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Artigo

Fazer hora extra ou passar a tarde em itapuã?

27 de Janeiro de 2023 as 16h 09min

Esta semana começamos uma série de artigos em um novo tema: bem-estar e produtividade, duas coisas que muitos profissionais querem. Mas será que é possível estar saudável e feliz e ao mesmo tempo produzindo o melhor de si no trabalho?

Ainda adolescente, estava na casa de uma amiga em Cuiabá quando ouvi Tarde em Itapuã pela primeira vez. As palavras de Vinicius de Moraes e a música de Toquinho me levaram para aquele paraíso completo com uma praia idílica, água de coco e palavras de amor. As cenas desta canção desenrolam-se até hoje em minha mente quando penso em um dia de perfeito relaxamento. O que mais me encanta não é a ideia deliciosa de esquecer o olhar entre o sol e o mar, mas a total ausência de pressa. Ninguém tem hora marcada para voltar para o escritório e fazer reunião em Zoom.

O mundo já deu muitas voltas desde 1971, quando Tarde em Itapuã foi lançada. Se lá pelos idos de 70 Itapuã já era um sonho, hoje mais parece uma impossível alucinação. As pessoas correm pra lá e pra cá com seu celular, que seguram com empenho até mesmo quando estão na praia, distraídas e atarefadas ao mesmo tempo. As imagens da canção de Vinicius e Toquinho estão cada vez mais distantes do nosso dia-a-dia, exiladas em alguns míseros dias de férias.

Como fomos cair nessa arapuca?

Como na síndrome do sapo fervido, a água da nossa panela cultural foi gradualmente aquecida e não percebemos. Fomos ficando imunes a horas mais longas no trabalho, mais pressão para produzir, para consumir ou nos ajustar a padrões de beleza e felicidade que só existem no mundo imaginário das redes sociais. Ao mesmo tempo, somos estimulados a não dormir, a comer mal, ficar mais sedentários. Tudo isso está levando nossa sociedade a um nível de doença física e mental inusitado.

A água da minha panela ferveu em 2021. Em meio à pandemia, trabalhando intensamente e em isolamento, acabei hospitalizada. O susto teve resultados positivos. A ficha caiu: não existe produtividade sem bem-estar. Não dá pra trabalhar da cama do hospital.

Voltando à tarde em Itapuã

Lá naquele ponto do horizonte, onde o céu toca o mar, está aparecendo uma luz. Décadas de pesquisas científicas começam a acumular evidências fartas e confiáveis sobre a importância da saúde e do bem-estar como base para a produtividade. O sono, a redução do estresse, a nutrição limpa e de qualidade, a hidratação, o exercício físico, a meditação, a respiração correta, os bons relacionamentos e o contato com a natureza não são desperdício de tempo. São investimentos na nossa capacidade de focar, criar, resolver problemas, liderar, e viver uma vida plena.

Aprender a viver melhor, sem ter de escolher entre produtividade e bem-estar

Se por um lado as redes sociais são um canal de consumismo e radicalização, com discernimento elas também podem ser canais de informação, colocando os últimos avanços da ciência ao alcance de qualquer pessoa que tenha um celular, acesso à Internet e o interesse de aprender a cuidar da sua própria saúde e produtividade. Cresce o número de blogs e podcasts de cientistas e profissionais da saúde que compartilham conhecimento atualizado sobre saúde e produtividade. Esses profissionais também promovem uma nova atitude, com foco na qualidade do trabalho e não na quantidade; na busca de hábitos para uma produtividade inteligente, que tem o bem-estar como base.

O valor do bem-estar do trabalhador para a empresa

Às vezes a nossa preferência pela informação visual nos prega peças. Se vemos alguém trabalhando longas horas e intensamente cremos que essa pessoa é produtiva. Mas isso nem sempre é o caso. Será que está tomando as melhores decisões? Será que está criando as melhores alternativas para solucionar problemas complexos? Será que está tratando bem as pessoas ao seu redor? Ao contrário do que os nossos sentidos podem preferir, vários estudos indicam que o bem-estar facilita a produtividade e a eficiência no trabalho.

E você? Como vai o seu bem-estar e sua produtividade?

Se quiser se aprofundar mais no assunto, aqui vão algumas sugestões de leituras:

Por Que Nós Dormimos: A Nova Ciência do Sono e do Sonho, de Matthew Walker.

Respire: A Nova Ciência de Uma Arte Perdida, de James Nestor.

A Dieta da Longevidade: Para uma vida saudável até os 110 anos, de Valter Longo.

Comer para Vencer Doenças: As novas evidências científicas de como o seu corpo é capaz de se curar, de William Lee.

Muita produtividade e bem-estar para você!

Na semana que vem: A incrível conexão entre o bom sono e os vários aspectos da nossa saúde e produtividade. Até lá!

Beatriz Coningham

Liderança e carreira

*Beatriz Coningham é doutora em Desenvolvimento de Recursos Humanos pela George Washington University em Washington, D.C., e presidente da empresa de consultoria Habilis Global.