Sinop
Vereadores vão investigar rombo na saúde provocado por Oscip
Comissão especial será montada para apurar o que já foi denunciado pelo Tribunal de Contas
Política | 07 de Maio de 2019 as 10h 31min
Fonte: Jamerson Miléski

A Câmara de vereadores de Sinop fará sua própria investigação sobre a auditoria realizada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado). Na sessão de ontem, segunda-feira (6), os vereadores aprovaram por unanimidade a instauração de uma comissão especial para apurar os eventuais prejuízos causados pela Adesco (Agência de Desenvolvimento Econômico e Social do Centro-Oeste) – uma Oscip contratada pela prefeitura de Sinop em 2014 para gerir parte das suas estruturas de saúde, incluindo a UPA 24h e alguns postos de saúde. Conforme a auditoria já realizada pelo TCE, o contrato com a Adesco causou um prejuízo de R$ 11.130.480,77 aos cofres municipais.
Os discursos que precederam a aprovação da comissão especial foram agudos. O vereador Lindomar Guida (MDB), chegou a dizer que “que os culpados precisam ir pra cadeia” e “que quem roubou tem que ser preso”. Ícaro Severo (PSDB), complementou dizendo que não apenas deve ir preso, como precisa “devolver o dinheiro”.
De acordo com o presidente da Câmara, Remídio Kuntz (PR), a comissão será formada por 5 vereadores e a composição deve ser definida nos próximos 15 dias. Diferente de uma CPI, a comissão especial trabalha com um assunto mais amplo, que nesse caso será o contrato – e seu desenvolvimento – firmado com a Adesco.
Para o líder da prefeita na Câmara, Mauro Garcia (MDB), a comissão não terá muito efeito prático. “Vai contribuir com o que puder contribuir, mas na prática vai apurar uma situação que já foi levantada e está sendo processada pelo Tribunal de Contas. O ideal é que as comissões especiais sejam criadas para apurar os fatos e não depois que o fato já foi apurado”, pontuou.
Mauro também evidenciou que a atual gestão, da prefeita Rosana Martinelli (PR), tentou romper o contrato ainda em 2017, mas acabou sendo impedida pela justiça. O vereador repetiu o que já havia sido dito pela prefeita ao GC Notícias, que a gestão reteve, em dezembro de 2018, R$ 1,7 milhão do valor que deveria ter sido pago à ADESCO – em função da investigação do TCE que estava em curso.
Desde novembro de 2018 a prefeitura não possui mais nenhum tipo de contrato com a OSCIP Adesco. Atualmente a gestão terceirizada de parte da saúde é feita por uma OSS, a ISSRV (Instituto Social Saúde Resgate a Vida), contratada por um valor mensal de R$ 1.979.818,00.
Investigação do TCE
A denúncia está no relatório preliminar da auditoria realizada pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso), assinada pelo relator Isaías Lopes da Cunha.
O relatório lista apenas o que aconteceu no município de Sinop. A Oscip foi contratada em 2014 para assumir a gestão da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e fornecer profissionais para alguns postos de saúde do município.
O TCE trata como “suposto dano ao erário” o valor de R$ 11,1 milhões, dos quais, R$ 10,3 milhões seriam referentes a “taxa de administração”, cobrada pela Oscipe sem comprovação da aplicação dos recursos entre 2014 a 2017.
O relatório também cita o fato do Plano de Trabalho nº 01/2014 ter sido aditivado 24 vezes, “por meio de termos aditivos que estabeleceram metas de forma genérica”. Esses complementos resultaram em um valor acumulado de R$ 24,7 milhões - 2.270% a mais que o valor inicialmente contratado de R$ 1.088.441,00. “Da mesma forma, o Plano de Trabalho nº 02/2014 foi aditivado 23 vezes, também com metas genéricas, resultando no valor acumulado de R$ 13.640.841,91, equivalente à 3.517% superior ao valor inicial estipulado de R$ 387.790,24”, relata trecho da auditoria.
Para o conselheiro que assina o relatório, a omissão do dever de acompanhar e fiscalizar o Termo de Parceria nº 001/2014, de forma efetiva, resultou em prejuízo na avaliação da aplicação dos recursos do seu objeto e na ausência de prestação de contas dos custos operacionais e administrativos. Por isso, o então prefeito de Sinop, Juarez Costa, bem como o secretário de Saúde, os pareceristas jurídicos e técnicos e os membros da Comissão de Avaliação devem ser arrolados como responsáveis pelo dano ao erário juntamente com os dirigentes da ADESCO.
Nem mesmo a atual prefeita, Rosana Martinelli (PR), está livre. Além de efetivar os pagamentos e manter o contrato ao longo de 2017, a gestora também deu sequência à prática em 2018. “O município continuou realizando termos aditivos ao Termo de Parceria nº 01/2014, bem como realizando pagamento da taxa de administração, sem a respectiva prestação de contas, sendo que somente no período de janeiro a maio de 2018 foram realizadas despesas com custos operacionais e administrativas no valor de R$ 761,2 mil”, relata a auditoria.
Entre os indícios detectados pela auditoria há supostos desvios de recursos públicos por meio de contratações de empresas de assessoria e consultoria com vínculos ilegais, ausência de prestação de contas dos custos operacionais, superfaturamento e terceirização ilícita. O Ministério Público de contas citou como exemplo, o salário de um médico, que recebe cerca de R$ 10 mil de salário pelo município, chegava a custar cerca de R$ 50 mil aos cofres públicos por meio da Oscip.
Segundo o TCE e o Ministério Público de Contas, as irregularidades constatadas nesta auditoria configura atos de improbidade administrativa.
Quem é ADESCO?
A Adesco é uma organização social de interesse público que presta serviços em municípios do interior, como Sinop, Sorriso, Marcelândia e Nova Ubiratã, principalmente na área da saúde, na prestação de serviços em Unidades de Pronto Atendimento e Programa de Saúde da Família.
De 2010 a 2017, a Adesco movimentou mais de R$ 162 milhões em recursos públicos. Até agora, as suspeitas de irregularidades envolvem 9 municípios do interior do estado.
Notícias dos Poderes
Senado aprova projeto que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais
26 de Junho de 2025 as 08h00'Bolsonaro da Shopee' de MT se lança como candidato e desafia TSE e Alexandre de Moraes
A possível candidatura já havia sido adiantada pelo deputado Gilberto Cattani (PL) na semana passada
25 de Junho de 2025 as 15h55‘Chocho ou estéril’, relata juiz ao absolver Dorner
Ação que investigava caixa 2, compra de votos e uso da máquina pública em campanha foi julgada improcedente
25 de Junho de 2025 as 14h30CNJ realiza Inspeção no TJMT que tenta se livrar da mácula por venda de sentenças
Corregedor nacional de justiça, ministro Mauro Campbell é aguardado para inspeção que vai inspecionar atuação de desembargadores, juízes e serventias
23 de Junho de 2025 as 09h28Disputa na OAB envolve articulação do Paiaguás ao TJMT
20 de Junho de 2025 as 08h42Bancada de MT derruba veto de Lula e apoia medida bilionária que pode aumentar a conta de luz
20 de Junho de 2025 as 09h40Bortolin aposta em federação pra manter deputado Juarez Costa no MDB
20 de Junho de 2025 as 07h29Candidatos a presidente do PT fazem debate em Sinop
Encontro colocará em confronto os dois nomes que disputam a presidência do PT em Mato Grosso
18 de Junho de 2025 as 11h12