Escandâlo na gastronomia
Grupo diz que investiu R$ 2,8 milhões e acusa chef de estelionato
Advogados e empresários dizem que foram atraídos por oferta de sociedade no restaurante Brasido
Geral | 25 de Abril de 2025 as 07h 52min
Fonte: Mídia News

Um grupo formado por empresários e advogados formalizou na Polícia Civil, em dezembro do ano passado, uma representação criminal contra o chef de cozinha Fernando Mack, acusando-o de estelionato.
Eles alegam que o chef ofereceu participação societária no restaurante Brasido, que funciona no Shopping Estação, em Cuiabá, e recebeu um total de R$ 2,8 milhões.
O restaurante foi inaugurado em dezembro de 2022. Desde então, segundo o grupo, Mack se recusou a formalizar a sociedade, prestar contas da movimentação financeira e distribuir os lucros do empreendimento.
Com base nas representações criminais, as quais o MidiaNews teve acesso exclusivo, o delegado Bruno Mendo Palmiro, titular da Delegacia Especializada de Estelionato de Cuiabá, instaurou um inquérito e está ouvindo as partes envolvidas. Segundo apurou a reportagem, o chef de cozinha deve prestar depoimento nesta sexta-feira (25).
Os denunciantes são o advogado Pedro Paulo Peixoto da Silva Junior (que investiu R$ 250 mil); o advogado Gabryel Stayt Albaneze e sua esposa, a empresária Sinaira Marcondes Moura de Oliveira Albaneze (R$ 847,7 mil); o professor Flávio Henrique dos Santos Foguel (R$ 276,6 mil e um imóvel); e a empresária Darci de Souza Iponema Brasil (R$ 500 mil).
Outras duas supostas vítimas, o advogado Marcelo Ambrósio Cintra (R$ 250 mil) e o empresário Carlos Diogenes Ghiorzi (R$ 750 mil), também prestaram depoimento. Este último decidiu formalizar a representação criminal contra o chef na própria Delegacia.
"Resta claro que o Sr. Fernando utilizou-se de má fé para induzir as partes envolvidas em erro, oferecendo sociedade de um restaurante, recebendo vantagem econômica e após atingir seu objetivo deixou de atender as pessoas envolvidas", escreveu Flávio Foguel na representação.
A primeira sociedade informal
De acordo com os documentos, Flávio Foguel foi o primeiro a firmar um contrato informal de sociedade com Fernando Mack, ainda em meados de 2020. Ele relatou que conhecia o chef desde 2015 e investiu R$ 276,6 mil para adquirir 15% das cotas do restaurante.
Flávio também afirma que atuou na criação da marca, no projeto arquitetônico e no plano de marketing do empreendimento. Sua esposa, Fernanda Moreira Rondon Foguel, chegou a trabalhar na cozinha do restaurante.
O casal também atuou como fiador na liberação do allowance — mecanismo que permite ao locatário realizar obras no imóvel com recursos do locador — oferecendo um imóvel como garantia.
“A frustração, o sentimento de termos sido enganados e o desgaste emocional que eu e minha esposa enfrentamos foi extremo, levando-nos a desistir de continuar no projeto Brasido. Procurei Fernando Mack em julho de 2024, avisando-o da decisão e esperando que ele honrasse o pagamento dos valores devidos, o que não foi feito. Diante do exposto, requeremos providências de investigação criminal para que outras pessoas não caiam no mesmo golpe”, disse na representação.
Novos "sócios"
Foguel foi quem apresentou o advogado Pedro Paulo Peixoto da Silva Junior a Fernando Mack, em setembro de 2022, após ser comunicado sobre a entrada de novos investidores, entre eles Gabryel Albaneze, sua esposa e Carlos Ghiorz.
Na ocasião, segundo o inquérito policial, Fernando ofereceu a Pedro Paulo 10% de participação societária em troca de um aporte financeiro de R$ 500 mil.
O advogado afirma ter investido R$ 250 mil por 5% das cotas, sendo que os outros 5% foram comprados pelo seu sócio, Marcelo Ambrósio Cintra, pelo mesmo valor.
“Após a efetivação dos depósitos, o comunicante encaminhou e-mail para o Sr. Fernando com o protocolo de intenções para assinatura. No entanto, até a presente data não recebera a sua via assinada, mesmo após insistentes cobranças”, relatou Pedro Paulo na representação.
"O Sr. Fernando manteve a conduta de não prestar contas dos valores recebidos e despesas realizadas pelo Brasido Restaurante, e muito menos distribuir lucros, agora sob alegação da mudança do sistema e dificuldade em adequar um sistema em relação ao outro. Afirmava que o problema seria solucionado e que os 'sócios' poderiam ir consumindo no restaurante para depois fazer um encontro de contas entre o consumo e a divisão dos lucros, e assim fora feito aguardando a referida prestação de contas", relatou o advogado.
R$ 847 mil investidos
Gabryel Stayt Albaneze e sua esposa, Sinaira Marcondes Moura de Oliveira Albaneze, dissem ter investido R$ 847,7 mil e eram considerados sócios majoritários do restaurante, com 28% das cotas. Eles fecharam o acordo informal com Fernando em dezembro de 2021, após contratá-lo para consultoria e ele condenar o ponto comercial em que eles haviam locado para abrir um outro restaurante.
Segundo Gabryel, Mack garantiu que os únicos sócios seriam ele, sua esposa e Flávio Foguel. Porém, em junho de 2022, disse ter sido surpreendido com a inclusão de Diógenes Ghiorzi, filho de Carlos Ghiorzi.
Às vésperas da inauguração, ele disse que soube da entrada de Pedro Paulo e Marcelo Cintra. Já em abril de 2023, descobriu a participação de Darci Brasil — inicialmente negada por Mack.
“Passados meses após a inauguração do restaurante, os representados, sempre que questionados, a cada momento criavam uma justificativa diferente para não prestarem contas e não formalizarem o contrato social, chegaram a afirmar – inventado – que não prestavam contas porque o sócio Pedro Paulo seria inimigo do representante Gabryel em razão de divergências políticas na OAB-MT”, relatou o advogado.
A gota d'água, segundo Gabryel, foi ele ter sido barrado em um evento no restaurante em outubro de 2023. Desde então, ele relatou que intensificou as cobranças, que nunca foram atendidas. A esposa dele, que travalhava no RH do Brasido, pediu as contas.
Em maio do ano passado, Gabryel disse que passou a procurar os outros sócios para tentar resolver a situação, e em julho, assinou um acordo com o advogado de Mack, que se comprometeu a devolver R$ 1,2 milhão do investimento, referentes ao valor depositado, mais juros e correção. O acordo não foi cumprido, disse.
"Ludibriada"
A empresária Darci Brasil relatou ter sido convidada por Mack a investir no restaurante em março de 2022, por ser entusiasta da gastronomia. Ela e o então marido, Crispim Iponema Brasil, aportaram R$ 500 mil em troca de 10% da sociedade. Posteriormente, foi informada que teria direito a apenas 8%, e depois 5%, após iniciar um processo de divórcio.
Com a inauguração se aproximando e diante da resistência em formalizar o contrato, Darci passou a exigir maior transparência. “Fernando Mack sempre usava subterfúgios para enganar a noticiante”, escreveu na representação.
Ela afirmou ainda que não tinha conhecimento da existência de outros sócios até descobrir, por meios externos, que havia ao menos três. Segundo Darci, o chef criavam situações para impedir que os investidores se conhecessem e chegavam a inventar desavenças entre eles.
"Está evidente nos relatos supra que houve dolo dos Noticiados. Afinal de contas, esses ludibriaram a Noticiante para lhes darem dinheiro em prol da promessa de uma sociedade que em verdade jamais ocorreria. Uma conduta completamente orquestrada, com o único objetivo de, através de um meio fraudulento, obter vantagem para si em prejuízo alheio", disse a empresária no documento formalizado à Polícia Civil.
"Espero que a Justiça seja feita"
Em depoimento à Polícia Civil, o empresário Carlos Diogenes Ghiorzi, disse ter investido R$ 750 mil, pagos em várias parcelas, através de Pix e boletos de despesas da obra do restaurante.
“Que o declarante irá realizar um levantamento de todos os comprovantes de pagamentos realizados para Fernando Mack, referente ao investimento no Restaurante Brasido, e estará encaminhando via email funcional desta subscritora para fins de juntada nos autos”, disse.
“Que o declarante quer consignar que espera que a justiça seja feita e Luiz Fernando pague pelo que fez e repare os danos causados a todos os envolvidos/vítimas desta situação”, acrescentou.
O grupo pede a condenação de Fernando Mack pelo crime de estelionato, bem como a devolução de todo dinheiro investido, de forma atualizada.
Outro lado
O chef Fernando Mack e seu advogado foram contatados pela reportagem, para se posicionarem a respeito das acusações. Até a edição desta matéria, nenhum posicionamento de defesa foi enviado à redação. O espaço segue disponível.
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