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Bom dia, Sexta Feira 14 de Novembro de 2025

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Efeito Zampieri

Ex-presidente da OAB-MT é apontado pela PF como intermediário em esquema de venda de sentença

Ussiel Tavares teria atuado como elo entre doleiro paulista e advogado assassinado em Cuiabá; operação apura propinas pagas em dólares a magistrados e assessores

Geral | 13 de Novembro de 2025 as 20h 06min
Fonte: Unica News

Foto: Divulgação

O advogado e ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT), Ussiel Tavares, é citado pela Polícia Federal como possível intermediário em um esquema de compra e venda de decisões judiciais que envolveria tribunais de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e o Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A investigação faz parte da Operação Sisamnes, deflagrada em maio de 2025, e surgiu a partir das apurações sobre o assassinato do advogado Roberto Zampieri, ocorrido em dezembro de 2023, em Cuiabá.

De acordo com informações publicadas pelo Estadão, Ussiel teria atuado como emissário em transações financeiras entre o doleiro Surrey Ibrahim Mohamad Youssef, de São Paulo, e o próprio Zampieri, apontado como peça central do esquema. Mensagens de WhatsApp recuperadas pela PF mostram trocas diretas entre os dois.

Em uma delas, Zampieri escreveu: “Oi, tem uma pessoa lá no escritório dele tentando entrar. Será que já é seu emissário?”. Ussiel respondeu: “Procura quem lá? Puxa vida, fala o nome só”.

Segundo o relatório da Polícia Federal, Ussiel Tavares teria intermediado encontros e repasses de valores relacionados a processos em trâmite no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) e no STJ. As investigações apontam que os pagamentos eram feitos de forma fracionada e periódica, com o objetivo de dificultar o rastreamento das operações financeiras.

Durante as diligências, os agentes encontraram altas quantias em dinheiro vivo, dólares e ouro, especialmente em uma casa de câmbio ligada ao doleiro Surrey, em São Paulo. A PF descreve as movimentações como parte de um sistema estruturado de propinas destinado a beneficiar magistrados e servidores do Judiciário.

O relatório da PF, assinado pelo delegado Marco Bontempo, detalha que Surrey operava um “sistema bancário paralelo” em dólares, usado para sustentar o circuito financeiro ilícito. “Surrey era responsável por operacionalizar o sistema bancário paralelo que viabilizava a circulação clandestina dos valores ilícitos”, afirma o documento, que tramita sob a supervisão do ministro Cristiano Zanin Martins, do Supremo Tribunal Federal (STF).

As mensagens interceptadas também indicam que parte das propinas era paga em moeda estrangeira e entregue pessoalmente a Zampieri ou a seus intermediários na capital paulista. As apurações da Operação Sisamnes seguem em curso e investigam o envolvimento de advogados, doleiros e integrantes do Judiciário em um esquema que pode ter movimentado milhões de reais.

Até o momento, Ussiel Tavares não se manifestou publicamente sobre as acusações.