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Boi verde vira grife e aumenta lucro de pecuaristas em MT
Fazenda vira referência na produção de boi verde para o mundo
Rural | 05 de Maio de 2016 as 11h 50min
Fonte: Leandro J. Nascimento
Não é de hoje que a pecuária brasileira trava uma batalha contra seu pior inimigo. A fama de ser a principal responsável pela destruição da floresta no país vem de longa data. Historicamente, o aumento nas áreas de pastagem para a criação de gado favoreceu o desmatamento na Amazônia brasileira, onde hoje estão cerca de dois terços do rebanho do país.
Para vencer a desconfiança e as críticas, especialmente do mercado internacional, pecuaristas foram 'obrigados' a se reinventar. O modelo antigo extrativista precisou sair de cena e, em seu lugar, entrar uma pecuária integrada, que potencializa o uso dos recursos disponíveis e torna a gestão do negócio mais eficiente.
De Mato Grosso, berço da pecuária brasileira, estão saindo exemplos. O estado foi primeiro do mundo a ter propriedades de criação de gado certificadas com um dos mais valorizados reconhecimentos de produção de ‘boi verde’: o Rainforest Alliance Certified. O selo da sustentável de carne é um produto da Rede de Agricultura Sustentável, uma coalisão de vários institutos e organizações que trabalham para conservar a biodiversidade e assegurar meios de vida sustentáveis.
A proposta é que não apenas as práticas de uso do solo mudem, mas também as de negócios e reflitam diretamente no comportamento do consumidor. "Estamos conseguindo mostrar que no bioma Amazônia, onde existem várias campanhas sobre o boi como responsável pelo desmatamento, pela escravidão, tem um produto correto e socialmente justo", diz Leone Furlanetto, da Fazenda São Marcelo.
Furlanetto gerencia as quatro propriedades da São Marcelo entre os municípios de Tangará da Serra (3) e Juruena (1). Há quatro anos, todas elas conquistaram o selo internacional atestando a sustentabilidade do negócio.
O carimbo só veio após 136 critérios ambientais e sociais serem atendidos. A fazenda precisou assegurar que do nascimento ao abate, a vida dos animais era rastreada. Ainda, praticava as normas de bem estar animal e não desmatou ilegalmente. As ações com foco no gado refletiram até na melhoria de qualidade dos funcionários.
“A certificação Rainforest Alliance surgiu em 1992, mas para commodities agrícolas. Por 20 anos foi apenas agrícola. Em 2012, quando surgiu para a pecuária, fomos pioneiros [em receber a certificação]”, lembra Furlanetto. Em abril deste ano a conquista do selo internacional completou quatro anos.
As quatro unidades das fazendas São Marcelo em Mato Grosso representam a divisão do Grupo JD responsável pelas atividades pecuárias no Brasil. Além da certificação Rainforest Alliance, a fazenda foi a primeira no Brasil a conquistar a certificação de Bem Estar Animal (Certified Humane), concebida pela Ecocert Brasil.
O CEO do grupo JD no Brasil, Arnaldo Eijsink, lembra que o Rainforest Alliance Certified tornou-se sinônimo de vantagem competitiva no mercado. Na prática, animais com este ‘padrão’ são mais valorizados pela indústria. Além do preço da arroba, balizado pelo mercado, há o acréscimo de bônus sobre a produção.
Em Mato Grosso, a única indústria frigorífica também certificada com o selo Rainforest Alliance estima – ainda para este primeiro semestre - um prêmio para animais destinados à exportação de até R$ 6 a arroba.
“[A certificação] é uma mais uma ferramenta de valorização do produto. O processo é lento, mas cada vez mais vai se aprimorando para conseguirmos melhores preços de venda do produto e, assim, em contrapartida, termos melhores preços para a compra do gado também”, diz José Pedro Crespo, diretor de Confinamento e Compras de Gado da Marfrig Beef.
Indústria certificada em MT
Em 2012, quando a Fazenda São Marcelo recebeu a certificação, a Marfrig Beef, segmento de negócio de carne bovina do Grupo Marfrig, tornou-se a primeira indústria de alimentos do setor aprovada para produção de carne Rainforest Alliance Certified.
O selo foi conferido à planta de Tangará da Serra, após auditoria conduzida pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), única entidade credenciada oficialmente para outorgar o certificado no Brasil. É para esta unidade da indústria que a São Marcelo manda seus animais certificados para abater.
Para o diretor de Confinamento e Compras de Gado da Marfrig Beef, José Crespo, o esforço por uma pecuária verde não cabe apenas a um lado do balcão, mas sim a todos os elos da cadeia produtiva. “Não adianta ter só a fazenda e não ter a fábrica. Precisa ter os dois”, diz o representante.
A carne certificada que sai de Mato Grosso é vendida pela rede de hipermercados Carrefour.
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