Polêmica
Professora da UFMT abandona conferência de saúde após prefeito de Cuiabá vetar uso de pronome neutro
Abilio Brunini (PL) teria se incomodado após Maria Inês da Silva Barbosa dizer que
Geral | 30 de Julho de 2025 as 20h 01min
Fonte: Redação G1-MT

A professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Maria Inês da Silva Barbosa abandonou a Conferência Municipal do Sistema Único de Saúde (SUS), realizada em um hotel de Cuiabá, nesta quarta-feira (30), após o prefeito Abilio Brunini (PL) vetar o uso de pronome neutro.
A discussão teve início após a professora dizer que "a saúde é para todos, todas e todes", antes mesmo de realizar a palestra. Em seguida, Abilio perguntou se podia fazer um pedido à professora e começou o discurso.
"Aqui no nosso município, na nossa gestão, a gente não trabalha com pronome neutro, nem com doutrinação ideológica. Durante a minha gestão, não vou aceitar a manifestação de pronome neutro. Se a senhora não se sentir à vontade em fazer uma apresentação que discuta a saúde de Cuiabá sem doutrinação ideológica e sem manifestação de pronome neutro, eu vou suspender a apresentação", afirmou.
Na sequência, a professora reforçou o posicionamento sobre saúde para todos e disse que não seria necessário o prefeito retirá-la porque ela mesma ia se retirar.
"Quando eu falo de equidade, eu tenho que falar de todos, todas e todes porque essas pessoas querem ser ouvidas. Não tennho como falar do acesso universal igualitário a todas as ações e serviços de saúde, sem me referir a todos, todas e todes. O senhor não vai precisar me retirar da sala porque eu me retiro", finalizou.
O g1 tentou entrar em contato com a professora, mas não tinha conseguido até a última atualização desta reportagem.
Em nota, a Prefeitura de Cuiabá informou que não será permitido o uso de linguagem neutra em eventos e espaços institucionais patrocinados pelo Poder Executivo Municipal. A medida se baseia no compromisso com a preservação da norma culta da língua portuguesa e na neutralidade ideológica das ações públicas.
"O prefeito reforçou que todas as pessoas têm espaço garantido na gestão municipal, independentemente de raça, orientação sexual, religião ou posicionamento político. No entanto, destacou que manifestações ideológicas, de qualquer vertente, não devem interferir na condução técnica das políticas públicas nem na linguagem adotada nas ações oficiais do Executivo", diz trecho da nota.
Linguagem neutra
Esse tipo de comunicação é adotado a fim de incluir membros da comunidade LGBTQIA+, como pessoas trans, não-binárias ou intersexo, que não se identificam como homem ou mulher, para que se sintam representados na sociedade.
De acordo com a norma padrão da língua portuguesa, o papel de pronome neutro no plural é feito pelo artigo masculino. Por exemplo, se um grupo de pessoas é composto por homens e mulheres, mesmo que majoritariamente feminino, pode-se referir às pessoas do grupo como "eles" ou "todos".
Por isso, vestibulares ou concursos públicos que exigem a usa da norma culta da língua não permitem o uso do gênero neutro.
Mas, apesar de não ser padrão ou oficial, não significa que a aplicação da linguagem neutra seja errada (a menos que expressamente especificada). Ou até que ela não vai ser oficializada em algum momento.
Em entrevista ao g1 em 2022, Jonathan Moura, que é professor de língua portuguesa, disse que não é impossível que a linguagem passe a integrar o idioma futuramente, mas alertou que isso depende da adesão pública.
"Uma linguagem precisa ser praticada para se manter viva, ou, neste caso, viver. Só assim ela passa a fazer parte do cotidiano das pessoas", afirmou.
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