Caso Internacional
Em busca de diagnóstico para doença, mulher descobre que o verdadeiro pai era médico de clínica de fertilidade
Resultados de teste de DNA apontavam que médico utilizou o próprio esperma nos procedimentos, repetidas vezes e sem consentimento
Política | 28 de Outubro de 2025 as 07h 30min
Fonte: Extra Globo

Summer McKesson, de 43 anos, teve dificuldade para respirar durante anos. Quando buscou apoio médico para identificar do que se tratava, a americana foi diagnosticada com duas doenças genéticas, uma delas era a Síndrome de Marfan. A americana, então, realizou um teste genético e, a partir dele, descobriu que não era filha biológica do seu pai, e sim de Charles Henry Peete Jr., um médico de fertilidade que atuava no Hospital da Universidade de Duke (EUA).
A Síndrome de Marfan é uma doença hereditária que afeta o tecido conjuntivo, as fibras responsáveis por sustentar e ancorar órgãos e outras estruturas do corpo. Summer recebeu a primeira suspeita do diagnóstico durante uma cirurgia, quando o médico percebeu que o tecido conjuntivo que dava suporte aos seus órgãos era excessivamente elástico e anormalmente frágil. Após consultar um geneticista, McKesson teve a confirmação: tanto a síndrome quanto o distúrbio de coagulação tinham origem genética.
Summer não tinha um panorama completo do histórico de saúde da família, já que seu pai faleceu quando ela ainda era adolescente. Por isso, não conseguia entender de onde teria vindo a síndrome. Ao realizar um teste de DNA, descobriu que tinha sete meio-irmãos. A revelação deu início a uma busca por respostas sobre sua ancestralidade e a origem de seus problemas de saúde.
Sua mãe, moradora de Fayetteville, havia recorrido a Charles Henry para tratamentos de fertilidade décadas antes. Os resultados apontavam que Peete utilizou o próprio esperma nos procedimentos, repetidas vezes e sem consentimento, enquanto as pacientes acreditavam que os doadores seriam residentes da faculdade de medicina da universidade, por exemplo.
"No fim das contas, o mais difícil de assimilar, quando comecei a juntar as peças, foi perceber que eu era fruto de um crime, que eu era o resultado de um estupro médico", disse ela à CNN.
Charles Henry morreu em 2013, aos 89 anos. Ele se formou na Faculdade de Medicina de Harvard em 1947 e, conforme o obituário público, concluiu residência em obstetrícia, ginecologia e endocrinologia antes de aceitar um cargo como professor assistente e médico na Duke em 1956. O caso de Summer se mistura a vários outros nos EUA, conhecidos como "fraude de fertilidade", que é quando um médico esconde a verdadeira origem do esperma ou dos óvulos de doadores, muitas vezes usando sua própria amostra para engravidar uma paciente.
Um ano e meio após descobrir sobre o seu verdadeiro pai, Summer está focada em contar a sua história e tentar garantir que o que aconteceu com sua família não aconteça novamente com mais ninguém.
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