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Segurança da barragem

Eletrobras faz reparos no subsolo da Usina de Colíder após MP apontar falhas críticas na estrutura

Medida marca começo da segunda etapa de intervenções para garantir a segurança da barragem

Geral | 09 de Outubro de 2025 as 21h 41min
Fonte: Redação G1-MT

Foto: Copel

A Eletrobras informou nesta quinta-feira (9), por meio de nota, que realiza reparos com injeção de material no subsolo da Usina Hidrelétrica de Colíder, em Itaúba, a 599 km de Cuiabá. A medida marca a segunda etapa de intervenções para garantir a segurança da barragem.

A usina está sob nível de "alerta" desde agosto deste ano em razão de inúmeras falhas estruturais no sistema de drenagem que podem levar a um risco de ruptura da barragem, conforme investigação do Ministério Público estadual.

A empresa disse que finalizou a fase de diagnóstico técnico na usina e que contratou empresas e especialistas que realizaram testes com diferentes equipamentos.

"Durante esse período, o reservatório permanece sem previsão de novos rebaixamentos. A usina segue estável e em operação, seguindo padrões de segurança e sob acompanhamento dos órgãos de controle e fiscalização", disse, em nota.

Na segunda-feira (6), o morador Valdecir da Silva mostrou que o Porto Santo Expedito está completamente seco após o rebaixamento do nível do reservatório da usina (assista acima).

Ele disse que não tem mais água no porto e não há nenhum barco porque os pescadores respeitam o período de piracema, que já está em vigor no estado.

"As balsas estão todas sem acesso ao rio. Não tem mais água. Isso fazia tudo parte do alagado. O pessoal descia o barco e seguia Teles Pires adentro", afirmou.

Em fato relevante divulgado ao mercado financeiro, a Eletrobras informou que de 70 drenos que integram o sistema da usina, quatro sofreram danos desde a compra do ativo. Os drenos são estruturas que permitem que a pressão da água sob a barragem seja escoada de maneira adequada.

Com isso, a usina reduziu o nível do reservatório para verificar as falhas nos drenos e aliviar a pressão sobre a estrutura. Contudo, essa medida gerou danos ambientais, como a morte de 1.500 peixes, alteração da qualidade da água, comprometimento da biodiversidade aquática e semiaquática, e prejuízos à fauna migratória.

O rebaixamento do reservatório comprometeu a atividade pesqueira, o turismo regional e o comércio local, segundo o MPMT, que citou um impacto no setor entre R$ 10 e R$ 12 milhões por ano. A medida também afetou eventos culturais tradicionais, como o “Fest Praia” e o “Viva Floresta”, além de dificultar o acesso das comunidades ribeirinhas ao rio, prejudicando seu modo de vida.

"A Usina de Colíder foi responsável pela morte de mais de 52 toneladas de peixes no rio Teles Pires (50.000 em 2014 e 2.000 em 2018, sendo que em 2017 a quantidade não foi determinada). Verificados riscos sociais, em face de problemas estruturais da hidrelétrica, há também prejuízo correspondente à perda material, com reflexos na pesca, comercialização e utilização como alimento", destaca a promotora de Justiça Graziella Salina Ferrari.

Ao g1, o procurador de Justiça Gerson Barbosa explicou que a recomendação do plano leva em conta o potencial risco de rompimento.

"Uma medida para a gestão de riscos e restauração das características naturais do rio. Caso, futuramente, se chegue a conclusão acerca da insustentabilidade da hidrelétrica, o plano já estará pronto, ganha-se tempo e diminuem-se os riscos sociais e ambientais", explicou.

Mortandade de peixes registrada após rebaixamento de nível — Foto: MPMT

Mortandade de peixes registrada após rebaixamento de nível — Foto: MPMT

Na ação, o Ministério Público ainda pediu a revisão da licença ambiental pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

No documento também foi pedido a atualização dos planos de emergência e contingência, a criação de canais de comunicação com a população, a implementação de sistemas sonoros fixos de alerta e a cobrança antecipada de R$ 200 milhões para assegurar a reparação dos danos já constatados e daqueles que ainda possam surgir.

A Usina

Localizada no Rio Teles Pires, a usina tem potência de 300 megawhatts e reservatório de 168,2 km² de área total e 94 km de comprimento.

MP dá prazo de 120 dias para Usina de Colíder apresentar plano de desativação — Foto: Copel

MP dá prazo de 120 dias para Usina de Colíder apresentar plano de desativação — Foto: Copel

Em operação desde 2019, ela abrange os municípios de Cláudia, Colíder, Itaúba e Nova Canaã do Norte.

No estado, há 142 usinas hidrelétricas em operação, entre pequenas, médias e grandes; e suas barragens.

Troca de ativos

Responsável pela construção da Usina de Colíder entre 2011 e 2019, a Copel Geração e Transmissão transferiu a gestão para a Eletrobras, em maio deste ano.

Na ocasião, a Copel deu como contrapartida a usina e um pagamento de R$ 196,6 milhões após ajustes previstos no contrato, como o recebimento de dividendos de Mata de Santa Genebra Transmissão (MSG).

Já a Eletrobras, na troca de ativos, cedeu a MSG e a Usina de Mauá. Conforme mostra a imagem abaixo.