Milagre
Declarado morto, bebê volta a respirar após 20 paradas cardíacas e surpreende família
Enrico Doriquetto chegou a ser declarado morto pelos médicos após não responder a tentativas de reanimação
Geral | 30 de Julho de 2025 as 10h 42min
Fonte: Revista Crescer

O pequeno Enrico Doriquetto, de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, tem apenas 1 ano, mas já passou por muitas batalhas. O menino nasceu com uma cardiopatia congênita e, no início de julho, precisou passar por uma cirurgia. Após o procedimento, quando pais finalmente puderam respirar aliviados, o menino teve complicações e sofreu mais de 20 paradas cardíacas, chegando a ser declarado morto. Ele ficou cerca de uma hora incosciente até perceberem que ele ainda respirava.
Enrico foi muito desejado. "De 2020 até 2023, nós perdemos três gestações. Engravidamos do Enrico em novembro de 2023. Minha esposa, Eliza, é diabética tipo 1 e renal crônica, então, era uma gravidez de risco. A gente já sabia da possibilidade de ele não nascer, de ela falecer ou de vir um neném com algum tipo de problema genético", diz Evandro Doriquetto, 38, nutricionista e pai de Enrico, em entrevista exclusiva à CRESCER.
A gravidez não foi fácil e Eliza passou por uma cesárea de emergência com cerca de sete meses de gestação. "Em uma consulta de rotina, o médico percebeu que ela estava muito inchada e estava prejudicando ela e o bebê. Nós brigamos, dizendo que tinha só sete meses, mas o médico disse: 'Não tem problema. Ou você tira agora ou você vai morrer'", lembra Evandro. Eliza foi internada no hospital imediatamente e Enrico nasceu em 3 de maio de 2025.
Como nasceu prematuro, o pai explica que eles não tiveram tempo de fazer o ecocardiograma fetal, exame que identifica cardiopatias durante a gravidez. Por isso, os médicos não sabiam da malformação no coração de Enrico. "Assim que nasceu, ele apresentou alguns sintomas de cansaço, muito sono", diz.
O bebê foi internado na UTI Neonatal para investigação e, dias depois, os pais foram informados que ele tinha uma cardiopatia rara chamada duplo ventrículo direito, também conhecida como dupla via de saída do ventrículo direito — quando os dois vasos principais do coração saem do ventrículo direito, dificultando a oxigenação adequada do corpo. "Foi uma notícia péssima para nós. Nós choramos muito por medo dele morrer", lamenta o pai.
Preparação para a cirurgia
Enrico logo começou a receber uma medicação, mas os pais já foram avisados que ele precisaria passar por uma cirurgia no futuro, para corrigir o fluxo do sangue no coração e garantir que o corpo receba oxigênio suficiente. "A médica falou que deveria esperar ele ganhar um peso para operar, porque ele era prematuro. De acordo com os cardiopediatras que estavam acompanhando, o ideal era realizar a cirurgia até 2 anos de idade", afirma Evandro.
Depois da alta, eles mantiveram um acompanhamento muito próximo para se certificar de que Enrico estava se desenvolvendo bem. "Enrico sempre ganhou peso, pouco, mas ganhava todo mês e estava crescendo normalmente. Por isso, não precisou operar com urgência", diz. No início deste ano, o médico recomendou a cirurgia e os pais começaram com os preparativos.
Então, em 4 julho, Enrico foi operado. "Já sabíamos dos riscos cirúrgicos, qualquer cirurgia tem risco, mas o próprio médico nos disse que era uma cirurgia rápida e que o Enrico sairia muito bem, que era muito saudável e ia corrigir o problema dele", conta.
"A médica olhou para nós e disse: 'Seu filho morreu'"
Tudo foi como o planejado e, após a cirurgia, o garotinho voltou para o quarto, foi extubado, estava se alimentando bem — parecia que o procedimento tinha sido um sucesso. A rápida recuperação de Enrico estava surpreendendo até os médicos. No entanto, cerca de dois dias depois, em 6 de julho, ainda em observação no hospital, ele teve uma piora súbita.
"Eu estava no quarto. O Enrico teve quatro paradas cardiorrespiratórias. O coração dele parou de funcionar quatro vezes, todas muito rápidas, uma atrás da outra, demorava em torno de 20 segundos. A equipe toda se mobilizou, conseguiu reanimá-lo e o entubou", lembra o pai. Os médicos não sabiam o que estava acontecendo e seguiram investigando.
"Das 18h às 3h da manhã, foram 19 paradas cardíacas, todas contadas pelos médicos e por mim. Eu estava presente e assisti todas. Foram 19 seguidas, tinha uma, dava 10 minutos tinha outra, dava uma hora tinha mais três... A última parada durou 12 minutos", conta. Em um momento, como Enrico não estava mais respondendo às tentativas de reanimação, a médica resolver parar. "Ela olhou para nós e falou: 'A gente fez de tudo para salvar o Enrico. Mas não tem mais o que fazer. Acabou, seu filho morreu'. Então, começou a desconectar os aparelhos e desligou tudo da tomada. Aí o desespero bateu. A gente viu que não tinha mais jeito, realmente acabou", recorda.
Eles pediram uma autópsia para entender o que tinha acontecido com o filho e continuaram no quarto, com Enrico, para se despedirem. Eliza permaneceu com o filho e Evandro saiu para avisar os familiares de que o menino tinha falecido. "Quando eu voltei, depois de quase uma hora, percebi que ele estava respirando. Eu chamei a médica e ela falou: 'Isso é normal, são efeitos de gases'", lembra. Mas, o pai seguiu insistindo que Enrico estava respirando. "Quando ela colocou o estetoscópio para ouvir o coração dele, viu que realmente ainda tinha respiração. Ela falou: 'Pai, seu filho está vivo'", afirma.
Rapidamente, a médica pegou o menino que estava no colo da mãe e o reconectou nos aparelhos. "Quando ela ligou, o coração estava dando 110, oxigenação 100 e pressão 10 por 8. Ela ficou louca", conta. Chamaram o cardiologista novamente, que fez mais um exame no menino e finalmente descobriu que a cirurgia havia causado um bloqueio de sangue no coração e ele precisaria de um marcapasso — um pequeno dispositivo eletrônico implantado para controlar os batimentos do coração, enviando impulsos elétricos quando ele está muito lento ou irregular.
"Ele está perfeito"
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_19863d4200d245c3a2ff5b383f548bb6/internal_photos/bs/2025/8/d/tyLZmQRFAUMRTamP92bg/whatsapp-image-2025-07-22-at-15.00.50.jpeg)
Enrico foi levado para uma cirurgia de emergência. Os pais sabiam que era arriscado, mas se mantiveram esperançosos. "Depois que saiu da cirurgia e foi para a UTI, teve outra parada cardiorrespiratória, que durou 10 minutos. Os médicos disseram que ele não iria aguentar dessa vez. Perdemos o chão", diz Evandro. Os pais continuaram tendo fé de que o filho superaria mais esse obstáculo e pediram para que os amigos, familiares e seguidores nas redes sociais mandassem boas energias. "Ele movimentou o Brasil inteiro numa corrente de oração. Todo mundo fazendo campanha pela recuperação dele", conta.
Contra todas as expectativas médicas, o coração de Enrico voltou a bater. O menino permaneceu em observação no hospital e foi extubado em 13 de julho. "Hoje, ele está fazendo tudo o que uma criança faz: comendo comida de panela, brincando, mas ainda está bem debilitado, muito fraco. Não aguenta muita brincadeira, está muito confuso ainda, mas o médico falou que é normal", explica.
Enrico precisará de reabilitação, mas não teve nenhuma sequela grave. "Ele fará 10 sessões de fisioterapia para ajudar na fala e com o movimento de uma das pernas, mas o médico disse que está quase lá. Eles também estão regulando as vitaminas e os remédios do coração que ele vai precisar, mas é esperado que tenhamos alta logo. De resto, o Enrico é 100% normal, o neurológico está normal, tudo perfeito", finaliza o pai.
Cardiopatias congênitas
As cardiopatias congênitas são as anomalias congênitas mais comuns ao nascimento. Estima-se que a cada 100 bebês nascidos vivos, 1 nasce com algum tipo de defeito estrutural no coração. Isso representa cerca de 29 mil novos casos por ano no Brasil, segundo o Ministério da Saúde.
As cardiopatias congênitas são alterações na formação do coração e dos grandes vasos que ocorrem ainda na fase embrionária, durante a gestação. Essas alterações podem comprometer a oxigenação adequada do organismo e, se não identificadas precocemente, podem levar a complicações graves nos primeiros dias, semanas ou meses de vida.
O diagnóstico pode ser feito ainda durante a gestação, por meio da ecocardiografia fetal, exame indicado para todas as gestantes, mas principalmente quando há alterações no ultrassom morfológico, histórico familiar de cardiopatias ou fatores de risco maternos, como diabetes ou uso de medicamentos teratogênicos. Em geral, as cardiopatias são identificadas entre a 24ª e a 28ª semana gestacional, quando é recomendado fazer o ecocardiograma fetal.
Em casos em que o exame não foi realizado na gravidez, o diagnóstico pode ser realizado no berçário, com evidência de sinais e sintomas sugestivos, e com a realização do teste de oximetria de pulso, conhecido como teste do coraçãozinho, que é fundamental. Esse exame, obrigatório por lei em todo o território nacional, deve ser feito nas primeiras 24 a 48 horas de vida e pode indicar a necessidade de investigação com ecocardiograma.
Após o nascimento, alguns sinais de alerta merecem atenção:
- Cianose (coloração arroxeada na pele, lábios ou unhas)
- Dificuldade para mamar
- Suor excessivo
- Dificuldade de ganho de peso
- Sopros cardíacos detectados na ausculta
O diagnóstico precoce, o tratamento adequado e o apoio às famílias que convivem com essa condição, sempre com muito acolhimento, é fundamental para um desfecho adequado.As famílias que recebem o diagnóstico de uma cardiopatia congênita enfrentam desafios emocionais, logísticos e, muitas vezes, financeiros. Por isso, o acompanhamento multidisciplinar, com equipe composta por cardiopediatra, cirurgião cardíaco, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais, é essencial.
Ainda hoje, muitas crianças com cardiopatias congênitas recebem o diagnóstico tardiamente, o que pode comprometer a eficácia do tratamento. Conscientizar profissionais de saúde, pais e cuidadores sobre os sinais clínicos e a importância do rastreio precoce é uma das ferramentas mais poderosas que temos para mudar essa realidade.
A maioria das cardiopatias congênitas pode ser tratada, seja por meio de medicações, procedimentos intervencionistas ou cirurgias cardíacas. Crianças com cardiopatias podem sim ter um desenvolvimento dentro da normalidade e levar uma vida saudável quando recebem assistência adequada desde o início.
Notícias dos Poderes
Servidoras investigadas receberam até R$ 63 mil de salário no TJ
Eva da Guia Magalhães Silva é analista judiciário e Cláudia Regina Dias, chefe de divisão
30 de Julho de 2025 as 22h32Chegada de 33 novos peritos médicos dobra capacidade da perícia do INSS em MT
Os novos servidores integram a primeira leva de nomeações do concurso público realizado em fevereiro, após 15 anos sem contratações.
31 de Julho de 2025 as 06h40TCE-MT e TJMT realizam Seminário Internacional de Direito Financeiro e Tributário
Eventos está marcado para os dias 3 e 4 de novembro, na Escola Superior de Contas
30 de Julho de 2025 as 20h10Professora da UFMT abandona conferência de saúde após prefeito de Cuiabá vetar uso de pronome neutro
Abilio Brunini (PL) teria se incomodado após Maria Inês da Silva Barbosa dizer que
30 de Julho de 2025 as 20h01STJ assume investigação sobre esquema de R$ 21 milhões no TJ
A Corte é responsável por processar pessoas com foro especial, como magistrados
31 de Julho de 2025 as 07h51Alvos movimentaram mais de R$ 33 milhões entre 2019 e 2023
Dados foram repassados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) à Polícia Civil
31 de Julho de 2025 as 07h30Agrônomo morre após capotar carro ao desviar de ema
João Victor de Oliveira Fernandes tinha 23 anos; acidente aconteceu nesta quarta em Sorriso
30 de Julho de 2025 as 19h47