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Comércio

China deixa de comprar soja dos EUA, e agricultores veem Brasil como principal ameaça

Chineses não compram a soja americana desde maio. Produtores dizem que América do Sul está dominando o mercado

Rural | 07 de Outubro de 2025 as 15h 21min
Fonte: Redação G1

Foto: Divulgação

Os agricultores de soja dos Estados Unidos enxergam o Brasil como a principal ameaça à exportação do país para a China, segundo associações do setor.

Os chineses suspenderam as compras de soja dos EUA em maio. Em abril, a China impôs uma tarifa de 20% sobre o produto, em retaliação às medidas comerciais adotadas pelo então presidente Donald Trump.

A safra atual dos EUA começou em setembro, e não houve vendas para a China até agora. O cenário tem rendido protestos dos agricultores norte-americanos.

A Federação de Fazendeiros dos Estados Unidos (American Farm Bureau Federation) informou que, entre junho e agosto, os EUA quase não venderam grãos para a China, enquanto o Brasil bateu recordes de exportação no mesmo período.

“É um sinal de como a América do Sul passou a dominar o mercado e a substituir os produtores norte-americanos”, afirma a federação, que também destaca a Argentina como concorrente importante.

“As importações de soja da China não estão diminuindo; na verdade, atingiram níveis recordes. Mas a maior parte dessa demanda agora está sendo atendida por concorrentes”, acrescenta.

 

Em setembro, a Associação Americana de Soja cobrou o governo Trump por um acordo de comércio com a China e também apontou Brasil e Argentina como substitutos do produto norte-americano para os asiáticos.

“A China é a maior compradora de soja do mundo e nosso maior mercado para exportação. Os Estados Unidos não fizeram nenhuma venda da nova safra de soja para a China”, afirma a associação.

“Isso permitiu que outros exportadores — Brasil, e agora a Argentina — conquistassem esse mercado, em prejuízo direto aos agricultores dos EUA.”

Um mês antes, a mesma associação alertou Trump, em carta, que o setor estava "à beira de um precipício comercial e financeiro" e não conseguiria sobreviver à disputa comercial com seu maior cliente.

Trump deve socorrer o setor

Dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) confirmam as preocupações do setor.

Em um relatório divulgado em 26 de setembro, o departamento destaca que a China comprou do Brasil mais de 10 milhões de tonelada da soja, por mês, e bateu recordes de importação do grão brasileiro.

Com a safra do Brasil chegando ao fim, Pequim se voltou, então, à Argentina e ao Uruguai para compensar a paralisação da importação da soja americana.

Para tentar reduzir os prejuízos dos agricultores, o governo Trump deve anunciar nesta semana um pacote de ajuda ao setor. Segundo a CNN, o valor pode variar entre US$ 10 bilhões e US$ 14 bilhões.

A soja é o principal alimento exportado pelos EUA, segundo a Associated Press, com cerca de 14% do total. A China é a maior cliente e tem comprado, nos últimos anos, 25% de toda a soja americana.

O secretário do Tesouro, Scott Bessent, disse à CNBC na quinta-feira passada que haveria notícias sobre um “apoio substancial” aos agricultores, especialmente os produtores de soja, nesta terça-feira (6).

Na véspera, Trump publicou em sua rede social críticas à China e prometeu apoio aos produtores.

“Os agricultores de soja do nosso país estão sendo prejudicados porque a China, por motivos apenas de ‘negociação’, não está comprando”, escreveu Trump.

“Ganhamos tanto dinheiro com tarifas que vamos usar uma pequena parte desse dinheiro para ajudar nossos agricultores”, acrescentou.

Trump também disse que terá uma reunião nas próximas semanas com o presidente chinês, Xi Jinping. “A soja será um dos principais temas da conversa”, disse ele.

O encontro deve ocorrer durante a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, marcada para o fim de outubro, na Coreia do Sul.