Levantamento
Acesso fácil e desinformação: o que explica o aumento de envenenamentos no Brasil
Entre 2015 e 2024, SUS registrou mais de 45 mil atendimentos provocados por intoxicação proposital ou acidental
Saúde | 03 de Novembro de 2025 as 09h 14min
Fonte: Isto é

Um levantamento do SUS (Sistema Único de Saúde) revelou que, entre 2015 e 2024, o número de atendimentos causados por envenenamento atingiu a marca de 45.511. Segundo a Abramede (Associação Brasileira de Medicina de Emergência), além dos envenenamentos não intencionais, 3.461 internações ocorreram por intoxicação oscasional, provocada por terceiros.
Com base na série histórica, estima-se uma média anual de 4.551 casos de envenenamento no período. Isso equivale a aproximadamente 379 ocorrências por mês ou cerca de 12,6 por dia. De forma prática, significa que, a cada duas horas, uma pessoa precisou de atendimento emergencial por intoxicação.
Comércio ilegal é pivô de envenenamentos
Conforme apuração do Ministério da Saúde, 560 pessoas foram criminosamente envenenadas, sendo 15 mortas somente no primeiro semestre de 2025. O número é o maior da série histórica e demostra um aumento de 9% em relação ao ano anterior, 2024, que teve 513 casos nos seis meses iniciais.
Por meio da internet, o comércio ilegal de substâncias intoxicantes é um dos pontos crucias para o fácil acesso e aumento expressivo no número de casos de envenenamento. Mas a internet não é o único meio de comércio desses produtos: a venda na rua também acelerou o processo, o que enfatiza o acesso a produtos cada vez mais fortes, sem que o vendedor, muitas vezes, alerte o consumidor sobre possíveis danos.
Os casos de conduta criminal ganharam repercussão nos últimos anos. Em 23 de outubro, a Polícia Civil de Santa Catarina prendeu dois suspeitos de envolvimento no caso de suposto envenenamento de refrigerante que acometeu 11 servidores do Pronto-Socorro Central de Santa Cecília.
De acordo com os policiais, os funcionários consumiram as bebidas adulteradas em uma confraternização da empresa. Uma mulher, identificada como tia de um funcionário da unidade de saúde, teria levado uma garrafa de dois litros com a bebida supostamente contaminada. Ambos continuam presos.
Outro episódio que ganhou repercussão foi o da sucessão de crimes por envenenamento que a universitária Ana Paula Veloso Fernandes cometeu. A “serial killer” teria envenenado e matado o dono de um imóvel, uma amiga que conheceu em aplicativo de relacionamentos, o pai de uma ex-colega de faculdade e o namorado tunisiano.
Ana Paula permanece presa desde julho. A criminosa envenenou e matou essas quatro pessoas com a ajuda da irmã gêmea. A filha de uma das vítimas estaria envolvida em apenas uma morte — a do próprio pai.
Intoxicações têm origens diferentes
Atividades do trato doméstico, como higienizar o banheiro com misturas indiscriminadas de produtos de limpeza, e o consumo de medicamentos misturados são causas comuns de intoxicação acidental.
O uso impensado de alguma medicação com efeito colateral, a ingestão de álcool misturado a outras substâncias e os danos causados contra si mesmo, onde o uso passa a ser intencionalmente letal, são as formas mais frequentes. Sedativos, antidepressivos, analgésicos, herbicidas e pesticidas entram para a lista de substâncias perigosas, caso sejam utilizadas ou consumidas de forma desregulada.
Quais são os sintomas?
Dependendo da substância à que o indivíduo é exposto, os sintomas variam entre amnésia, confusão mental e sonolência excessiva. Em casos de sintomas fisiológicos, é comum, na fase inicial da intoxicação, a pessoa apresentar náuseas, vômito, diarreia, sudorese, palpitação e alteração da fala.
Como a saúde mental entra nisso?
O dano intencional contra si mesmo, impulsionado por doenças mentais como depressão, ansiedade e transtornos de personalidade não devidamente acompanhados, pode levar à morte por meio de medicações mais fortes, como antidepressivos e antipsicóticos em altas doses.
Desinformação e descuido
O público masculino se expõe mais a mortes violentas e a causas externas, de forma intencional ou não, como por exemplo, afogamento e uso combinado de álcool com outras substâncias. A internet facilita o comércio ilegal de produtos tóxicos e a desinformação agrava o cenário.
Como se prevenir
As crianças são um dos grupos mais atingidos por envenenamento. A Abramede registrou 7.204 casos de crianças de 1 a 4 anos que tiveram quadros de intoxicação. Manter os produtos de limpeza em locais mais altos, não ingerir bebidas de origem duvidosa, cuidar da saúde mental e pesquisar antes de utilizar qualquer substância passível de envenenamento são cuidados essenciais para a prevenção de danos na saúde e até a morte.
“O que me incomoda é a falta de uma regulamentação efetiva de compra e venda, ou talvez restringir o número por pessoa física. Existe a necessidade de uma regulamentação estatutária [para prevenir intoxicações e evitar envenenamentos propositais]”, disse Guido Bergamin, do Comitê de Toxicologia da Abramede, à IstoÉ.
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