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Bom dia, Terça Feira 17 de Junho de 2025

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Testes

Coração humano é cultivado em embrião de porco – que sobreviveu por 3 semanas

Saúde | 17 de Junho de 2025 as 08h 16min
Fonte: Galileu

Foto: Divulgação

Pela primeira vez na história, cientistas conseguiram cultivar corações contendo células humanas dentro de embriões de porco geneticamente modificados. Os fetos sobreviveram por 21 dias e, durante esse tempo, seus coraçõezinhos chegaram a pulsar.

Apesar de o estudo ainda não ter sido revisados por cientistas independentes, os resultados já foram apresentados na Reunião Anual da Sociedade Internacional de Pesquisa com Células-Tronco, que aconteceu entre 11 e 14 de junho, em Hong Kong. O projeto foi conduzido por pesquisadores dos Institutos de Biomedicina e Saúde de Guangzhou, na China.

Modificação genética

O experimento queria testar a capacidade de gerar órgãos humanos dentro de outras espécies, para, assim, viabilizar a produção de tecidos em laboratório. Os especialistas acreditam que essa abordagem pode ser uma solução alternativa para lidar com a escassez global de órgãos para transplante.

Basicamente, a abordagem para o desenvolvimento das “quimeras humano-animais”, como são conhecidos esses doadores, envolve a criação de embriões que não possuem alguns dos genes necessários para produzir um órgão específico, como o coração. Células-tronco humanas são, então, injetadas nos fetos, na esperança de que elas formem esse tecido.

Vários cientistas pelo mundo têm utilizado esse método para cultivar células musculares e vasculares humanas em embriões de porcos. “Os porcos são uma espécie doadora adequada porque o tamanho e a anatomia de seus órgãos são comparáveis aos dos humanos”, afirmou Lai Liangxue, biólogo responsável pelo projeto, durante a apresentação dos resultados, segundo destaca a revista Nature, que primeiro divulgou a novidade.

A equipe de Liangxue já havia cultivado rins humanos em estágio inicial em embriões suínos. Nesse estudo anterior, os fetos sobreviveram por até um mês em porcas prenhas. A ideia, agora, era verificar se resultados semelhantes seriam possíveis para o coração.

Coração humano em um porco

Para testar sua hipótese, os pesquisadores modificaram geneticamente embriões de porco desativando dois genes cruciais para o desenvolvimento do coração. Em seguida, eles injetaram células-tronco humanas aprimoradas para sobreviver e se multiplicar nos embriões em um estágio inicial conhecido como “mórula”, logo após a sua fertilização.

Em sequência, os embriões foram implantados em porcas substitutas. Após três semanas, os cientistas descobriram que os corações embrionários haviam atingido o tamanho esperado para um coração humano naquela fase de desenvolvimento, e que estavam batendo.

Como as células humanas haviam sido marcadas com um biomarcador luminescente, os responsáveis indicam que a sua identificação foi facilitada. No entanto, a equipe não informou qual proporção do coração era composta por células humanas.

Em seu trabalho anterior, desenvolvendo rins em porcos, os pesquisadores calcularam que 40 a 60% do tecido renal era composto por células humanas. O restante ainda era composto por células suínas, demonstrando certas limitações existentes dentro das técnicas do estudo.

Xenotransplantes

Embora o cultivo de órgãos humanos gerados por meio de quimeras ainda pareça ser uma possibilidade distante, os transplantes de órgãos de porcos em humanos já são uma realidade. No Brasil, por exemplo, a USP já cultiva porcos para este fim, e planeja fazer testes com humanos nos próximos anos.

Só em 2025, cerca de seis pessoas receberam xenotransplantes de rins, corações, fígados e timo. No entanto, vale salientar que esses procedimentos foram concedidos por motivos compassivos, o que significa que os receptores estavam gravemente doentes e sem outras opções de tratamento, e a maioria sobreviveu por apenas alguns meses.

Para que os xenotransplantes se tornem amplamente disponíveis, ensaios clínicos completos são essenciais. Mas, para isso, é necessária a aprovação das agências regulatórias, que, por vezes, ainda observam na questão um impasse ético e moral.