Missão
Documento vai nortear planos do agro brasileiro para Angola
Comitiva de produtores rurais do Brasil prepara lista de diretrizes para futuros projetos de investimento no país africano
Rural | 09 de Maio de 2025 as 16h 09min
Fonte: Por Rafael Walendorff — Cacuso (Angola)

A comitiva de produtores rurais brasileiros que está em Angola nesta semana para conhecer o potencial produtivo local e as áreas que autoridades angolanas selecionaram para concessão vai formular um documento com detalhes sobre o interesse em investir no país africano e com uma lista das garantias jurídicas e financeiras que consideram necessárias para isso. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, vai entregar a proposta de parceria bilateral ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 23 de maio, data em que Lula receberá o presidente angolano João Manuel Lourenço, em Brasília.
A ideia é que a proposta formal possa embasar a estruturação de um convênio oficial entre os governos dos dois países. Na avaliação dos integrantes da comitiva, isso daria respaldo e segurança para um projeto de aumento da presença de brasileiros na produção agrícola em Angola. “Se construirmos um tratado que incentive produtores brasileiros a produzirem também aqui em Angola, eles vão ampliar suas áreas, comprar equipamentos, máquinas e serviços do Brasil”, disse Fávaro. “Eles vão transferir dividendos para o Brasil do que ganharem em Angola e gerar oportunidades, riquezas e renda também aqui”, acrescentou.
O ministro ressaltou que Angola tem um mercado de 37 milhões de pessoas e que deve dobrar de tamanho até 2050. O grupo vai elaborar o documento quando retornar ao Brasil. A peça deverá informar o número de produtores que pretendem obter terras na África, o tamanho estimado da área de interesse e o volume de produção que estimam para determinado prazo. Ainda não houve definição dos termos, mas há consenso entre os produtores de que será necessário propor algo “grande” para que o projeto seja transformador para o país. Há sugestão para ocupação de
500 mil hectares.
A proposta vai listar ainda as contrapartidas necessárias para os investimentos dos produtores em Angola. Há uma preocupação com a instabilidade política e econômica do país e com potenciais impactos disso sobre o câmbio, com reflexos na capacidade de importação de insumos, por exemplo.
Também estará no documento a regulamentação do uso de biotecnologia. Hoje, a produção agrícola angolana baseia-se em materiais convencionais. Como há potencial para a produção de sementes nas terras altas das províncias do país, a comitiva brasileira quer a garantia de que poderá plantar organismos geneticamente modificados.
O documento deverá sinalizar também o montante de recursos necessários para os investimentos. Além disso, a peça apresentará sugestões de mecanismos de financiamentos, como a participação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e instituições financeiras e de Fomento africanas.
O produtor rural Gilson Pinesso ressaltou a importância de um acordo bilateral, entre Estados, para garantir segurança à iniciativa. Em 2009, ele implantou um projeto de produção agrícola no Sudão a convite do governo local, no nordeste da África. Pinesso cultivou 30 mil hectares de algodão, além de milho e feijão.
Com as tensões políticas que culminaram na divisão do país em 2012, e sem o apoio governamental ou a parceria de mais produtores, ele precisou encerrar o projeto em 2016. “O sucesso do projeto no Sudão foi grande, produzimos dez vezes mais que os sudaneses. Mas, em 2012, aconteceu a divisão. O petróleo que sustentava o país ficou no Sudão do Sul, e o do Norte, onde tínhamos a produção, foi perdendo recursos de moeda forte. Em 2016. já não tinha conversão da moeda local por dólar ou euro”, explicou.
Sem divisas, ele não conseguiu mais importar insumos da Ásia e encerrou a atividade. “O projeto não fracassou por incompetência nem inviabilidade, mas por causa dessa circunstância. Para [o produtor] vir para Angola, é necessário que haja um arcabouço entre governos que dê sustentação jurídica”, concluiu.
Entidades de produtores de Mato Grosso e Bahia devem assinar o projeto. A ideia dos produtores é incluir no documento um compromisso formal com o desenvolvimento social das comunidades locais a partir da possível implementação do projeto de ocupação agrícola no futuro. A intenção é reservar uma parcela das propriedades para ceder aos moradores nativos da região para cultivo de culturas tradicionais, com apoio no manejo.
A embaixadora do Brasil em Angola, Elizabeth Barthelmess, disse que a inclusão desse fator social será determinante para o sucesso da iniciativa. A discussão desse acordo pode ser o resultado mais importante da visita presidencial no fim de maio, destacou.
Tarcísio Sachetti, produtor rural em Itiquira (MT), é um dos integrantes da comitiva que está no país africano. “Vamos trazer 40 anos de experiência do Brasil e podemos fazer muito por Angola. Podemos fazer muito para ajudar essas pessoas, além de ser oportunidade, sem dúvida”, disse
Notícias dos Poderes
Carne bovina de MT atinge maior valor de exportação desde 2022
Com preço médio de mais de US$ 4 mil por tonelada, carne bovina mato-grossense registra o maior valor de exportação desde outubro de 2022.
13 de Junho de 2025 as 13h5485% dos produtores de soja e milho cumprem exigências para crédito rural
Levantamento com 166 mil imóveis rurais mostra que maioria dos produtores de grãos da região atende aos critérios exigidos
12 de Junho de 2025 as 07h41Indústrias mantêm projeção de safra de soja no Brasil em 169 milhões de toneladas
Esmagamento segue projetado em 57,5 milhões de toneladas
11 de Junho de 2025 as 08h00Governo de MT declara emergência zoossanitária após confirmação de caso de gripe aviária em Campinápolis
Com o decreto, Indea pode adotar medidas emergenciais e o uso de recursos a serem aplicados nas ações necessárias para contenção de focos da infecção
10 de Junho de 2025 as 14h49Exportação de carne bovina avança 33,5% e a de aves recua 12% em junho
Números da Secretaria de Comércio Exterior também mostram números da proteína suína
10 de Junho de 2025 as 10h14Taxação de LCAs desestimula investidores e impacta crédito rural, diz CNA
Cobrança de 5% de IR para pessoas físicas é uma medida que traz
09 de Junho de 2025 as 16h40Ministério garante que foco em MT não altera prazo para retomada de exportações
09 de Junho de 2025 as 15h06Indea adota medidas para conter circulação de gripe aviária em Campinápolis
Instituto reforça que não há risco para saúde humana e frangos e ovos podem ser consumidos
09 de Junho de 2025 as 07h50