeitos da decisão. A resposta do TJ norteará o que a administração pública deve fazer a partir de então. “O mais provável é que o Tribunal gere os efeitos a partir de agora. Não devem haver prejuízos para as empresas já instaladas. Fato similar aconteceu em Sinop com a questão do asfalto comunitário. A prefeitura ficou impedida de fazer novos projetos dessa natureza, sem prejuízo as obras e projetos já feitos”, explica Adriana.

Conforme a procuradora, a Adin é específica para LIC Norte, e não atinge o LIC Sul e demais doações de imóveis públicos para a iniciativa privada, que possuem leis específicas.